ouve teus passos, desconfia / deste estranho eco, estranho eco. Por Poeta em Buenos Aires
Pospoema
Pensar âncora
é difícil âncora
quando arrastamos uma âncora.
É como amor de perdição amor
jogada mortal do amor
(me engana que eu gosto, amor).
Coloco-lhe uma aliança lho.
Se o orgasmo é um possexo,
sinta agora meu pospoema.
Fundamentos
Te vejo caminhando lentamente.
Como em qualquer sonho teu, andas só
ouve teus passos, desconfia
deste estranho eco, estranho eco.
É noite e é na noite do edifício
quando tu habitas. Não há fantasmas,
apenas fantasma, um cemitério
sem mortos para você passear.
Me dizes que é a voz das paredes?
Não te preocupes, eu não tenho voz,
tenho tão somente bons fundamentos.
Isto tudo é o que não construíste,
encontraste. Habitas cada vez
de passagem, apenas de passagem.
Ilustrado com uma obra de Mário Cesariny de Vasconcelos.