Como o trabalhador chinês é moído na harmonia de interesses entre as grandes corporações norte-americanas e o capitalismo estatal em vigor na China. Excertos de um relatório elucidativo. Por The National Labour Committee (tradução e adaptação Passa Palavra)
A ONG norte-americana The National Labor Committee, que tem como missão “ajudar a defender os direitos humanos dos trabalhadores na economia globalizada”, principalmente investigando e denunciando “os abusos das companhias norte-americanas no mundo em desenvolvimento”, apresentou recentemente seu Relatório sobre a exploração do trabalho na China pela empresa Jabil Circuit. Essa companhia global, especializada na fabricação de circuitos eletrônicos, com presença em 25 países, inclusive duas instalações no Brasil (Betim-MG e Zona Franca de Manaus), tem 18 fábricas em China. O Relatório descreve as condições de trabalho na unidade de 6 mil trabalhadores que fica na cidade de Guangzhou (ou Cantão, na versão ocidental), capital da província de Guangdong, no sul da China, onde se espalha a mais exitosa “zona econômica especial”, território franqueado a transnacionais ávidas do custo irrisório do trabalho chinês. É, aliás, nesta região que se situa também o gigantesco complexo da megaempresa Foxconn, que tem ocupado as manchetes dos jornais internacionais pelo episódio dos treze suicídios de seus jovens operários, desesperados por uma inaudita exploração.
O Relatório da NLC é baseado em entrevistas por amostragem com operários da Jabil feitas por pesquisadores independentes chineses contratados pela NLC. Os pesquisadores tiveram acesso à empresa. O relatório é acompanhado de fotos, que os pesquisadores fizeram com seus celulares.
A Jabil, com matriz na Flórida-Estados Unidos, é especializada na montagem de placas de circuitos impressos para diversas transnacionais high-tech como Hewlett-Packard, IBM e Nokia. Sua filial em Guangzhou é espacialmente dividida segundo a clientela. Assim, há linhas de montagem separadas para a GE, Cisco Xerox, Siemens, Intel, Samsung e outras. O principal cliente é a empresa Whirlpool.
Publicamos os principais trechos do Relatório. A íntegra encontra-se aqui. Passa Palavra
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[…] Com suas 18 fábricas na China, a Jabil está certamente bem posicionada para pelo menos melhorar de alguma forma as condições humanas e de direitos trabalhistas dos seus operários chineses. Mas isso não tem acontecido. A Jabil faz sua grande fábrica de Guangzhou funcionar como uma prisão de segurança mínima. Os empregados da Jabil não têm voz, nem direitos, nem respeito, e são, basicamente, apêndices para as máquinas em que trabalham.
Não há muito tempo, durante o debate sobre a extensão para a China de Relações Comerciais Permanentemente Normalizadas, que as multinacionais dos Estados Unidos diziam ao povo norte-americano que se elas pudessem operar na China sua presença certamente elevaria os padrões de direitos humanos e trabalhistas em todo o país. As empresas cumpririam isso pelo exemplo de como administravam suas fábricas. As corporações reivindicavam mesmo que poderiam fazer a parte mais difícil e seriam os melhores embaixadores para promover os direitos dos operários chineses.
Muito frequentemente as palavras são baratas. A realidade é que muitas empresas de propriedade norte-americana como a Jabil são administradas como uma prisão dentro de uma prisão. A prisão maior é o estado policial chinês, enquanto as fábricas exportadoras para os Estados Unidos são administradas como prisões de segurança mínima.
Tratamento cruel e desumano na Jabil
A fábrica da Jabil em Guangzhou cresce há meses, trabalhando ininterruptamente, 24 horas por dia, com dois turnos de 12 horas, sete dias por semana, para atender a demanda. Muitos trabalhadores passam na fábrica 84 horas por semana.
12 horas por dia em pé
Pelo menos 90 por cento dos trabalhadores da linha de montagem da Jabil estão proibidos de assentarem-se e são forçados a ficar de pé por todo o turno de 12 horas. De pé o dia todo, com os ombros curvados e os pescoços constantemente dobrados para baixo, as mãos e os dedos dos operários apressam-se furiosamente para colocar componentes nas placas de circuito enquanto passa acelerada a linha de montagem. Estando de pé o dia todo, os operários relatam que seus braços e pernas ficam doloridos e enrijecidos. Seus pés incham e eles sofrem com bolhas e descamação da pele. Às vezes seus pescoços magoam-se tão fortemente que eles temem que suas colunas possam ficar prejudicadas permanentemente.
No final do turno de 12 horas, eles têm de início dificuldades para andar ou mover os braços.
Os operários repetem os mesmos movimentos, dia após dia. Todo o mundo está de acordo que seu trabalho é mentalmente entorpecedor e aborrecido, enquanto ao mesmo tempo têm de acelerar-se para ficar no ritmo da linha de montagem.
Ficar de pé num turno de 12 horas é extenuante e difícil de suportar, e as longas horas deixam os operários atordoados.
