Por Passa Palavra
Mais uma vez, as maiores centrais sindicais do país irão promover grandes festas pelo dia mundial do trabalho, com shows de cantores famosos e sorteios de casas e carros, por vezes patrocinados por empresas privadas, em que se gasta mais de R$ 2 milhões por festa. No caso da cidade de São Paulo um fato chama a atenção, pois no dia após o feriado, a prefeitura [câmara municipal] irá promover a já tradicional “Virada Cultural”, oficialmente “24 horas de festa de música, cultura e arte”. Seria a prefeitura a prolongar o ato do sindicato, ou o sindicato a adiantar a festa da prefeitura?
Uma das características do capitalismo foi fazer com que o tempo de trabalho não fosse mais controlado pelo trabalhador, transformando ambos em mercadoria, alienando o produtor do seu próprio fazer, isto é, das formas do seu fazer e da obra do seu fazer.
Assim, o trabalhador perceberia a princípio, o seu tempo de labor apenas como um meio para garantir sua existência e desfrutar de outros fins – em seus tempos livres. Contudo, como o capitalismo não é somente uma forma econômica, mas também política, cultural e social, conseqüentemente ética e estética, também o tempo livre não pode ser pensado como um tempo fora do processo de alienação.
Como vem insistindo João Bernardo, até uma data bastante recente os lazeres eram exteriores ao capitalismo. O consumo efetuado durante as horas de lazer decorria em pequenos comércios de âmbito familiar.
Atualmente o lazer passou a ser não somente um momento de recuperação necessário da força de trabalho para a jornada do dia seguinte, mas um veículo de aprimoramento dos trabalhadores para suas atividades laborais. Além de se caracterizar como momento do consumo de ideologias e mercadorias. Os lazeres, então, não correspondem apenas a um processo de produção física da força de trabalho, já que neles trabalhadores também se adestram e adquirem infinitas qualificações essenciais à vida contemporânea.
Isto significa que, hoje, tanto as horas de trabalho como as horas de lazer são passadas no interior do capitalismo, ou seja, os ócios tornaram-se um dos produtos do processo geral de produção.
Das creches às universidades, e nos mais variados recintos de diversão como restaurantes, bares, cinemas etc., funcionam princípios estritamente capitalistas, onde se asseguram os múltiplos aspectos da produção dos trabalhadores. A estes é dada a possibilidade de escolherem, em seus tempos livres, entre uma miríade de possibilidades idênticas. A isto se resume a liberdade dentro do capitalismo: poder consumir um caleidoscópio de imagens repetidas.
O lazer, já reificado e transformado num dos principais signos de consumo, é realizado nos shoppings center, nas viagens com roteiros padronizados e homogeneizados, nos idênticos filmes – que quando muito, mudam os atores e as fotografias – nas mesmas telenovelas, nos restaurantes e fast foods, nos jogos esportivos e de videogames, enfim, nas formas de entretenimento que banalizam o conteúdo e impedem o desenvolvimento crítico dos sujeitos, mas que são completamente funcionais ao sistema dominante. Neste mesmo ócio que impede o alçar do vôo de Minerva, os trabalhadores alegremente consomem uma modernidade fútil e se auto-adestram adquirindo habilidades que os tornam mais produtivos. Tanto o conteúdo ideológico dos lazeres sustenta o status quo, como as suas formas se constituem em parte essencial dos mecanismos de mais-valia. De uma ou outra maneira o ócio não se constitui como fuga à exploração.
Neste quadro, a autoridade exercida pelas empresas não se restringe à jornada de trabalho, mas abarca, inclusive, camadas populacionais cada vez mais amplas, pelo longo das vinte e quatro horas do dia e dos sete dias da semana [1]. Apresentando, portanto, uma situação paradoxal do tempo e do trabalho, pois quando não estão a consumir no tempo “liberado” do trabalho, os desempregados ou empregados precários e temporários passam boa parte do seu tempo “livre” exatamente a procurar emprego, e os trabalhadores em empregos estáveis a adquirir mais habilidades que os mantenham em suas ocupações.
