Em 21 de Dezembro de 2010 o governo da Bolívia promulgou a Lei dos Direitos da Mãe Terra, estipulando, entre outras coisas, que «não podem ser mercantilizados os sistemas de vida, nem os processos que sustentam, nem fazer parte do património privado de ninguém». Em Julho de 2014 um sindicato formado por menores, a União das Crianças e Adolescentes Trabalhadores da Bolívia, conseguiu que a Assembleia Nacional aprovasse uma reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente, para reduzir a idade mínima de trabalho para dez anos em certos casos. As crianças sindicalistas haviam sido recebidas pelo presidente Evo Morales, que lhes disse que quando criança fora pastor de ovelhas, vendera sorvetes e trabalhara na agricultura. «O presidente defendeu a nossa luta porque quando jovem também era uma criança trabalhadora», declarou o delegado nacional daquele sindicato, de 15 anos de idade, e explicou: «Depois disso, houve maior interesse de senadores e deputados para que nos escutassem». Decerto a força de trabalho, tanto dos adultos como das crianças, não faz parte dos «sistemas de vida» destinados a ser protegidos. Esperamos ansiosamente que os numerosos admiradores de Morales no Brasil e em Portugal promovam campanhas para a legalização do trabalho infantil. Passa Palavra
Mas não é isto o que se passa na prática? Os entusiastas de Evo Morales encontram-se no Brasil entre os defensores da agricultura familiar e outros apologistas da agroecologia. Ora, segundo o Censo Agropecuário de 2006, 7,4% da força de trabalho ocupada nos estabelecimentos familiares é composta por menores de catorze anos, enquanto nos estabelecimentos não familiares essa percentagem se reduz a 3,6%; usando outra perspectiva de avaliação, do total de menores de catorze anos ocupados na agropecuária, 86% trabalham na agricultura familiar (veja aqui). Com efeito, dados os seus baixos níveis de produtividade, a agricultura familiar em geral e a agroecologia em particular só conseguem subsistir com elevadíssimas taxas de sobreexploração, das quais o trabalho infantil é um dos componentes. Certamente se sentirão reconfortados pela atitude de Morales. É mais uma das facetas do socialismo da miséria.
SUCINTO E DEMOLIDOR, J.B.:
Comentário que contribui para a desmi(s)tificação do integrismo ecologista – esse surrado estepe da capitulação ideológica.
Gostaria muito de saber quem, de fato, está por trás desta “putaria”. Deve ser a “new left” lutando empedernidamente para o fim da infância e para os interesses do capital.
Lugar de criança é na escola e brincando, seus “fêdêpê” identitários.