A filosofia da Administração é dobrar os operários
Os operários dizem que o seguinte incidente é comum. Uma jovem da linha de montagem da Whirlpool foi recentemente chamada e xingada pelo supervisor da linha:
“Vá se danar. Você é sempre muito lenta. Quando você vai trabalhar mais? Você quer dinheiro, mas você não está disposta a trabalhar. O que você está mesmo fazendo aqui?“
Os operários sabem exatamente o que está acontecendo, mas são impotentes para se oporem. A administração conscientemente insulta e censura esses operários – especialmente as jovens que são tímidas – e nunca pensariam em responder. Ao insultar publicamente essas mulheres na frente de seus colegas de trabalho, a administração torna-se capaz de afirmar sua autoridade perante todos os operários. “A meta”, explica um empregado, “é depreciar os operários, mantê-los com medo e assegurar-se que eles trabalhem com mais afinco”.
Todo mundo aprende a aguentar o trabalho, sem ter nenhuma escolha senão abaixar a cabeça e tolerar esses insultos. Eles devem engolir sua raiva. Ninguém ousa argumentar com os supervisores, sabendo que se o fizerem estes tornarão suas vidas ainda pior.
Queixas de constante estresse e ansiedade
Os operários da linha de montagem têm de monitorar o trabalho uns dos outros, verificando se o operário anterior não cometeu um erro. Para testar os operários, a administração algumas vezes, propositalmente, introduz produtos mal feitos na linha para ver se os operários os recolhem. Se eles falharem em retirar as peças defeituosas, ou se cometerem um erro em seu próprio trabalho, os operários podem ser repreendidos, receber uma “advertência por escrito”, serem forçados a escrever uma “carta de arrependimento”, forçados a trabalhar sem remuneração por uma ou duas horas para corrigir e refazer seus erros, ou podem receber ordens de ficarem para varrer e limpar a fábrica ou os banheiros, de novo sem pagamento. Também há multas e pontuações negativas [demerits], e os operários ainda podem ser punidos por terem uma “má atitude”.
Receber uma “advertência por escrito” significa que o operário não pode receber um adiantamento ou aumento de salário pelos próximos seis meses.
Uma “carta de arrependimento” destina-se a humilhar o operário “transgressor”, que deve reconhecer seu erro de produção, implorar perdão e prometer que trabalhará melhor no futuro. Na manhã seguinte, na frente de toda a linha de produção, o operário culpado deve ler em voz alta sua “carta de arrependimento”. Os operários relatam que essas “cartas de arrependimento” são comuns, pelo menos uma ou duas vezes por semana por linha de montagem.
Mesmo gerentes de menor nível desabam sob a pressão constante
Um grupo de operários ouviu um gerente de controle de qualidade desabafar ao telefone com um amigo:
“Na linha de produção não posso tirar os olhos das placas de circuito. Tenho muito medo de aparecer produtos defeituosos e ser retirado da linha e repreendido por meu chefe. No fim do dia estamos em pedaços. Eles forçam-me a escrever cartas de arrependimento. Eu não quero fazer este trabalho. Toda vez que eu peço uma transferência para outra estação de trabalho, eu recebo recusa.”
Para os operários é ainda pior. Eles deixam seus turnos completamente esgotados. Uma mulher explicou:
“Meus nervos são esticados cada segundo do turno, e cada grama [ounce] do meu esforço está despendida nos produtos. Quando eu saio do trabalho, meus nervos parecem um elástico esticado ao ponto de ruptura . Sinto-me tonta. Eu não tenho nenhuma energia e nenhum interesse em fazer qualquer coisa no pouco tempo pessoal que tenho.”
Gerentes e guardas de segurança patrulham a fábrica como polícia procurando prisioneiros
Os gerentes e guardas de segurança patrulham as áreas de trabalho carregando câmeras digitais. Se suspeitam uma violação tiram uma foto e emitem uma “carta de advertência”. Colocando operário contra operário, os seguranças têm o poder de aconselhar o departamento de Recursos Humanos a demitir um determinado operário.
Especialmente durante o turno da noite, das 19 hs às 7 da manhã, guardas de segurança patrulham os postos de trabalho. Se veem alguém apático ou fazendo qualquer coisa não relacionada ao seu trabalho, o guarda notifica o departamento de Recursos Humanos. Se um operário é “culpado” de – por exemplo – cochilar por alguns segundos, mesmo se trabalhou na fábrica durante anos, será demitido sem nenhuma outra compensação que o salário que lhe é devido.
Os operários que abandonam suas estações de trabalho sem permissão, ou recebem uma “advertência por escrito” ou são considerados ausentes e é cortado seu salário do dia todo.
Há também constantes e arbitrários aumentos de velocidade na linha de produção.
Estafantes turnos de 12 horas, sete dias por semana, são a regra
A fábrica da Jabil Circuit está quase sempre funcionando, mas de abril a junho a fábrica opera sem interrupção, 24 horas por dia, com dois turnos de 12 horas, sete dias por semana. Este é exatamente o caso das linhas de montagem da Whirlpool, GE, HP, Emerson e Nokia, mas é igualmente verdadeiro para muitas outras linhas.
No momento, nenhuma das linhas de montagem da fábrica fixou os dias de folga na semana, e algumas linhas têm funcionado meses sem um único dia de folga. Apenas ocasionalmente os operários das linhas de produção recebem um dia de folga. Em outras ocasiões, a administração pode permitir a diferentes grupos de operários da mesma linha tirarem alternativamente um dia de folga.
Turnos de apenas uma parte do dia são muitos raros. A maioria das linhas funciona ininterruptamente.
