Recebi agora uma encomenda enviada através de uma empresa de correios privada, dessas muitas que existem. O funcionário pediu-me para assinar e, quando eu lhe perguntei em que papel, ele disse que seria na própria encomenda. E comentou: Além de motorista, tenho de ser fotógrafo. Pegando no celular, fez uma fotografia da encomenda com a minha assinatura, para enviar ao expedidor como prova da entrega, e foi embora correndo, porque os minutos passam depressa e há muitas outras encomendas para entregar e assinaturas para fotografar. Passa Palavra
Lembram-se da correria dos bicheiros com moto, aqui no Brasil, quando o bicho era todo no papel, sem máquinas digitais e havia sorteio em vários horários do dia? Quem estava nas motos corria muito e nos pontos de jogos, quando paravam para fazer seus serviços, não tinham tempo nem de desligar a moto. Essa correria toda virou o padrão para um monte de trabalhadores. A loucura dos anos 90, em cima de uma moto, virou o normal.
O controle pela fotografia já chegou a lugares bastante inusitados, fazendo com que o celular seja uma parte integrante da força de trabalho. Os trabalhadores de telecomunicações que instalam ou fazem a manutenção de módulos de antenas lá em cima das torres, têm que tirar foto de TUDO, todas as conexões, o ângulo para onde aponta cada antena, etc, etc, etc. Tudo isso, óbvio, com o risco do celular cair das mãos… para não falar do risco constante de ter o próprio corpo em queda livre, em função do ritmo acelerado de trabalho que as empresas exigem das contratistas.
Gostaria de saber se em Portugal (onde se diz telemóvel) e em outros países existe cada vez mais essa exigência para que os trabalhadores tenham não apenas um número de contato telefônico, mas de fato um aparelho celular, e não qualquer um, e sim um smarthphone, com whatsapp instalado, para deste modo ter o candidato ao alcance dos dedos o tempo todo.