Por Repórter Popular
Segundo uma publicação dos “Invísiveis”, funcionários do bandejão da UERJ foram demitidos. Quando o lucro dos patrões é ameaçado, recai sobre as costas das trabalhadoras e trabalhadores a conta dos de cima. Isso fica explicito quando o governo é ágil para liberar 1,2 trilhão para os bancos, enquanto há uma demora absurda pra liberar míseros 600 reais para os de baixo. E esse cenário não é diferente para os terceirizados da UERJ. Vimos isso quando durante a crise da Universidade entre 2015 e 2017, que, devido ao ajuste fiscal iniciado pelo governo de Pezão para liberar mais verba para a divida pública, foi imposto um corte orçamentário que ocasionou atraso de salários, demissões em massa, fechamento do bandejão e ataques à assistência estudantil.
Vale lembrar que a maior parte dos terceirizados são mulheres e negras, ficando evidente que as opressões enraizadas de gênero, raça e classe se acentuam nesses momentos de ataques a estas/es trabalhadoras/es e suas vidas.
Pelo relato da página ficamos sabendo que terceirizados que faziam a comida do Restaurante Universitário da UERJ, da empresa PRIME, foram demitidos, mesmo com a universidade alegando repassar a verba para a empresa[1]. Foi prometido a estes a recontratação somente ao fim da pandemia, o que evidencia a negligência para com as vidas das/os trabalhadoras/es durante um momento tão difícil, principalmente para todos/as que dependem fortemente de seu salário para suprir as suas necessidades básicas e as de seus familiares, e assim garantir a sobrevivência digna. Também sabemos que ascensoristas da empresa VERDE GESTÃO AMBIENTAL seguem sendo obrigados a trabalhar, mesmo que não sejam essenciais, ficando assim vulneráveis ao COVID-19 no trajeto casa-trabalho e nos elevadores da UERJ. E assim como aos seguranças da universidade, da empresa MAGNUM, não é oferecido nenhum tipo EPI, tão necessário para a preservação de sua saúde. Por último e definitivamente não menos grave, ainda há no relato o caso de terceirizados sendo coagidos a pedirem demissão.
Solidariedade aos Terceirizados
Nos colocamos por meio dessa nota em solidariedade aos terceirizados, e cobramos da reitoria e seu reitor Ricardo Lodi, um posicionamento firme ao lado das/os trabalhadoras/es do local, referente às graves denúncias publicadas pelo portal , nas quais mostram as vidas das/os colaboradoras/es ameaçadas pelas demissões, coação, e ausência de medidas de cuidado e proteção à saúde frente a pandemia. A reitoria não pode simplesmente lavar as mãos e não assegurar um respaldo as profissionais!
Convocamos a comunidade estudantil da universidade para que possamos juntos cobrar da reitoria o compromisso de respeito e garantia de que seus terceirizados tenham seus trabalhos e salários garantidos, enviando esta nota ou a mensagem que bem entender para o perfil do reitor no Facebook: https://www.facebook.com/ricardolr8. E para aqueles na qual as atividades não são consideradas essenciais, que sejam liberados de suas atividades presenciais, com a garantia de seus empregos, a fim de evitar a exposição ao coronavírus. Àqueles nos quais as atividades sejam realmente essenciais, que hajam condições de trabalho seguras e a distribuição de equipamentos de proteção individual, garantidas pelas empresas, ou pela própria reitoria.
Não podemos permitir nenhum tipo de abuso ou covardia contra a nossa classe! Os terceirizados, assim como outras categorias, são essenciais para o funcionamento da nossa Universidade e também merecem respeito e reconhecimento pelo seus trabalhos! Inclusive são estes trabalhadores e trabalhadoras parte da linha de frente no combate ao COVID-19!
#porumavidadigna!
UERJ: TODA SOLIDARIEDADE AOS TERCEIRIZADOS!
*Essa nota é assinada por um grupo de estudantes de Artes Visuais, História, Geografia e Pedagogia, que acham que mesmo em meio ao isolamento social, não podemos ficar inertes em meio a tanta injustiça com nossas camaradas terceirizadas.
[1]https://www.facebook.com/invisiveisluta/photos/p.2315982462040782/2315982462040782/?type=1