O turno do dia funciona 12 horas, sete dias por semana. Este horário de trabalho exige os jovens operários na fábrica 84 horas por semana, enquanto trabalham de fato 77 horas. Para evitar congestionamento com os mais de seis mil empregados da Jabil, o começo do turno diário é escalonado a cada cinco minutos, começando às 6:35 e o último grupo iníciando às 7:00 horas.
Turno de 12 horas
(7:00 às 19:00 horas)
07:00 às 11:00 | (Trabalho, 4 horas) |
11:00 às 11:30 | (Almoço, meia hora) |
11:30 às 17:00 | (Trabalho, 5 ½ horas) |
17:00 às 17:30 | (Jantar, meia hora) |
17:30 às 19:00 | (Trabalho, 1 ½ hora) |
Isto significa que os operários trabalham 11 horas por dia – oito horas regulares e três horas extras – com apenas dois intervalos de 30 minutos para refeição. Como a semana de trabalho normal é de 40 horas, esses operários trabalham 37 horas extras por semana, o que é uma flagrante violação das restrições de horas extras na China, que limita as horas extraordinárias a não mais que 36 horas por mês. Os operários do turno de dia da Jabil estão excedendo o limite legal de horas extras da China em estonteantes 344%!
Com o turno da noite é ainda pior, uma vez que os operários têm apenas um intervalo de 30 minutos para refeição, entre meia-noite e 00:30 hora. Isso significa que o turno noturno funciona regularmente 80 ½ horas por semana, incluindo 40 ½ de horas extras, o que excede o limite legal da China em 387 por cento!
No turno da noite, após o fim do intervalo de refeição às 00:30 hora, a gerência frequentemente toca música alta para impedir os operários de cochilar.
O melhor que os operários podem esperar é que a pressão das encomendas desacelere o suficiente para que possam ter dois domingos de folga no mês. Mas mesmo esse sonho de ter dois dias mensais de folga faz com que os operários do turno diurno fiquem na fábrica uma média de 78 horas por semana, enquanto trabalham 71 ½ horas. Este horário também supera as horas extras admissíveis na China em 279 por cento. No turno noturno, as esperadas duas noites mensais de folga exigiria os operários na fábrica em média 78 horas por semana para trabalhar 74 ½ horas, incluindo as 34 ½ horas extras, o que excede o limite legal em 315 por cento.
Em Abril, algumas linhas de produção da Whirlpool trabalharam 84 horas por semana, incluindo 44 horas extras, excedendo o limite legal na China de horas extras permitidas em 428 por cento!
Em janeiro, fevereiro e março de 2010 os operários da Jabil relataram trabalhar um mínimo de 63 horas por semana, a regra sendo mais de 68 horas semanais.
Uma mulher na linha da Whirlpool disse aos pesquisadores que de junho a outubro de 2009, ela teve apenas quatro dias de folga no período de cinco meses. Três dias foram por causa de feriados nacionais, que os operários quase sempre usufruem. Além desses, ela teve um domingo de folga em cinco meses.
Esta mesma mulher teve apenas três dias de folga em novembro e dois em dezembro de 2009.
A administração da Jabil não diz quanto, mas para todos os objetivos práticos os operários sabem que suas horas extras são obrigatórias. Por exemplo, se um operário tenta tirar um sábado ou domingo para cuidar de necessidades pessoais, ele será tratado duramente por seu supervisor. É comum que um operário que peça um dia de folga receba uma “advertência por escrito”, o que bloqueia suas chances de promoção ou um aumento de salário nos próximos seis meses.
Os supervisores também gritam com os operários que pedem um dia de folga:
“Quem vem aqui [a Guangzhou] para trabalhar e não espera ficar cansado? Quando não há nenhuma hora extra, você se queixa de que não ganha o suficiente e que você deseja trabalhar mais horas extras. Agora que você trabalha horas extras, você se queixa que está muito cansado! Se você não quer trabalhar horas extras, então não trabalhe. Trabalhe apenas oito horas por dia e esqueça sábados e domingos”.
Outro operário explicou:
“Nós trabalhamos 12 horas por dia e ficamos completamente exaustos. A quantidade de horas extras que trabalhamos nos deixa atordoados, mas se trabalhamos apenas oito horas por dia, então nossos salários são pateticamente baixos”.
Cada operário da Jabil sabe que possivelmente não consiga sobreviver trabalhando apenas oito horas por dia, uma vez que seu salário base não chega para satisfazer a maior parte de suas necessidades de sobrevivência.
O turno de trabalho efetivo é ainda maior do que parece. É obrigatório para os operários apresentarem-se pelo menos 15 minutos antes de que seu turno oficial comece. Inicialmente têm de trocar de roupa e vestir seus uniformes de trabalho, entrar em fila para perfurar seus cartões de ponto e depois assistir a uma reunião de 10 a 15 minutos em que os supervisores de linha fazem um discurso sobre a qualidade do produto e a disciplina e atenção no local de trabalho. No final do turno, há outra reunião de 10 a 15 minutos para recapitular e avaliar a produção do dia e como melhorá-la. Isso soma meia-hora por dia ao turno dos operários que não é remunerada. Quando trabalham sete dias por semana, as reuniões obrigatórias não remuneradas somam outras 3 horas e meia aos seus já árduos turnos.
