Por Passa Palavra
Na noite do dia 02 de fevereiro, um grupo de jongueiros [*] foi prestar sua solidariedade a Pedro Rios Leão, que faz greve de fome em frente à sede da Central Globo de Jornalismo, pertencente à Rede Globo de Televisão, no Rio de Janeiro, desde o dia 29 de janeiro, para denunciar os abusos cometidos na remoção dos moradores do Pinheirinho.
A batucada começou por volta das 21 horas, de maneira discreta, com cerca de dez pessoas em volta dos tambores compassando as canções com palmas. Bastaram cinco minutos do ritmo afrobrasileiro para os moradores do prédio em frente ao acampamento de Pedro se manifestarem. Primeiro, com um saco de creolina (um produto de limpeza pesada, de cheiro muito forte) arremessado pela janela em nossa direção. Em seguida, com uma moradora que, demonstrando maior urbanidade, desceu para reclamar do barulho, alegando que, desta maneira, os vizinhos passariam a ter raiva de Pedro e deixariam de dar seu apoio a ele.
Diante das reclamações daqueles residentes do nobre bairro do Horto, na Zona Sul da cidade, o pragmático Pedro Rios Leão solicitou aos jongueiros que gentilmente interrompessem sua atividade, pois, segundo ele, é preciso manter as melhores relações possíveis com a vizinhança, tendo em vista que a sua permanência no local depende, em termos práticos, da boa vontade deles.
Fica, pois, o apelo àqueles que desejam visitar o camarada Pedro: evitem grandes concentrações ou atividades depois das 21 horas por lá, para não atrapalharem a telenovela dos moradores do Horto. O bar que fica em frente ao acampamento igualmente agradecerá a compreensão.
Nota
[*] O jongo é uma manifestação cultural, de música, dança e elementos religiosos, trazida ao Brasil pelos negros bantu (originários de uma região hoje compreendida, em grande parte, por Angola), praticada em comunidades rurais no Sudeste do Brasil (principalmente ao longo do vale do rio Paraíba do Sul) e, atualmente, em diversas agremiações urbanas, tais como o Jongo da Serrinha (veja aqui).
