18 pessoas foram detidas durante a intervenção policial na Porta do Sol. Após um 12M reivindicativo e pacífico, no domingo várias cidades responderam à chamada #volvemosalas5. Por El Diagonal

Um grupo de manifestantes reunidos, de forma pacífica, na Porta do Sol [em Madrid] foram violentamente expulsos pela polícia de intervenção. Aquilo que parecia uma cena já vivida, em particular no dia 15 de Maio de 2011, voltou a tornar-se realidade 363 dias depois, após uma noite que decorria de forma tranquila. Um 12 M reivindicativo e festivo havia culminado numa assembleia na Porta do Sol, participada por cerca de 2000 pessoas. Porém, às 5h da manhã, os 300 manifestantes que permaneciam na praça viram-se cercados por mais de 20 carrinhas da polícia de intervenção. Enquanto aclamavam “Não à violência, Não à violência” e resistiam pacificamente no chão, os manifestantes foram brutalmente removidos da área.  Algumas imagens podem ser vistas aqui. De acordo com o grupo legal do Sol, após se terem voltado a reunir-se por duas vezes, 18 deles foram detidos. Segundo informações da polícia, no domingo estas 18 pessoas ainda se encontravam detidas na esquadra de Moralatz.

A expulsão de quem exprimia, enérgica e pacificamente, a recusa da atual situação constituiu, segundo um comunicado da AcampadaSol, mais uma demonstração destes “momentos de fraude, em que a falência dos bancos está a ser paga pelo conjunto da sociedade e em que os cortes nos direitos nos lançam no abismo de uma séria crise social”. O momento é, então, de voltar a tomar as praças: “Perante a miséria, saímos de novo para as praças, participando nas atividades organizadas para os próximos dias. Tomamo-las como espaços de criação coletiva, conforme o temos feito desde há um ano. Para além disso, esta tarde, pelas 17h, voltamos a concentrarmo-nos, demonstrando assim que quando estamos juntos, não temos medo!”.

As cargas policiais da madrugada de domingo não se verificaram apenas na Porta do Sol, onde ocorreram as duas primeiras detenções: de acordo com fontes do Grupo Legal Sol, um rapaz e uma moça que tentavam resistir à intervenção policial no centro da Praça. As pessoas que se solidarizavam com o pequeno grupo que resistia foram empurradas para as ruas adjacentes, voltando a reunir-se em diversos pontos. Alguns dos presentes relatam que a polícia os terá obrigado a dirigir-se à Praça Carmen, para ali os identificar. Outro grupo conseguiu chegar à Praça Callao, aonde se registaram quatro detenções. Segundo o Grupo Legal, “Foi depois, na Gran Via, que se verificou uma carga policial e os agentes à paisana detiveram 11 pessoas”. Uma delas, conforme o relato de uma conta Twitter (Pablo Soto – @pabloMP2P), era um homem que não tinha nada a ver com os manifestantes: “[Estou] com uma senhora de meia idade que estava à espera junto às carrinhas; tinha acabado de sair de um bar com o marido e a polícia levou-o, sem mais nem menos”. Minutos antes, testemunhava o modo como a polícia de intervenção “agredia um jovem algemado” na Praça Callao. O Grupo Legal recebeu, até ao momento, cerca de vinte chamadas de pessoas feridas, “e sabemos que, entre os detidos, outras se encontram em semelhantes condições”.

A polícia tentou igualmente impedir que vários jornalistas presentes assegurassem a cobertura dos acontecimentos, como comprovam os testemunhos publicados por muitos deles (do diário 20 Minutos, entre outros) nas redes sociais. Contudo, vários vídeos e fotos publicadas no Youtube e na rede permanecem como prova da brutal agressão, isto sem que se tenham verificado incidentes ou acampadas. Acontece que o Ministério do Interior havia comunicado à meia-noite que as concentrações não seriam dissolvidas caso não se registassem “incidentes violentos” ou tentativas de acampada.

Ao mesmo tempo, despejos eram efetuados em Valência e Sevilha, sem qualquer registo de detenções. Ao longo da noite, um forte contingente policial acabou com todas as concentrações nas praças, após manifestações que decorreram em cidades como Saragoça, Cádis ou Palma de Malhorca. Nesta última, verificaram-se cargas policiais.

Maio Global

À convocatória para o 12M Global, vários manifestantes acabaram em Londres à frente do Banco da Inglaterra. Durante o seu despejo, 11 pessoas foram detidas. Em Moscovo, na sequência da repressão das manifestações anti-Putín que decorreram no dia da sua reeleição, centenas de pessoas acamparam no centro da cidade. Segundo notícias das agências internacionais, a acampada comunicou às autoridades tratar-se de uma “celebração indefinida” por ocasião do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi (9 de Maio), feriado nacional, de forma a evitar a intervenção das autoridades.

Traduzido e adaptado pelo Passa Palavra a partir de http://www.diagonalperiodico.net/Ante-esta-miseria-salimos-a-las.html

Imagens: Expulsão na Praça do Sol. Fotografia: Olmo Calvo e Operação Policial durante a expulsão, captada pela camera da RTVE.es que transmitia em directo.

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