Mesmo nas reuniões não remuneradas, os supervisores tratam os operários de forma rude e grosseira . Um operário relatou o seguinte:
“Hoje, após nosso turno, estávamos ouvindo o discurso do supervisor sobre controle de qualidade. Ele pegou-me olhando em volta e, na frente de todos, gritou comigo, chamando-me de ‘peixe podre’!”
Há também uma reunião obrigatória de duas horas por mês, que também não é remunerada. Na reunião é permitido aos operários falarem para discutir problemas e sugerir mudanças. Mas os operários dizem que ela equivale a nada mais que os supervisores fingirem ouvir os operários, uma vez que nada nunca muda. Na sua vez na reunião, os supervisores incentivam os operários a trabalharem mais e depois dão alguns avisos.
Mesmo os “intervalos” de almoço e jantar não são intervalos de modo algum
Imagine trabalhar 12 ½ horas por dia, incluindo o período obrigatório, reuniões não pagas no início e final de cada turno, sete dias por semana, em pé o dia todo, enquanto corre-se para atender às metas de produção obrigatórias. Pode-se imaginar o quanto esses operários anseiam por seus dois intervalos.
Mas os intervalos de meia hora que são permitidos aos operários para almoço e jantar não se revelam de modo algum intervalos. Trata-se na verdade de uma corrida maluca, uma vez que os operários têm apenas 30 minutos para passar por uma fiscalização de segurança, fazer fila para perfurar seus cartões de ponto, trocar de roupa, ir ao banheiro, correr para o refeitório, fazer fila para o bandejão, comer e depois repetir o processo na ordem inversa – e fazer tudo isso em apenas 30 minutos! Os operários têm tão pouco tempo que eles devem engolir sua comida tão rapidamente quanto possível. Eles não têm tempo suficiente para ingerir a comida da fábrica pela qual estão pagando. Os operários dizem que muitas vezes queimam a boca tentando engolir rapidamente o macarrão fervente. Acima de tudo, 75 por cento dos operários entrevistados disseram que a comida da fábrica era “horrível”.
É correto dizer que no seu turno de 12 ½ horas, os operários não têm de modo algum verdadeiros intervalos. Não se admira que estejam tontos e exaustos ao final do turno.
Uma pausa para o banheiro a cada oito horas
“Estes regulamentos não são feitos por um ser humano.” (Operário da linha de montagem da Whirlpool)
Os operários têm de receber permissão e portar um “passaporte de banheiro” para usar o toalete. Durante o tempo de trabalho, eles estão autorizados a usar o toalete apenas uma vez no turno regular de oito horas. E quando deixam a linha de montagem eles devem deixar um aviso no seu local de trabalho dizendo “Saído do Local de Trabalho”. Os operários também têm de assinar entrada e saída no livro de presença que registra suas idas e vindas. Em nenhuma circunstância os operários podem ficar longe de seus locais por mais de dez minutos.
Se perder o passaporte, o trabalhador é multado em 50 RMB (7,32 dólares), que é quase um dia de pagamento. [A moeda chinesa é o ReiMinBI, mais conhecida internacionalmente como yuan. À época da pesquisa a cotação estava em 6,83 RMB por 1 dólar. PP].
Em cada uma das linhas Whirlpool, com 150 trabalhadores por linha, há apenas três passaportes para o banheiro. Há ocasiões em que os operários devem esperar sua vez por mais de uma hora antes de finalmente receberem o passaporte para usar o toalete. As mulheres dizem que isso é especialmente lastimável para elas, quando estão em seu ciclo menstrual.
Além disso, o banheiro das mulheres é pequeno e elas frequentemente têm de fazer fila para esperar sua vez por um sanitário livre. Muitas vezes elas gritam umas com as outras para apressarem-se, à medida em que o limite de dez minutos vai se escoando. […]
Nenhum direito de saber
A administração da Jabil classifica certas categorias de trabalho como “locais especiais de trabalho,” que merecem um adicional de 50 RMB (7,32 dólares) por mês. Os “locais especiais de trabalho” normalmente envolvem solda, soldagem de estanho, lubrificação e limpeza. A rotatividade é muito alta nesses postos de trabalho. Existem muitas linhas de produção numa única área de trabalho, com operários apinhados. Fumo e vapores flutuam por toda a área. A soldagem do estanho nas placas de circuito, por exemplo, desprende um cheiro de coisa estragada.
Muitos operários queixam-se de erupções de pele e problemas de alergia nos rostos. Operários que manipulam etanol também desenvolvem erupções.
No entanto, pelo modelo de administração da Jabil, os operários são proibidos de até mesmo perguntar sobre os produtos químicos que estão manipulando e o que é que pode estar causando suas erupções cutâneas.
Quando um operário ousou perguntar ao seu supervisor o que podia estar causando as erupções, o supervisor devolveu: “Se você não estiver disposto a seguir ordens então saia daqui e não volte.”
