Por Anônimo
Eleições na APEOESP, por volta dos anos 2000. Sede Litoral.
A “tropa de choque” (mesários, fiscais, bate-pau e faz-tudo) da chapa ligada aos combativos mais à esquerda no sindicato era composta por “autênticos peões”: “brutti, sporchi e cattivi” sapateiros, metalúrgicos, vidreiros, químicos, estivadores…
Amontoados mesmo no chão da calçada em frente à sede do sindicato onde o escrutínio era feito, um deles solta um peido daqueles que tilintam, fazendo seus pares caírem na gargalhada e os “professorinhos” e “professorinhas” ao redor calaram-se e encarar uns aos outros com espanto na cara. Logo, a “professorinha” (novata e candidata na chapa) reprime em alto e bom som o ato flato e tiritante do “camarada”: esses mal educados! Isso pega mal com a categoria!
Ao que um mais experiente e articulado membro da chapa (e do partidão) retruca: mal educados, mas são eles os “profissionais que ganham” essa eleição para vocês!
A polêmica nutriu-se e chegou até a reunião da chapa para fazer a avaliação e balanço da vitória na eleição.
O cabeça da chapa (membro da corrente extrema-esquerda na chapa), no auge da dialética estaliniana, resolve a rixa com um recado de comandante Guevara aos “peões”: temos que entender o contexto da categoria aqui, a maioria é “professorinho” e “professorinha”. Portanto camaradas: “hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás!”
As artes que ilustram o texto são da autoria de Carlos Alonso (1929-).
PARTÍCULA REFLEXIVA
A frase, que segundo alguns prosélitos mais encardidos, o fotogênico e narcisista comandante guerrilheiro não teria pronunciado: Hay que endurecerSE, pero sin perder la ternura – jamás.
Tem razão, Ulisses. Talvez não exactamente a frase, mas a exacta ideia, deve-se a Philip Marlowe, o detective criado por Raymond Chandler.
Exato, JB.
Dando por descontado, outrossim, que não me incluo entre os prosélitos, encardidos ou não, do destitoso Che.