Por Benjamin Y. Fong

John Womack Jr (eds. Peter Olney and Glenn Perušek)

Labor Power and Strategy

PM Press, 2023

Labor Power and Strategy, o novo livro editado por Peter Olney e Glenn Perušek, oficialmente visa fornecer “perspectivas racionais, radicais e baseadas na experiência que ajudem a direcionar e executar campanhas inteligentes, estratégicas e eficazes pela classe trabalhadora”. Mas, ao final, é difícil evitar a suspeita furtiva de que Olney e Perušek têm um objetivo diferente: deixar claro o quão longe o movimento trabalhista está de ter uma discussão estratégica sobre seu impasse atual.

O livro é organizado em torno de uma entrevista com o economista e historiador John Womack sobre duas necessidades gêmeas: a de uma análise dos pontos fracos (ou “pontos de gargalo”) nas tecnologias industriais contemporâneas; e a do movimento trabalhista explorar essa análise de modo a causar disrupção e ganhar poder com isso. Womack apoia as lutas de todos os trabalhadores para se organizarem por melhores condições, mas ele acredita que o movimento trabalhista deve se concentrar não em elevar o terreno para os grupos de trabalhadores “mais oprimidos”, mas sim em trabalhadores e indústrias onde é possível ganhar o tipo de poder para colocar a classe capitalista de joelhos. Em suas palavras, o movimento trabalhista “precisa saber onde estão as conexões industriais e técnicas cruciais, as junções, as interseções no espaço e no tempo, para ver o quanto os trabalhadores do fornecimento ou da transformação podem interromper, bloquear; onde e quando em suas lutas eles podem parar a expropriação capitalista de mais-valia”. Para fazer isso de forma eficaz, ele recomenda uma análise contínua da rede, ou “escavar”, para revelar as emendas vulneráveis ​​no tecido das cadeias de suprimentos modernas — os lugares onde portos, ferrovias e armazéns se encontram e, portanto, onde a produção e a distribuição podem ser efetivamente bloqueadas.

O poder sindical antes da década de 1930 era extraído principalmente do conhecimento técnico, ou da posição específica de certos grupos de trabalhadores na economia e do poder que ela oferecia. A American Federation Labor (AFL) era, portanto, uma organização autolimitada na época, e assumiu o desafio do Comitee of Industrial Organizations (CIO) para superar seu comprometimento com essa limitação. No entendimento comum, em vez de poder por meio do conhecimento técnico dos trabalhadores, o CIO buscava e ganhava poder no “ponto de produção”. Para Womack, essa ideia era “um erro na época, mas agora é usada de forma ignorante e irrefletida”.

Em geral, em uma economia definida nacionalmente, em qualquer indústria, em qualquer fábrica onde há divisões técnicas de trabalho, não há um ponto de produção, mas vários, múltiplos pontos, conectados, coordenados no espaço e tempo para fazer a produção, não um ponto, mas como Dunlop [John Dunlop, cujo Industrial Relations Systems influenciaram muito as visões de Womack] chamou, uma “teia”, ou como é melhor chamá-la agora para fins de análise, uma rede.

Para Womack, os principais organizadores do CIO, como Wyndham Mortimer, entenderam bem que não havia um único “ponto” no qual o poder poderia ser obtido. O CIO sabia que tinha que descobrir onde as coisas se conectam, “onde elas são materialmente mais fracas, talvez fortes politicamente, legalmente, comercialmente, culturalmente, talvez protegidas e defendidas, mas tecnicamente mais fracas”, e o desafio hoje é fazer o mesmo para uma economia logística desindustrializada.

Womack é envolvente e ágil na conversa, o que torna a entrevista uma leitura agradável, mas seus pontos básicos são muitas vezes aqueles que a esquerda trabalhista das gerações anteriores teria achado diretos e incontroversos. Aqui segue Womack discutindo o poder dos trabalhadores:

Não importa o que deixa os trabalhadores bravos, infelizes, indignados, abusados, isso não tem qualquer importância se eles não puderem obter um poder real sobre a produção, um poder para tornar sua luta eficaz. Você não obtém esse poder meramente por sentimentos. Você o obtém ao manter a força de cortar o ganho dos capitalistas. E sem esse poder material, sua luta não o levará muito longe por muito tempo.