Opondo operários temporários aos efetivos
Com base em amostragem feita por nossos pesquisadores, parece que pelo menos metade – se não mais – dos 6.000 operários da Jabil são contratados como temporários, ou trabalhadores agenciados, como são chamados na China. A Jabil usa os temporários para preencher vagas do quadro efetivo, mantendo-os por mais de seis meses e frequentemente mais de um ano, ou mesmo vários anos. O problema aqui é que é ilegal para as leis trabalhistas da China empregar trabalhadores temporários durante mais de seis meses. Mas isso não impede a administração de opor temporários ilegais contra os operários efetivos, instigando-os a que, se trabalharem “mais fortemente” e “mais rápido”, também podem tornar-se trabalhadores permanentes. Os temporários sabem que isso é apenas um estratagema para levá-los a “matar-se, trabalhando ainda mais pesado”. Um trabalhador temporário disse aos nossos pesquisadores que a única esperança deles de ganhar status de tempo integral é “se nos prostarmos ante nossos supervisores”. Esse é o segredo do sucesso.
O que a Jabil faz é completamente ilegal. A lei contratual da China estabelece claramente que os trabalhadores agenciados só podem ser contratados de forma transitória e não podem ser utilizados por período superior a seis meses. Se a administração mantém esses trabalhadores na fábrica por mais de seis meses, eles devem ser formalmente contratados como trabalhadores permanentes.
A Jabil tem acordos com um grande número de agências de recrutamento de trabalho temporário. […] A maioria dos operários temporários, especialmente do sexo masculino, deve pagar uma taxa de colocação para a agência de emprego de até 500 RMB (73,20 dólares) para ser admitido na Jabil. Isso também é ilegal, visto que o contrato de trabalho na China estabelece claramente que as agências de emprego não podem cobrar encargos dos trabalhadores para colocação no emprego.
O que aflige os trabalhadores temporários mais que tudo é que recebem menos que os efetivos para fazer exatamente o mesmo trabalho. Os trabalhadores temporários começam com um salário base ligeiramente menor do que o dos efetivos – 128 dólares por mês, a partir de abril de 2010, em comparação com 132 dólares para os permanentes. Quando são forçados a trabalhar horas extras nos finais de semana, os temporários recebem um prêmio extra de apenas 50 por cento, enquanto os efetivos recebem 100 por cento do prêmio. Os temporários não recebem o adicional noturno, ao passo que os trabalhadores permanentes recebem mais de 30 dólares por mês. Os temporários recebem 41 centavos de dólar por dia de bolsa-alimentação, mas os empregados por tempo integral recebem 1dólar. Os temporários devem esperar um ano e um trimestre antes que estejam qualificados para um “subsídio completo” de 34 a 37 dólares por mês, enquanto os permanentes recebem 51 dólares mensais de “subsídio completo” após tão só seus três primeiros meses. A administração não contribui para o “fundo de habitação” obrigatório dos temporários, como faz para os trabalhadores efetivos.
Pode parecer que as diferenças salariais não sejam assim tão grandes, mas quando o salário base dos operários não dá sequer para garantir uma existência mínima, os trabalhadores têm de lutar por cada centavo legalmente devido a eles.
Salário diferenciado também é ilegal. A legislação do contrato na China estabelece que “os trabalhadores temporários devem receber uma retribuição igual a dos trabalhadores regulares da empresa”.
Temporários e efetivos são instruídos a assinar apenas os contratos específicos. Os temporários assinam um contrato com a sua agência de emprego e os trabalhadores formais com a Jabil, o que é outra violação das leis trabalhistas da China. O contrato deve ser discutido com o trabalhador, e as duas partes devem estar de acordo. Por exemplo, a lei de contrato estabelece que um empregado não pode ser transferido para outro local de trabalho, a menos que isso seja discutido e o trabalhador concorde.
Como pode ser visto dos documentos anexados [ao Relatório], é prática corrente na Jabil empregar ilegalmente trabalhadores temporários por mais de um ano. A Jabil está tão certa de si que nem tenta ocultar essas práticas.
Um operário temporário da agência de emprego Jianzhi, da linha de montagem da GE, começou a trabalhar na Jabil em 24 de Janeiro de 2007. Seu contra-cheque de fevereiro de 2008 mostra-o na fábrica por um pouco mais de um ano.
Uma vez o trabalhador temporário entre na fábrica da Jabil, a administração cria dificuldades para ele sair. Os trabalhadores temporários que desejam se demitir têm que conseguir o documento de autorização da Jabil, o qual devem trazer de sua agência de emprego para ser preenchido. É comum a Jabil arrastar o processo de permissão por três ou mais meses. Mesmo se o trabalhador temporário finalmente tiver permissão para sair, ele ou ela terá de esperar até o mês seguinte para receber seus salários de volta.
O sindicato da Jabil é tão falso como uma nota de três dólares
A administração da Jabil gaba-se de sua seção sindical da Federação dos Sindicatos de toda a China, que “representa” os operários da Jabil. O problema é que a mídia internacional recentemente mostrou a Federação dos Sindicatos de toda a China (ACFTU) como um instrumento do governo chinês para suprimir qualquer sinal de organização independente. Funcionários e empregados da ACFTU recentemente participaram no espancamento surpreendente dos operários grevistas da [filial chinesa] da Honda [durante a greve na montadora em maio último; ver notícia em http://worldlabour.org/eng/node/350 – PP]. Um outro problema é que é quase impossível encontrar qualquer trabalhador na Jabil que saiba que há um “sindicato” na fábrica. As pesquisas indicaram que mais de 90 por cento dos operários entrevistados nunca tinham ouvido falar de um sindicato funcionando na Jabil, e os poucos que tinham disseram que ele não teve nenhum significado no seu emprego ou na sua vida. Ele “não faz nada para ninguém”, comentou um operário. No máximo, tudo o que o sindicato faz é ocasionalmente organizar algumas festas ou bailes, mas mesmo aqui há disputa quanto a se é o sindicato ou a empresa que arruma as festas.
