Por Arnaldo José

No dia 3 de Abril de 2025 descansou José Antônio Martins ou simplesmente meu amigo Zé. Enxergou e interpretou a conjuntura brasileira e mundial através da teoria de Marx, Engels, Rosa, Bordiga e outros grandes teóricos da revolução proletária internacional. Enquanto outros vagam na escuridão neoclássica, no obreirismo, no sindicalismo ou no reformismo, ele foi um gigante e tem sua ciclópica obra dedicada a entender e subverter o modo de produção capitalista e todas as suas relações. Um entusiasta da revolução proletária sem chefes, sem líderes, sem estruturas, sem fronteiras e sem classes; um comunista libertário internacionalista! Assim ele se definia.

Há mais de uma década se mudou para o Campeche, onde o encontrei. Aquelas IPAs nas tardes de domingo na vizinhança foram traçando a amizade.

As vezes, falava de sua parte no 13 de Maio: sua análise de conjuntura cheia de trabalhadores se espremendo na salinha e sua militância nos locais de trabalho e moradia junto com Manoel del Rio, o grande Manel.

Tinha os melhores, mais lindos e competentes filhos do mundo (Fernando e Bia), dois cachorros que eram sua vida (Madona e Billy) e era “Corinthians meu, campeão do mundo!”

As aventuras com Fabiana no Maranhão, sua última companheira e eterna amiga, sempre presente até o fim!

O amigo Zé era bem diferente do que falavam os caipiras. Não era um doce, isso não, mas um boêmio, corintiano e entusiasta das coisas boas da vida. As prosas nos cafés ou em botecos sobre tudo e todo mundo: dos amores passados e vindouros, da chatice que é a burocracia, os causos do Bixiga e da boemia paulista, etc. Vez em quando viajava por sua vida na França décadas atrás ou pelos amigos e idas a Buenos Aires, seu avô e os hermanos aguerridos e libertários. Sorria dizendo que eu ainda podia beber Brahma, “cerveja dos peão, meu”.

Lembro do parto que foi refazer o site da crítica da economia com ele e Alisson. Difícil, mas gratificante saber que o site está de pé e sempre estará. Como era gostoso ouvir da grande influência de Goethe em Marx, da música revolucionária de Jorge Ben e como Caio Prado elogiou sua tese de mestrado… bons tempos.

Se definia como economista, da crítica da economia política, a ciência do proletariado revolucionário.Não tinha inimigos, mas era um árduo defensor da destruição do modo de produção que nos oprime. Um homem, trabalhador, comunista e corintiano de corpo e alma. Depois de uma árdua luta contra o câncer ele pediu para parar, para descansar. Partiu meu grande amigo Zé, e eu, este simples leitor, amigo e confessor, não terei mais com quem prosear certas coisas que só o Zé falava. Coisas que por aqui só conseguia prosear naqueles dias no Campeche.O mundo fica menor sem ele.

Sua obra está disponível para entendermos o mundo, e, como não somos filósofos, mudá-lo!

José Martins Presente!

1 COMENTÁRIO

  1. Comunista, corinthiano e boêmio é a tríade de uma boa pessoa. Não o conhecia mas com certeza era. Meus sentimentos aos amigos e familiares. Vai, Corinthians e proletários de todo o mundo, uni-vos.

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