Por Loren Goldner

A greve de 77 dias na Ssangyong Motor Co., em Pyeongtaek, na Coreia do Sul, terminou a 5 de Agosto, com a derrota total dos 975 trabalhadores que desde 22 de Maio ocupavam a fábrica para lutar contra os despedimentos [demissões] e as reformas [aposentadorias] antecipadas obrigatórias. Em dois artigos anteriores, Greve e ocupação na Ssangyong Motors e Os grevistas da Ssangyong Motors deparam com dificuldades crescentes, procurei relatar os acontecimentos e dar-lhes um enquadramento.

Durante a ocupação, o governo coreano e a administração da empresa cortaram o abastecimento de água, de gás e, por fim, de electricidade, e impediram que os ocupantes recebessem do exterior alimentos e água. Apesar disto, os grevistas conseguiram repelir sucessivos assaltos, que por vezes mobilizaram 3000 polícias, capangas e fura-greves [pelegos].

Nos últimos dias da ocupação, helicópteros da polícia sobrevoavam a fábrica, com altifalantes que difundiam barulho para impedir os ocupantes de dormir, e lançavam granadas em que o gás lacrimogéneo estava misturado com elementos tóxicos, sem que os trabalhadores dispusessem de água para poder lavar da pele esses elementos tóxicos.

Depois da polícia ter conseguido capturar as últimas oficinas ocupadas, chegou-se a um acordo mediante o qual 52% dos trabalhadores continuam empregados, mas passarão um ano de suspensão de actividade sem receberem salário, e 48% serão despedidos [demitidos] definitivamente.

Desde 5 de Agosto, porém, o governo coreano e a administração da empresa têm feito render a sua vitória.

O governo decidiu levar a tribunal pelo menos 66 grevistas e punir o sindicato com uma multa muitíssimo elevada. A lei coreana também permite que trabalhadores individuais sejam processados judicialmente por estragos ocorridos durante uma greve, o que já tem deixado trabalhadores na miséria. Há razões para temer que estejam a ser preparados processos deste tipo.

Não se trata simplesmente de uma greve derrotada. Trata-se de uma tentativa por parte do governo de extrema-direita de Lee Myong Bak para atemorizar quem quer que no futuro pretenda opor-se seriamente às suas medidas. Os leitores que desejarem enviar ajuda aos grevistas da Ssangyong Motors, por favor contactem-me através do meu site.

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