A sessão sindical da Jabil, no entanto, fez seis de seus filiados ajudarem a direcionar o tráfego em Guangzhou numa manhã de setembro de 2009, como parte do [programa municipal] “Oferecendo Amizade… para incentivar o desenvolvimento civilizado de nosso distrito”.
Isso parece um admirável trabalho, mas o “sindicato” deve considerar a educação de seus membros sobre a legislação do contrato de trabalho da China, sobre os direitos dos trabalhadores temporários, sobre as limitações a horas extras e outras questões que podem melhorar as vidas e as condições de trabalho dos operários.
Comunicado sobre modificação no trânsito. Tradução do documento: Associados do sindicato de nossa empresa tomam parte nas atividades de voluntários para tornar nossa região mais civilizada
Respondendo ao chamado dos Voluntários Sindicais do Distrito de Luogang, na manhã de 4 de setembro o sindicato da empresa preparou seis membros para tomar parte na atividade “Oferecendo amizade”, a fim de incentivar o desenvolvimento civilizado do nosso distrito.
A atividade envolveu guias de trânsito ao longo das principais ruas e distribuição de documentos de segurança e regras para aconselhar os infratores.
Este evento expressa o enorme apoio do sindicato de nossa empresa para o desenvolvimento do comportamento civilizado neste distrito. Expressamos gratidão pela participação ativa dos nossos seis voluntários. Desejamos que todos os trabalhadores contribuam a seu modo para tornar a nossa cidade de Guangzhou mais civilizada.
Os dormitórios da empresa: seis operários por quarto dormindo em camas de beliche
A Jabil tem vários edifícios-dormitório, cada um com oito andares. Os dormitórios têm elevadores. Cada andar abriga de 400 a 500 operários. Seis operários dividem cada quarto, que mede cerca de 3,3 por 7,3 metros. Os quartos apresentam-se estreitos e superlotados. Além dos beliches, o mobiliário consiste de um pequeno armário para as roupas dos operários e de uma pequena mesa com duas cadeiras. Há dois ventiladores de teto, mas sem ar condicionado. Durante os longos verões, os dormitórios ficam muito quentes e úmidos e os ventiladores trazem pouco alívio. Os operários dizem que frequentemente têm dificuldades de sono devido ao excessivo calor e à umidade.
Há um banheiro em cada quarto com água quente. Há também uma linha telefônica fixa, que os operários podem usar se tiverem cartões telefônicos pré-pagos. Em cada andar há duas salas de TV.
No piso inferior há dez máquinas de lavar roupa, que os trabalhadores podem usar gratuitamente.
Por qualquer critério razoável, os quartos dos dormitório são primitivos.
Cada trabalhador paga 80 RMB (11,71 dólares) por mês de taxa, que são deduzidos dos salários.
A Jabil proíbe estritamente os operários de entrar em dormitórios que não o próprio. Por exemplo, um operário não pode ir a um dormitório próximo para visitar um amigo. Se ele ou ela é pego entrando em outro dormitório, será detido(a) pela segurança. O trabalhador infrator pode até ser demitido. A administração afirma que sua política rigorosa é para evitar roubo.
O complexo da Jabil também tem uma biblioteca, sala de ginástica, mesas de ping-pong, badminton e uma quadra de basquete – apesar de os operários comentarem amargamente que, trabalhando 12 horas por dia, sete dias por semana, têm pouco tempo para jogos ou leitura.
Esse é um enorme problema. Os trabalhadores sentem que não são mais humanos, mas apenas anexos de uma máquina. Não há maneira alguma desses jovens operários lerem ou estudarem, experimentarem coisas novas, crescerem e se animarem com suas vidas.
Setenta e cinco por cento dos operários dizem que a comida da empresa é “horrível”
Há duas lanchonetes no complexo da Jabil […]. Os operários compram suas refeições usando um cartão magnético que eles mantêm carregados. Nas várias entrevistas, 75 por cento dos operários descreveram sua comida como “horrível”, enquanto os outros 25 por cento disseram que era “ruim”.
As refeições de uma lanchonete típica incluem o seguinte:
Para o café da manhã, uma pequena tigela de arroz integral é acompanhada por outra de repolho em conserva ou com sal. O café da manhã também vem com bolinhos cozidos no vapor ou um ovo duro cozido. O custo do café da manhã é de 1,2 RMB (18 centavos de dólar).
O almoço normalmente inclui rabanetes e ervilhas refogados, tofu com uma pequena tigela de arroz e sopa. Tal refeição custa 3,14 RMB (46 centavos de dólar). Pode-se avaliar como as porções de alimentos são pequenas, comparando-as com a pequena colher no lado esquerdo da bandeja.
Um típico jantar pode incluir favas refogadas e carne de porco com repolho refogado, juntamente com sopa e arroz. A sopa também pode conter um pequeno pedaço de carne. Um jantar como esse custa 6 RMB (88 centavos de dólar).
