Ao classificar  Israel como racista, o presidente do Irã causou um mal-estar  geral  em encontro de representantes da ONU. Entretanto, analisando-se a questão mais de perto, não teria um quê de razão na declaração do líder iraniano? Por David Costa Rehem

No dia 20 de abril, em um encontro da ONU sobre o racismo, o presidente do Irã Ahmadinejad denunciou o Estado de Israel como racista. Tal declaração fez com que diversos delegados presentes, representantes de diversos países da Europa e dos Estados Unidos, se retirassem do encontro em protesto às declarações. Ao ver reportagens sobre o assunto surge a pergunta: qual a relação entre essa declaração e a questão do Holocausto?

gaza3Poderíamos até fazer uma relação se lembrarmos das declarações que esse mesmo presidente fez de que não houve o Holocausto. Esse posicionamento, de fato, nega uma das maiores atrocidades ocorridas em nossa era, onde milhões de judeus foram perseguidos e mortos durante o regime nazista, só na Europa, além de perseguições e hostilidades ao redor do mundo, impetradas (ontem e hoje) por simpatizantes do regime hitlerista. Até aí poderíamos entender a resposta.

Porém, o foco dessa vez não era a existência ou não do Holocausto e sim as posturas do Estado sionista de Israel em relação aos povos árabes, palestinos e fiéis do Islamismo. Assim como é indiscutível o Holocausto são indiscutíveis as posturas racistas do Estado de Israel.

As autoridade israelenses, um dia após as declarações do presidente gaza11iraniano e nas celebrações em memória das vítimas do Holocausto, compararam o líder do Irã a Hitler. Analisando de mais perto os acontecimentos recentes (para não fazer uma retrospectiva que poderia chegar até às ações das milícias sionistas durante o processo de independência da região) apontam muito mais para semelhanças com o nazismo do Estado de Israel do que do Irã.

O Estado do Irã é teocrático, baseia suas leis e suas relações na religião. É um Estado com mão forte, opressor, não porque assim o é o Islamismo, mas porque tem uma forte presença dos fundamentalistas, que seguem o Alcorão de forma rígida e, muitas vezes, cruel. Mesmo assim, se comparado a outros Estados teocráticos, se diferencia por uma abertura cada vez maior onde diversos grupos (principalmente as mulheres) protagonizam lutas em defesa de direitos humanos.

Já o Estado de Israel se baseia na lógica de que uma mentira contada muitas vezes se torna verdade. Utiliza-se da memória do Holocausto para justificar todas as suas atrocidades. Oprime os opositores internos, sejam eles palestinos ou judeus, como no caso das três adolescentes presas no final do ano passado por não concordarem com o alistamento compulsório que as obrigaria a participar das atrocidades contra o povo palestino.

Israel ainda cria Campos de Concentração nas áreas onde vivem os palestinos, vigiando todos os seus passos, colocando-os como cidadãos de segundo escalão na política nacional, disfarçado de democracia, propagando a idéia de que todos os palestinos são terroristas ou concordam com o terrorismo, negando-lhes o direito de existir enquanto povo e nação, além de desrespeitar acordos internacionais sobre crimes de guerra e direito à soberania.

gaza2Essas são apenas algumas das posturas racistas do Estado de Israel. Não conseguimos compreender, portanto, todo o estardalhaço com a declaração do presidente iraniano. Talvez ainda o remorso pela participação e/ou omissão em relação ao Holocausto cause constrangimentos aos países europeus e aos EUA em se posicionar contra Israel, mas nunca é pouco lembrar que se posicionar contra o sionismo e sua política, que tem bases extremo-nacionalistas, não significa se posicionar contra os judeus e o Holocausto.

2 COMENTÁRIOS

  1. parabens, seu relato imparcial mostra a realidade dos fatos, continue nesta linha.

  2. Queria acrescentar algo. No jornal A Tarde de ontem, em uma matéria que tratava da visita do presidente iraniano ao Brasil e seu adiamento, as reporteres, de forma cínica e mentirosa, diziam que o problema diplomático se referia às afirmações do presidente Ahmadinejad de que não houve Holocausto, mas, como sabemos, a “indisposição” aconteceu por causa das declarações de que Israel é um Estado racista. Se valendo do esquecimento das notícias e da mentira a imprensa demonstra mais uma vez a sua IMPARCIALIDADE…

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