Por um mãe na luta

O QUE MOTIVOU O ATO?

Foram demitidos cinco professores e professoras do Basileu França até o momento. Essas demissões acontecem mesmo depois de um compromisso público dos gestores da OS firmado com o movimento dos professores em que afirmavam que não haveria demissões até o final do ano. Um desses professores demitidos foi impedido de entrar na escola, à tarde. Para pegar um documento, foi escoltado pela segurança. Essa ação de humilhação do trabalhador foi promovida provavelmente pela OS com a conivência da direção, os quais tratam professores e estudantes como se fossem ameaça. Ou seja, mesmo depois de grande parte dos professores terem voltado ao trabalho com apenas um acordo para receber o salário atrasado de setembro, as demissões estão acontecendo. Os gestores da OS claramente mentiram e descumprem o acordo. Não existem quaisquer justificativas para as demissões porque as e os professores são ótimos  profissionais. É uma retaliação com o movimento grevista.

O ATO

PRIMEIRA PARTE – O SINAL

O ato começou no lado externo da escola. Os e as estudantes não tiveram qualquer apoio da direção da escola, nem mesmo para uma caixa de som e energia elétrica. A caixa de som foi conseguida com amigos e ligada na loja da frente. A população demonstra mais apoio ao movimento dos e das estudantes do que a direção da escola. Além de não apoiar, chamou a polícia muito antes do começo do ato. Policiais seguiam estudantes, mães e pais, pelo interior da escola como se fossem criminosos prestes a cometer alguma violência. Viaturas ficaram do lado de fora, a espreita. Próximos ao sinal, estudantes mostravam a população com faixas e gritos de ordem: “NENHUM PROFESSOR A MENOS, NENHUM ALUNO A MENOS”. Enquanto isso, muitos estudantes, mães e pais estavam no interior da escola, ignorando a movimentação. Foi então que começou uma mobilização para chamar as pessoas dentro da escola. No entanto, vários estudantes afirmavam que isso seria um grande problema porque a direção não permite passar em aulas ou manifestar no interior da escola.

SEGUNDA PARTE – PASSANDO EM AULA E O ATO NA CANTINA

Depois de um tempo, parte dos estudantes se organizou para entrar na escola de forma discreta e começar uma movimentação nas salas. Passamos em sala e todos que antes estavam em aula, saíram e passaram a apoiar o ato. Inclusive as estudantes de dança que não costumam participar das atividades. Além de passar em aulas, foi feita uma fala na cantina onde estavam sentados (as) vários estudantes. A essa fala se seguiram gritos de ordem de indignação de todos que ali estavam e um ato se iniciou na parte interna da escola. Apesar da tentativa de intimidação por parte dos seguranças e da gestão da escola, o ato continuou. Os que estavam na parte de fora, vieram para dentro. Dentre eles, foi escoltado agora pelos estudantes, pais e mães, o professor antes impedido de entrar na escola. Entrou, falou e esteve conosco até o final do ato.

TERCEIRA PARTE – Ô LOIDI NÃO CORRE NÃO

Depois de voltarem à parte externa da escola e pararem por algum tempo o trânsito no sinal, os estudantes decidiram voltar para dentro e irem cobrar explicações da diretora da escola sobre as demissões. Subiram as escadas até a sala da diretora que não apareceu por um longo tempo. Ao invés de sair para conversar com os e as estudantes, enviou professores e coordenadores e a polícia pra “dialogar”. Vieram também os seguranças. Ela estava com muito medo dos e das estudantes que não cometeram qualquer ato de violência, apenas gritavam suas palavras de ordem em protesto contra a demissão dos professores.

Depois de muita insistência e tentativa de intimidação da polícia, a diretora concordou em descer e responder duas perguntas aos estudantes. Na ocasião, se isentou completamente de todas as responsabilidades e disse que a OS é quem foi responsável pelas demissões. Na ocasião, nenhum comentário sobre as falas de antes onde dizia que se houvesse alguma demissão, também pediria a sua.

AS NOSSAS VITÓRIAS

Com esse ato, tivemos duas vitórias. Elas podem até soar pequenas, mas são enormes. A administração da escola com a conivência da direção (que se diz tão triste com as demissões) promoveu a humilhação inaceitável de um trabalhador ontem à tarde. Esse trabalhador foi impedido de entrar na escola e escoltado até o interior para pegar um documento como se fosse criminoso. À noite voltou escoltado pela comunidade, falou e foi aplaudido por todos.

Um professor excelente que tem um compromisso claro com a educação pública e foi demitido porque está em luta contra a barbárie promovida pelo governo, pela OS e apoiada pela direção. Ontem dissemos bem alto que não aceitamos a demissão e muito menos a humilhação de nossos professores. Que bonita e importante é a solidariedade. Professores, estamos juntos e vamos reverter essas demissões.

A outra vitória foi mostrar a direção da escola que esse espaço não é propriedade dela. Esse espaço é da comunidade que aqui estuda, dos estudantes, dos pais e das mães. Ontem, ocupamos a escola com a nossa indignação. A direção tentou impedir manifestações no interior da escola através de intimidações de coordenadores, segurança e policiais durante o tempo todo. Mas nós mostramos que não temos medo de lutar por nossos professores. E assim será! Uma nova etapa de lutas começa no Basileu e esta não será controlada pelo patrão! Nem OS e nem direção, esse movimento é dos estudantes e ontem, dos pais e mães e poucos professores que apoiaram. NENHUM PROFESSOR A MENOS! A luta está só começando.

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