Para economizar dinheiro, alguns operários optam por pedir jantares mais baratos, que custam 3,14 RMB (46 centavos de dólares), mas não incluem carne.
Os operários relatam gastar uma média de 323,30 RMB (47,33 dólares) por mês em comida na lanchonete da fábrica. Os operários normalmente gastam um adicional de 200 RMB (29,28 dólares) por mês em lanches que adquirem em lojas de conveniência dentro e fora do complexo da Jabil. Sua alimentação mensal total custa em média 76,61 dólares. Não é muito dinheiro. Em média, os custos dos alimentos são de apenas 2,51 dólares por dia. No entanto, quando os operários acrescentam seus custos de dormitório de 80 RMB (11,71 dólares) por mês, a alimentação e o dormitório custam 88,32 dólares por mês. De novo, não parece caro até você compará-lo com o salário mínimo legal de 900 RMB (131,76 dólares), que estava em vigor até abril de 2010. Condições primitivas de dormitório e pequenas porções de comida, descritas, na melhor das hipóteses, como mais ou menos, consumiam 67 por cento do salário base dos operários. Mesmo com o aumento do salário em maio, o novo salário mínimo é ainda de apenas 1.100 RMB (161,04 dólares), que significa que a comida e os custos de dormitório ainda consomem 55 por cento do salário base dos operários.
É muito fácil entender porque esses operários estão completamente dependentes de quantidades excessivas de horas extras de trabalho. […]
Whirlpool aqui no Brasil também é uma exploradora, em Joinville aparelhou o sindicato dos trabalhadores e conduz a fábrica como prisão, dificultando bastante a organização dos trabalhadores.
O mundo só será livre no dia em que o ultimo capitalista for enforcado nas tripas do ultimo gestor…
Vergonhoso e Nojento…eu sinto vergonha. E não precisa ir pra China pra constatar essas putarias. Tenho parentes que trabalham em shoppings em SP (não fábricas, shoppings!!) E que vivem coisa bem semelhante. É asqueroso!
Tentei mandar essa matéria para a Whirlpool Brasil, pro setor de relações públicas e de responsabilidade social…nem isso consegui, o em-amil volta.
Revoltante!! Uma coisa resta: Destruição! Temos que botar fogo em TUDO.
Desculpem-me pelo palavreado baixo…mas e se tratando desse tema, não consigo me conter!
Saúde e Anarquia pra todos!!
Uma denúncia e tanto da situação dos operários na China. A riqueza do documento está mais em sua raridade, devido ao estado policial chinês, do que em seu conteúdo, já que o “despotismo fabril” é típico do capitalismo, embora varie em contextos e conjunturas diversas. Neste caso, como nos casos de capitalismo de estado tende a ser mais autoritário. Curioso é o fato de que a ONG que fez o relatório consegue criticar e denunciar a situação dos trabalhadores citando casos em que esta vai contra a legislação do país, mostrando que lá, assim como cá e no capitalismo em geral, a legislação é feita pela classe dominante e para a classe dominante, e quando beneficia de alguma forma os dominados e explorados, simplesmente vira letra morta!
Sugiro como leitura complementar a este artigo o livro de Robert Linhart: “Greve na Fábrica”, no qual o autor relata a sua experiência de quando trabalhou numa fábrica na França na década de 60. Ele narra de forma fluente e crítica todo o aparelho de dominação que existe nas fábricas, para separar e atomizar o trabalhador (hierarquia, sindicatos amarelos, salários diferenciados, policiamento, etc…).
Vem mesmo a propósito esta reportagem… acompanha a campanha anti-china conduzida pela administração obama e os interesses do capital americano.
Então, então, não sabemos há mais de um século e meio que a divisão de trabalho é uma condição sine qua non de uma melhor exploração capitalista?
Não rejeito a exploração desmesurada e capitalista a que os proletários chineses estão submetidos, assim como todos os trabalhadores deste planeta, mas considero mais apropriado uma política dirigida à unidade internacional de todos os trabalhadores.
Porque convenhamos, convenhamos que não é pela defesa dos direitos humanos que se combate o sistema capitalista, ou é? Pode ser que esteja desactualizada….já caminho neste planeta à uns anitos!
Viva o internacionalismo proletário!
A observação de Maria Baeta é curiosa, porque neste artigo não se ataca a China, enquanto povo ou cultura, mas um dado regime de exploração da classe trabalhadora existente na China, que articula o capitalismo de Estado com o capitalismo privado. Este artigo não coincide com as campanhas que a administração Obama, ou qualquer outro governo, esteja a conduzir contra o governo chinês. Concide com a vaga de greves e outras formas de luta que os trabalhadores chineses estão a conduzir tanto contra os seus governantes como contra os capitalistas chineses ou estrangeiros instalados em território chinês. Não vejo outro conteúdo no internacionalismo proletário.
Primeiro é preciso dizer que apesar de desesperador, esse tipo de relatório (denúncia) não é raro. Tem saído muita publicação sobre o capitalismo chinês (condições de trabalho, trabalhadores temporários, crescimento industrial…).
Depois é preciso dizer que apesar da brutalidade da exploração que esse rico relatório nos trás, ainda não presenciamos ainda uma movimentação da classe trabalhadora chinesa no sentido de questionar esse sistema. Há greves, suicídios coletivos e levantes aos montes… Mais a ideologia da “grande china” se mantem entre os operários. E é ai que o Partido Comunista (que mantem funcionários em todas as empresas que se instalam na China) encontra sua força.
