Antes da revolução, já era um veterano, obstinado, famoso por sua capacidade organizativa e suas fugas. Já no primeiro ano da tomada do poder, opôs-se junto a poucos outros à forma como sua organização conduzia a revolução. Derrotados, meteu mãos à obra na construção da nova sociedade pela qual tanto se bateram. Os problemas denunciados, entretanto, se agravavam; voltou a bradar, agora quase sozinho. Mesmo o mais incensado líder não conseguiu demovê-lo de sua pertinácia. Foi monitorado. Andou perto da última leva de opositores, também derrotados, antes que a organização se fechasse num monolitismo estéril em nome, sempre, da revolução. Tentou organizar descontentes clandestinos. Foi preso. Apelos internacionais foram inúteis. Fez o que sabia melhor: fugiu, para continuar revolucionário. Viveu uns vinte anos no exterior como “mascote” de grupúsculos antes de ser sequestrado e morto por aqueles que haviam passado seus velhos camaradas pela ponta de uma Tokarev ou de um velho Nagant. Passa Palavra

5 COMENTÁRIOS

  1. Se não me falha a memória, esse flagrante delito (com ligeiras modificações) já teria sido publicado. Ou não?
    E o tal “veterano, obstinado, famoso por sua capacidade organizativa e suas fugas” não seria Gabriel Miasnikov?

  2. À boca pequena, dizia-se que Ciliga tinha uma cópia – obtida com alguém do KAPD – da resposta do Miasnikov e que a repassara a um mao-spontex, que a teria confiado ao JB. Mas há quem afirme que tudo não passou de um mexerico do Bruno Rizzi…

  3. Excelente.

    Não conhecia nada disso. Um simples flagrante delito e tanta informação.
    Valeu, gente.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here