Por Passa Palavra
Qual a função de uma fotografia? A captura de imagens remonta a meados do século XIX, tendo o primeiro registro sido feito por Joseph Niépce, valendo-se de uma técnica rudimentar e manual que fazia uso de derivados do petróleo.
Muitos foram os escritores que debruçaram sobre reflexões ligadas à produção fotográfica. Walter Benjamin, um século após a invenção técnica de Niépce, quando já existiam máquinas destinadas à captura de imagens e o trabalho estritamente manual desaparecera, escreveu a respeito das primeiras imagens fotográficas, descrevendo-as enquanto elementos incomparáveis e capazes de expressar em primeira mão o encontro homem-máquina.
Muito mudou desde o século XIX ou XX até hoje. A produção de imagens na atualidade é hoje elemento corriqueiro. Em nossas mãos e bolsos portamos as câmeras dos celulares e registramos o cotidiano com tamanha automatização que a prática da fotografia muitas vezes parece despir-se de qualquer sentido.
Entretanto, muito embora o reslumbre seja da perda de essência em tal meio, ou até mesmo de uma utilização da fotografia ora enquanto elemento de espetáculo, ora como elemento de vigilância, conforme escreveu Sontag em On Photography (1977), é possível pensar em usos alternativos da imagem? Acerca desse ponto, John Berger escrevia que “Esse futuro é uma esperança da qual precisamos agora, se quisermos manter uma luta, uma resistência, contra as sociedades e a cultura do capitalismo” [1].
Assim, podemos ainda pensar em um sentido da fotografia para além daquele demandado no capitalismo, resgatando-a enquanto um objeto artístico, e também enquanto um elemento com usos interligados ao ativismo, à memória e à reflexão.
É pensando nisso que abrimos uma nova seção no site, destinada à repercussão dessas imagens. A seção estará hospedada junto às sessões Cartoon e PPTV. O leitor pode nos enviar fotos de sua autoria, através do e-mail [email protected], com uma legenda curta (opcional), um título e o nome do autor.
Nota
[1] John Berger, no ensaio Usos da Fotografia: para Susan Sontag, redigido em 1978.
A fotografia em destaque é da autoria de Jakob Owens.