Por Serafim Polydoro

Desde criança aprendi
que um gigante adormecido
é pouco, mas não bagulho:
tem cuca, índio e balão
e tem soldado pintando
tudo de ouro, verde, anil.
Vacina, só pra civil.

Mais velho, olhando bem,
tingi em preto meu humor
ao descrer nesse milagre –
fermento no bolo alheio,
Glória e Tarcísio em cartaz
com “Pra frente, sem um pio”.
Vacina, só pra civil.

Do milagre camuflado
acordei cansado e livre,
sem no entanto perceber
que verde-oliva é moldura,
condão que transforma o povo
em um, nenhum e cem mil.
Vacina, só pra civil.

 

A imagem que ilustra o texto é do fotógrafo Egor Myznik

1 COMENTÁRIO

  1. Anarquistas perplexos no twitter twittando suas irrelevâncias
    O professor abarca vomita receitas sobre como fazer revolução
    O Editor anarca pede mais dinheiro,tudo em nome da autonomia e do bem viver
    A anarca identitária sentencia provérbios sobre o lugar de fala
    O punk dá de ombros e aumenta o volume do headphone
    O grupelho espalha A Palavra em zines quem ninguém vai ler
    Anarcas do Instagram protestam contra as corporações
    O Big Data rir de todos
    O povo na rua segue na lida, alheio aos ruídos
    A realidade não será digitalizada

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