Ao que imagino que os líderes do CIO responderiam: “Sim, obviamente”.

A entrevista é seguida por dez respostas de figuras de destaque do movimento trabalhista, que fazem as afirmações de Womack parecerem tudo menos óbvias. Em vez de pensar junto com Womack ou estender suas afirmações em várias direções, a maioria das respostas discorda da prioridade que ele concede ao “poder estratégico técnico” e aos tipos de trabalhadores que estão em posição de exercê-lo.

Katy Fox-Hodess, Jack Metzgar, Joel Ochoa e Melissa Shetler discordam de diferentes maneiras da priorização de Womack do poder estratégico sobre as “formas de poder que advêm aos trabalhadores como resultado de sua organização coletiva em sindicatos, conselhos de trabalhadores e similares” — nos termos do sociólogo Erik Olin Wright, sua ênfase no “poder estrutural” sobre o “poder associativo”. Fox-Hodess afirma que “o poder estratégico (ou poder estrutural) está profundamente enraizado no poder associativo”; Metzgar afirma que Womack não percebe “a impraticabilidade de focar estritamente em posições estratégicas que podem derrubar as relações de poder capitalistas”. Todos os quatro concordam que o movimento trabalhista não pode, de forma alguma, deixar de priorizar o cultivo do poder associativo.

Bill Fletcher Jr e Jane McAlevey apresentam uma crítica relacionada, mas ligeiramente diferente: que o foco de Womack em indústrias estratégicas faz um desserviço aos trabalhadores em indústrias supostamente não estratégicas. Fletcher, em uma contribuição reveladoramente intitulada “Should Spartacus Have Organized the Roman Citizenry Rather Than the Slaves?” [Deveria ter Spartacus Organizado os Cidadãos Romanos em vez dos Escravos?], acredita que os setores da sociedade que já estão em luta devem ser apoiados, em vez daqueles que são ostensivamente mais estratégicos. McAlevey, por sua vez, afirma que apenas “o preconceito de gênero de que o poder é exercido principalmente por homens, na concepção datada do setor privado dominado por homens” nos mantém focados na logística, quando na verdade são “mulheres, frequentemente, se não principalmente, mulheres de cor” na área da saúde e educação que se mostraram mais capazes de “exercer poder estratégico que habilmente aproveita o poder econômico e social, que não pode ser facilmente separado do primeiro”.

Em relação à primeira crítica, de que Womack prioriza injustamente o poder estrutural sobre o associativo, deve-se dizer primeiro que ele de forma alguma retira na prática a prioridade do poder associativo. Sem organização coletiva e o exercício do poder associativo nos momentos necessários, ele afirma, os trabalhadores simplesmente não serão capazes de tirar vantagem de qualquer posição disruptiva que ocupem. Metzgar aponta para o exemplo da greve fracassada da metalurgia de 1919, na qual os trabalhadores “tinham poder associativo insuficiente para tirar vantagem de seu poder estrutural”, para mostrar que não se pode ter um sem o outro. Mas nesse caso ele está batendo num espantalho. Womack deixa claro que os trabalhadores não podem usar efetivamente o poder estratégico sem o poder associativo.

No entanto, na visão de Womack, esse último deve ser considerado secundário, porque a verdadeira solidariedade vem de uma compreensão do poder estratégico. A maioria dos trabalhadores, na maioria das vezes, não vai colocar seus próprios interesses materiais em jogo apenas para serem bons camaradas. Uma cultura de solidariedade pode e deve ser construída dentro de qualquer sindicato, mas essa cultura só vai atrair alguns. Se não acharem que podem vencer exercendo o poder necessário sobre a empresa, a maioria dos trabalhadores não vai se envolver na luta, e se eles não veem sua dependência técnica e industrial de outros trabalhadores, eles não vão se convencer da necessidade urgente de solidariedade. Como diz Womack:

Você não pode contar com palestras idiotas ou musiquinhas ou panfletos, “Eu protejo meu irmão, eu protejo minha irmã”. Linda ideia, mas em poucas horas no trabalho você vai ouvir piadas sujas sobre isso. Mas uma vez que você vê as conexões técnicas de um trabalho com outro, quem pode bloquear ou arruinar ou parar o trabalho de quem, quem pode de fato colocar quem em perigo, pra cima e pra baixo, pra frente e pra trás, como uma equipe de esporte, uma brigada de bombeiros, as forças armadas, eu acho que se consegue uma compreensão real do significado da dependência mútua, da interdependência técnica, o valor prático e a vantagem real da camaradagem no trabalho.

