Por Loren Goldner

A greve na Ssangyong Motors, em Pyeongtaek, perto de Seoul, entrou agora na oitava semana e a situação dos grevistas está cada vez mais desesperada. (Quanto às circunstâncias que motivaram esta luta ver um artigo e quanto a informações recentes ver uma notícia breve.) A greve começou a 27 de Maio, e em meados de Junho cerca de 1000 trabalhadores continuavam a ocupar a fábrica, com as mulheres e outros familiares a assegurar-lhes a alimentação. O governo e a administração da empresa preferiram deixar correr o tempo, em parte devido à crise política em que se encontra o governo de direita do presidente Lee, sendo inconveniente nestas circunstâncias ordenar um ataque maciço da polícia e de capangas. Mas passadas duas semanas acharam que já havia condições para iniciar a ofensiva. Pelo seu lado, os trabalhadores estavam armados com barras de ferro e cocktails Molotov.

Nos dias 26 e 27 de Junho começou o ataque, com capangas, fura-greves [pelegos] e polícia de choque a tentarem penetrar na fábrica. Depois de confrontos muito violentos, que provocaram bastantes feridos, os assaltantes conseguiram ocupar o edifício principal da fábrica. Os grevistas retiraram para as oficinas de pintura, o que já estava previsto no seu plano de luta, porque não acreditam que a polícia de choque ouse disparar granadas lacrimogéneas para dentro de instalações cheias de materiais altamente inflamáveis. Note-se que em Janeiro 5 pessoas morreram em Seoul por causa de um incêndio provocado por um confronto com a polícia, o que desencadeou uma vaga de protestos que durou várias semanas.

No dia seguinte a administração da Ssangyong Motors difundiu um comunicado dizendo que já tinha havido demasiada violência, o que na realidade correspondeu a um reconhecimento da tenaz resistência dos operários, e a polícia e os capangas receberam ordens para retirar. A administração apelou também para que o governo interviesse directamente nas negociações. Mas apesar disso o fornecimento de água à fábrica foi cortado no final de Junho.

Na sequência de uma ordem dos tribunais, as forças repressivas atacaram de novo em 11 de Julho. A polícia de choque ocupou todas as instalações, exceptuando as oficinas de pintura, e cercou a fábrica.

Entretanto, os grevistas têm procurado quebrar o isolamento e ampliar o apoio exterior. Iniciaram uma campanha de rua, sobretudo nas áreas centrais de Seoul e de Pyeongtaek, e o Sindicato dos Operários Metalúrgicos Coreanos (KMWU) decretou uma greve geral de quatro horas, durante a qual os operários metalúrgicos das fábricas vizinhas se concentraram junto aos portões da Ssangyong Motors. Nos dias 4 e 11 de Julho a central sindical coreana (KCTU) organizou comícios por todo o país em apoio à luta na Ssangyong Motors. Todavia, a participação nestas assembleias foi pequena e a direcção da KMWU tem hesitado em declarar uma verdadeira greve geral. Segundo alguns militantes, os dirigentes do KMWU e da KCTU estão preocupados sobretudo com as próximas eleições sindicais.

Em 11 de Julho, no centro de Seoul, 927 militantes fizeram uma greve de fome de um dia em apoio aos grevistas da Ssangyong Motors, mas a minha experiência de quatro anos na Coreia indica que este tipo de acções tem um carácter ritual e raramente influencia os acontecimentos.

Por fim, a 16 de Julho, 3.000 membros do KMWU manifestaram-se em frente à Câmara [Prefeitura] de Pyeongtaek em apoio aos grevistas da Ssangyong. Mas em seguida, quando caminhavam em cortejo rumo à fábrica ocupada, depararam com barreiras da polícia e 82 trabalhadores foram presos no local.

Tudo somado, parecem-me remotas as possibilidades de que a luta se estenda verdadeiramente a outras fábricas. Os militantes activos no local pensam que, mesmo se o KMWU decretar uma greve geral, ela só será seguida em poucos lugares. No ramo da indústria do automóvel, os trabalhadores da Hyundai encontram-se a meio de negociações salariais e as empresas subcontratantes que existem na área sofreram todas elas uma grande reestruturação e não parece verosímil que se mobilizem.

17 de Julho de 2009

Veja actualizações aqui, aqui e aqui. Sobre o final da luta veja aqui e aqui.

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