Todavia, acredito eu, que é a opressão do Estado (Partido) que pode unificar as revoltas fragmentadas no campo, dos mingongs e do proletáriado urbano. Como e quando eu não sei: Uma crise economica? Ou algum evento político de maior profundidade? Não há como prever…
E é preciso saber pesar um pouco essa tal “campanha anti-china” (do Obama) e ainda por cima discutir internacionalismo proletário. A China é hoje a “fábrica do mundo” (do sistema capitalista). Tem os EUA como principal comprador de seus produtos. E mantem a maior reserva de dollares entre as nações.
O questionamento real virá dos de baixo…
È no Parana tem varios lugares que ainda os trabalhadores faz 12 horas por dia, isso é um absurdo.
Li hoje um texto de autoria do David Antona González, intitulado:
“Otra cara oscura del capitalismo
Los suicidios en el trabajo.” e me lembrei deste aqui, no que tange aos trabalhadores chineses:
“El precio del milagro económico chino
Los suicidios en el trabajo no son, evidentemente, un fenómeno social que afecta solamente a un país en particular, sino la consecuencia extrema de las nuevas formas de organización del trabajo que adopta el capital transnacional para conquistar nuevos mercados y hacer frente a sus competidores, para maximizar sus beneficios, extorsionar a los trabajadores y arrebatarles su capacidad de resistencia.
Las grandes “marcas” que operan en el mundo entero, han adoptado y generalizado estos nuevos métodos. En particular las que operan en la que viene llamándose “La gran fábrica del mundo”, o sea China. Así, Appel, Dell, Sony, Havlett-Packard entre otras, operan y montan sus productos en territorio chino.Las plantas industriales que fabrican los componentes electrónicos destinados a estas empresas, pertenecen a un grupo taiwanés que emplea en Shenzhen,un inmenso centro industrial situado a 40 km de Hongkong, a 420.000 trabajadores.
Nadie hubiese hablado de este centro, ni la prensa china ni la occidental, si no hubiese sido por la ola de suicidios y de conflictos sociales que han afectado a sus trabajadores. ¿Las causas de estas muertes? : las condiciones de vida y los ritmos de trabajo impuestos por las multinacionales a los empleados de la firma taiwanesa que opera en China (fabricante, entre otros, del I-Pod de Apple). La mayoría de los empleados de Foxcom (todos con edades entre 18 y 24 años), trabajaban sometidos a una presión insoportable, seis días a la semana, en jornadas de 16 horas y cobraban salarios que inicialmente eran de 100 euros al mes. Tras el escándalo y las reacciones provocadas por esas muertes, los salarios fueron aumentados inicialmente en un 20% y más tarde, en un 66%, hasta alcanzar 245 euros al mes.
Ni que decir tiene qu en China abunda este tipo de conflictos y de dramas. En todo caso, Shezhen es uno de los más claros exponentes de las condiciones en que se está desarrollando el “milagro económico chino”.”
Para quem quiser ler o resto:
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=122434
A China é um país comunista.
Como é que um sistema tão maravilhoso como esse deixa capitalista de fora fazer sofrer tanto o seu povo?
Irresponsável essa reportagem e com muitas mentiras esdrúxulas. Um texto tendencioso e sensacionalista, obviamente escrito por alguém que nunca visitou uma planta da Jabil em qualquer lugar do mundo.
Eu trabalhei 11 anos nesta empresa em Contagem e Betim, e, durante 6 meses na planta de Xangai e Guangzhou, na China. Fui Analista de Processos e Sistemas e Analista de Planejamento.
Vejamos:
A inspeção feita na planta de Betim é devido ao grande número de componentes pequenos e de alto valor usados como insumo nos processos de fabricação. O objetivo é coibir furtos, nada além disso, ação essa presente em qualquer grande corporação a qual movimenta componentes como memórias, circuitos integrados, cartuchos de impressora, etc. Fábricas tem essa prática em todos os continentes. Aliás, exatamente esta mesma ação de contenção de roubos é feita no comércio em geral de qualquer loja que visitamos. Ilustrar essa reportagem dessa maneira mostra claramente a irresponsabilidade de quem a criou.
A colocação sobre moradia dos operários não procede, é totalmente distorcida, uma vez que os operários têm sim condições totalmente normais de moradia. Eu morei durante 6 semanas na planta de Guangzhou e visitei diversos apartamentos de operadores, em 2010. A informação sobre proibição de visita a outros apartamentos, a metragem dos quartos, quantidade de banheiros, tudo isso não procede. Em relação a alimentação a grande base de alimentação dos chineses são os vegetais, algo normal para eles, e não como colocado na reportagem. Enfim, diversos pontos foram colocados de maneira a criar uma má imagem e que não condiz com a realidade.
Os Sindicatos têm uma reputação prostituída e isso não é por acaso. Não confiamos em vocês pelo claro despreparo intelectual pela preguiça de vocês explorarem situações com mentiras e por vocês não fazerem nada real para os trabalhadores. O Brasil não está assim por acaso, não é só pelos corruptos em geral, e muito em função dessa liderança fraca que vocês exercem.