A maior objeção levantada pelos críticos de Womack, no entanto, é que sua ênfase técnica privilegia alguns grupos de trabalhadores em detrimento de outros. De fato, subjacente à objeção à sua priorização do poder estrutural sobre o associativo está uma preocupação de que os trabalhadores que não possuem o primeiro estejam sendo simplesmente descartados. Assim, Metzgar afirma que os trabalhadores “não podem ser aconselhados a simplesmente desistir porque não são estratégicos” e Ochoa espera que “o movimento trabalhista possa criar impulso se organizando em setores não estratégicos”.

Mais uma vez, os críticos estão lidando com um espantalho: em nenhum momento Womack diz que trabalhadores “não estratégicos” simplesmente não deveriam se organizar. Quando ele afirma que o foco não deveria estar nos trabalhadores “mais oprimidos”, mas sim na capacidade dos trabalhadores de interromper a produção e a distribuição, seu ponto é duplo.

Primeiro, em qualquer situação econômica, sempre haverá indústrias que, se deixadas desorganizadas, prejudicarão o movimento trabalhista como um todo. John L. Lewis não iniciou o CIO porque ele privilegiou os trabalhadores da indústria da borracha em detrimento dos carpinteiros; ele fez isso porque entendeu que o movimento trabalhista nunca exerceria qualquer influência na sociedade até que a General Motors, Goodyear, U.S. Steel e as outras grandes corporações do período viessem à mesa. A situação é semelhante hoje com a Amazon, Walmart, Target etc.: até que os trabalhadores dessas empresas se organizem, as lutas dos trabalhadores como um todo vão sofrer.

Segundo, trata-se menos de Womack reivindicar que a organização dos trabalhadores se circunscreva aos trabalhadores estratégicos do que de ele querer que o poder dos trabalhadores como um todo seja exercido de forma mais estratégica. Às vezes isso significa ver alguns trabalhadores como mais próximos dos nós que podem causar disrupção do que outros, mas principalmente significa ver o poder de todos os trabalhadores através das lentes de sua capacidade para essa disrupção. É aqui que reside seu desafio central ao movimento trabalhista, e no que quero me concentrar pelo restante desta análise. Curiosamente, esse desafio é relativamente inexplorado por seus interlocutores.

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Dan DiMaggio, Carey Dall, Rand Wilson e Gene Bruskin fornecem leituras mais simpáticas de Womack do que os outros seis interlocutores, mas não fica claro se mesmo esses leitores realmente querem ir aonde ele está apontando. DiMaggio vê “o contexto maior para pensar sobre os pontos de Womack [como se] qualquer renascimento do movimento trabalhista dos EUA exigirá o renascimento da greve”, embora suspender o trabalho em si não seja necessariamente o foco de Womack. Wilson acha que “os trabalhadores são quase sempre a melhor fonte de conhecimento sobre quem está na melhor posição para interromper os processos de produção ou os serviços e onde estão as fraquezas da gestão”, embora Womack se esforce para mostrar que os fluxos de distribuição altamente complexos do presente exigem algo como um instituto trabalhista de tecnologia industrial para entendê-los.

De muitas maneiras, a reticência essencial em aceitar a orientação básica de Womack é em função do fato de que o trabalho e a esquerda ainda estão focados na necessidade, nas palavras de Wilson, de “realizar o poder potencial dos trabalhadores no local de trabalho”. Essa é uma boa posição para se manter se o poder realmente flui através do local de trabalho, como acontecia quando havia enormes quantidades de capital fixo investido em fábricas gigantescas. Mas hoje os pontos potenciais de poder estão muito frequentemente fora dos locais de trabalho, naqueles nós de distribuição longe do chão de fábrica, entre empresas, trabalhadores e jurisdições sindicais.

