Cerca de 70 estudantes de diversas universidades de Santa Catarina, além de secundaristas, se reuniram nesse último sábado, dia 22 de Agosto, em Campos Novos/SC, para discutir a reorganização do movimento estudantil de luta. Este espaço surgiu da necessidade sentida pelos estudantes que não se vêem representados pelas atuais estruturas do movimento estudantil. Proposto a partir do Estágio Interdisciplinar de Vivência – EIV/2009, e sendo amplamente chamado no último Congresso da União Catarinense dos Estudantes, a proposta era debater e tirar bandeiras de luta que tivessem o potencial de unificar os estudantes do estado.
Na parte da manhã foram debatidos temas fundamentais para compreender a realidade em que estamos inseridos e tirar encaminhamentos corretos. O professor Geraldo Barbosa, presidente da Associação dos Docentes do Ensino Superior de SC (ADESSC) auxiliou em temas como a história e a gênese do capitalismo, dando suporte a uma análise da atual crise do capital e servindo de balisa para compreender a situação de mercantilização do ensino superior em nosso país e em SC. Nessa ótica, a reestatização do Sistema Acafe foi o principal objeto de discussão, já que foram universidades criadas com dinheiro público, mas que passaram a cobrar mensalidades, sem prestar contas nem garantir a mínima democracia, através de joguetes da oligarquia catarinense. A luta pela sua reestatização foi vista como potencial para a reorganização do movimento estudantil e como expansão adequada do ensino superior, diferente do que atualmente ocorre com a UFSC e a UDESC, ambas abrindo vagas e cursos novos sem condições de garantir a qualidade.
Após um almoço preparado por companheiras do MST, o espaço da tarde proporcionou uma ampla discussão sobre a situação das universidades e encaminhamentos para a organização da luta. As táticas de rebaixamento/congelamento das mensalidades, a luta por um ensino crítico e pesquisa e extensão ligadas às necessidades do povo, a unidade com movimentos sociais e trabalhadores, a luta por concurso público nas universidades, por prestação de contas e democracia nas universidades fundacionais foram ligadas a estratégia de Reestatização do Sistema Acafe. Para tanto, os estudantes se propuseram a construir uma Campanha pela Reestatização do Sistema Acafe, que construa debates nas universidades buscando politizar e organizar o movimento em cada localidade que deve, a partir das lutas específicas, fazer a ligação com essa estratégia.
A compreensão do seminário foi também de que a reestatização deveria estar ligada a um projeto de universidade popular, que sirva de bastão na luta pela emancipação do povo e a construção de uma sociedade sem exploração.
Desse seminário saíra um manifesto e, como indicativo, ficou a realização de outro no próximo semestre, que buscará ser ainda mais amplo e representativo.
Fonte: www.cclcp.org/jca