Por Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE-RJ)
O sindicato e os profissionais da educação veem com extrema preocupação os ataques em várias escolas, em diferentes regiões, divulgados pela imprensa nos últimos dias.
Desde o ataque em São Paulo, com o bárbaro assassinato da professora Elisabete Tenreiro, 71, as ameaças e situações de conflito se disseminaram em escolas de nosso estado, com o Sepe recebendo informações preocupantes.
O Sepe acredita que é necessário reforçar a proteção nas escolas, mas é contrário a propostas como a militarização das unidades.
O sindicato quer debater um plano para as escolas públicas, que se inicie pela retomada da contratação de profissionais especializados, via concurso público, como porteiros e inspetores de alunos, hoje em número bastante reduzido em praticamente todas as redes.
A respeito do lançamento pelo governo estadual de um aplicativo com “botão de pânico”, chamado “Rede Escola”, o Sepe considera que tal programa escamoteia o verdadeiro sucateamento que a escola pública vem sofrendo; em que a falta de profissionais e de estrutura, ao fim e ao cabo, prejudicam e mesmo impedem a prevenção de casos de violência.
A nosso ver, o excesso de alunos em sala, o ritmo intenso de trabalho e a falta de servidores – tristes características de todo o ensino em nosso estado – são obstáculos para educar, e também para identificar e prevenir casos de violência.
O Sepe quer um plano efetivo contra a violência nas escolas, que inclua atendimento psicológico, assistência social e atenção especial para escolas onde tenham ocorrido casos de violência.
O sindicato destaca que não se trata apenas de ataques individuais, movidos pelo ódio. A violência tem impedido milhares de alunos, a maioria negra, de frequentar as aulas, por conta de operações policiais ou confrontos entre traficantes no entorno das escolas, principalmente nas comunidades da capital. Inclusive, no dia 22 de março, em audiência com a SME-RJ, o Sepe criticou a forma como o protocolo de segurança das escolas municipais vem sendo aplicado pela Secretaria, quando de tiroteios no entorno, causando insatisfação em toda a comunidade.
No mesmo dia 22, em audiência na Casa Civil do governo do estado, o sindicato cobrou o fim das megaoperações policiais no entorno das escolas e a garantia de suspensão das aulas diante do risco de tiroteio.
O Sepe reforça ainda a necessidade de ampliar o diálogo com os estudantes sobre temas como racismo, machismo, homofobia e capacitismo, de modo a enfrentar o crescimento da cultura do ódio e o preconceito, e construir um ambiente de paz nas escolas.
Assim, para o Sepe, os gestores da prefeitura do Rio de Janeiro, demais prefeituras e do governo do estado precisam investir fortemente na educação, para que possamos cuidar de nossa juventude e evitar que uma nova tragédia volte a acontecer.