Pode-se dizer então que, para a esquerda trabalhista, Womack ofende o imperativo básico de descer à moradia oculta da produção. Para ele, não é o local de trabalho como tal que é importante, mas os tipos de conexões que o local de trabalho torna possíveis. Algumas dessas conexões estarão no local de trabalho, mas muitas não.

Onde quer que você coloque as coisas juntas, há uma emenda ou uma costura ou uma conexão ou uma junta ou um nó ou uma ligação, quanto mais tecnologias juntas, mais ligações, os lugares onde não há integralidade. São partes colocadas juntas, e onde as partes se juntam, como em um porto, em um armazém, entre o interior deles e os caminhões, entre transformadores e servidores e refrigeradores, pode haver um gargalo, um ponto de estrangulamento.

Womack desafia os limites jurisdicionais (ele até sugere em um ponto a criação de um “US Transport and General Workers’ Union” combinando o ILWU, ILA, IBT e IAM) [1], mas mais genericamente ele questiona os próprios fundamentos da orientação organizativa dos sindicatos (quando eles ainda tentam organizar a luta). Para simplificar, podemos considerar que Womack quer substituir o modelo da greve pelo do bloqueio. Os sindicatos, é claro, não são inexperientes no bloqueio, mas ele não é o fulcro da organização, que é tipicamente a greve.

Uma vez que chegamos nesse ponto, todo um conjunto de questões fascinantes emerge: antes de tudo, se muitos (mas não todos) dos pontos de disrupção estratégicos se moveram para fora do local de trabalho, é possível mobilizar os trabalhadores não apenas para se unirem e suspenderem seu trabalho, mas para aproveitar esses pontos de estrangulamento em ação coordenada? Isso significaria, por exemplo, desviar a atenção da organização de plantas específicas para fazer com que quadros menores de funcionários ocupassem nós de distribuição importantes e fizessem com que massas de outros trabalhadores os apoiassem. Logo de cara, podemos ver que a distinção entre trabalhadores supostamente estratégicos e não estratégicos começa a desaparecer: estivadores e engenheiros ferroviários não são necessariamente os únicos com acesso às emendas em tecnologias industriais.

Ainda assim, eles precisariam ser apoiados por departamentos de pesquisa que tenham análises atualizadas e sofisticadas de cadeias de suprimentos específicas. O movimento trabalhista está preparado para tal tarefa? O que seria necessário para se aproximar de algo como o instituto trabalhista de tecnologia industrial proposto por Womack? De alguma forma, o “Freedom Convoy” [2] encontrou a única ponte através da qual 25% de todo o comércio entre os Estados Unidos e o Canadá é realizado. Por que não foi o movimento trabalhista que tirou vantagem dessa situação?

Há ainda a questão de como dar apoio aos trabalhadores em momentos tão críticos, quando historicamente a violência da empresa e do Estado é exercida. Se os smartphones estiverem gravando cada segundo de um bloqueio, isso evitará derramamento de sangue? Como é o apoio da comunidade em locais de armazenagem longe de qualquer comunidade afetada? Boicotes de consumidores? Eles podem ser planejados temporalmente de forma eficaz? Essas ocupações só funcionariam se vários nós em uma cadeia de suprimentos fossem tomados?

Há também outras questões sobre organização interna que Dall levanta em sua útil resposta. Para Dall, ativar trabalhadores já sindicalizados em portos e ferrovias pode ajudar a definir as condições para organizar outros trabalhadores: “Para organizar os trabalhadores da Amazon, precisamos primeiro organizar internamente os trabalhadores sindicalizados do transporte cujo trabalho nas emendas permite que a Amazon leve cargas de origem asiática para seus armazéns infernais e, finalmente, para a porta do consumidor”. No caso dos trabalhadores ferroviários e aeroviários, há uma lei específica, a Lei do Trabalho Ferroviário, que protege esses trabalhadores de algumas formas, mas ao mesmo tempo os incentiva fortemente a não perturbar as coisas em outros setores. Quais são essas formas? Como esses sindicatos podem ser convencidos da ideia de que podem precisar infringir a lei, ou como determinados trabalhadores podem ser convencidos a não seguir os ditames de seus sindicatos?

Finalmente, os princípios básicos de infringir a lei — como, quando, onde e por que fazê-lo — devem ser colocados em primeiro plano em qualquer execução de uma visão womackiana. Desde aproximadamente a Lei Norris-LaGuardia de 1932 até a Lei Taft-Hartley de 1947, os trabalhadores tiveram acesso a táticas que agora estão fora dos limites legais: greves para reconhecimento sindical pela empresa, paralisação do trabalho mantendo-se no local de trabalho, greves de solidariedade. O acordo do pós-guerra foi baseado na tolerância à negociação coletiva, desde que essas táticas fossem abandonadas para sempre. Experimentar táticas disruptivas novamente provavelmente trará formas de repressão como não vemos há algumas gerações. Os possíveis benefícios são enormes, mas qualquer ação pela qual as pessoas possam ser colocadas na prisão deve obviamente ser realizada com extrema cautela.

Atualmente a esquerda está dividida entre aqueles que enfatizam a importância da disrupção, das revoltas, da sabotagem, etc., e aqueles que nos encorajam a manter o curso democrático. A ênfase mais anarquista na disrupção dramática pode muitas vezes ser fantástica, mas dadas as restrições da lei trabalhista moderna, onde muitas maneiras de conquistar poder são claramente ilegais, parece necessário iniciar alguma conversa sobre as formas de ilegalidade estratégica que os militantes trabalhistas podem querer adotar. Womack nos permite começar a abordar essa questão de maneiras que vão além da dicotomia de explodir tudo versus trabalhar dentro das instituições atuais.

Essas questões, difíceis e especulativas como podem ser, decorrem da análise de Womack, e é notável que recebam tão pouca discussão nas respostas. Tentei chegar à razão substancial para a evasão — que Womack nos afastaria de pensar sobre a organização do local de trabalho nas formas típicas — mas talvez haja razões mais pessoais e institucionais em jogo. Parte do que Womack articula tem semelhança com a visão por trás das “campanhas abrangentes” do SEIU [Sindicado dos Empregados de Serviço, maior sindicato dos EUA], que produziram algumas vitórias impressionantes, mas ficaram muito aquém de seus objetivos declarados. Alguns na esquerda trabalhista ainda se irritam com a estratégia “inteligente” dos luminares do SEIU, e talvez os tiros especulativos de Womack lembrem muito o pensamento do seu ex-presidente Andy Stern.

Mas o que está em jogo para o movimento trabalhista hoje é importante demais para que ressentimentos passados ​​levem a uma rejeição da necessidade de amplas reconsiderações estratégicas. Na sua raiz, a filosofia trabalhista de Womack é bem básica: “Você tem que ferir o capital para fazê-lo ceder alguma coisa. E você o fere dolorosamente, conseguindo sua atenção, quando pratica uma ação material direta para parar sua produção, cortar seu lucro”. Mas como colocar essa ideia em prática, com um movimento trabalhista acomodado em uma economia logística desindustrializada, é uma questão tremendamente complicada. Operacionalizar o plano de Womack exigiria não apenas um conjunto de respostas curtas, mas uma equipe de pesquisa com recursos reais. Não posso falar no momento sobre a viabilidade de muitas das propostas de Womack ou as possibilidades latentes em seu pensamento, mas essas propostas e possibilidades devem pelo menos ser reconhecidas pelo que são: um enorme desafio às formas usuais de pensar sobre a organização das lutas trabalhistas.

O que exatamente seria necessário para ferir o capital hoje? Womack não fornece todas as respostas, mas ele deveria, no mínimo, nos fazer pensar fora das caixas.

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Notas da tradução

[1] Respectivamente: International Longshore and Warehouse Union; International Longshoremen’s Association; International Brotherhood of Teamsters e International Association of Machinists and Aerospace Workers. São os principais sindicatos de trabalhadores portuários, caminhoneiros, ferroviários e aeroespaciais da América no Norte.
[2] “Comboio da Liberdade”: série de protestos encabeçadas por caminhoneiros em 2022, contra as restrições sanitárias e a exigência de cartão de vacina contra COVID-19 implementadas pelo governo canadense.

Benjamin Y. Fong é professor no Honors College da Universidade do Estado do Arizona.

Traduzido por Leo Vinicius a partir do original em inglês.

As imagens que ilustram o artigo são da obra de Alexander Calder.

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