Essas configurações do capitalismo atual, como resposta ante a insubordinação da classe trabalhadora, amplia o âmbito da dominação e modifica suas formas de expressão, incorporando esferas outras da vida social que não somente a tradicional concepção do processo produtivo.
Claro que essas transformações trazem consigo implicações tanto na esfera subjetiva quanto material do trabalhador e da trabalhadora.
Tendo os lazeres sido apropriados como espaço-tempo de domínio do capital, as formas de resistências a este domínio têm um valor considerável para as lutas sociais, pois representam um esforço persistente contra a mercantilização de todos os espaços da sociedade. Mesmo assim, dentro da esquerda não é habitual a discussão das maneiras de usufruir o ócio, muito provavelmente porque não haja práticas generalizadas de oposições às dominantes.
Como também parece ser um problema a ser “jogado para debaixo do tapete”, ou tratado de maneira individual, o alto índice de alcoolismo, suicídio e depressão num meio mais libertário. Claro que este não é um problema que se resume à esquerda, mas assola quase toda a população, demonstrado pelo aumento de igrejas e seitas que buscam dar um sentido à existência, aos remédios que anulam os incômodos sentimentos provocados por uma realidade angustiante [http://passapalavra.info/?p=2075].
Mesmo os que se encontram em um espectro mais radical de confrontação social não escapam de viver neste momento histórico – com maiores ou menores problemas, incluso os de sobrevivência – mas querem construir esse caminho de criação de outro mundo mais digno. Sendo assim, não podemos separar estritamente a militância pela construção por um mundo melhor – nossa causa política – das nossas causas pessoais, pois no próprio processo de luta construímos a nós mesmos. Ao mesmo tempo, não há saídas individuais, pois esse projeto político abarca todo um novo mundo e é, portanto, um projeto de classe. Então, cobra relevância, alguma resposta à pergunta de como conjugar esses dois projetos ou tempos, o pessoal e o político. Ainda que tenhamos de “comer o pão que o diabo-capital amassou” em nossas horas de trabalho, como usufruir os tempos de ócio não se integrando completamente à lógica do capital e não separando a vida pessoal do projeto político? Como encontrar o equilíbrio entre esse processo político e o espaço do indivíduo?
Restringindo a discussão apenas às formas de viver os “tempos livres”, é sintomático que boa parte da esquerda, ao menos no Brasil, não invista em bens culturais que possibilitem a ampliação de suas potencialidades, percepções e sentidos da realidade. O que pode ser exemplificado pela pouca quantidade de livros nas estantes de lares ou escritórios (muitas vezes apenas de especialização da área na qual trabalham ou estudam), nas poucas idas a peças de teatro ou concertos, na falta de conhecimento de filmes e músicas alternativas, na quase inexistência de publicações expressivas e de acesso popular no âmbito da esquerda. Nas festas universitárias, onde, ainda que com viés político, assiste-se às mesmas práticas de qualquer outra festa, sem que se saia dela com algum conhecimento acumulado sequer sobre a causa que pretensamente a originou. Nas passeatas [manifestações], em sua maioria comandada pelos sindicatos, nas quais se percebe a mesma fragmentação de classe, com as pessoas a marchar pelas ruas pré-determinadas atrás de trios elétricos [colossais carros de som] e a entoar cantos, mas sem se comunicarem, sem estreitarem os laços e contatos, então o que deveria passar como símbolo de força e solidariedade, por vezes demonstra a fraqueza atual.
Ora, num momento em que o ócio e o tempo livre são apropriados pelo capital, em que existe uma quase total integração dos lazeres no capitalismo, seja pelo mercado de consumo com sua indústria de produção de lazeres, seja pelo adestramento mental propiciado pelos computadores e meios eletrônicos, é significativo que boa parte das ações de protesto, no espaço e no tempo, se dê fora do lugar de trabalho, sobretudo nos países em que existe grande número de desempregados e uma importância maior da economia paralela. Pois, os piquetes, as ocupações e os boicotes urbanos tentam superar as dificuldades de ação no interior das empresas, ainda mais quando esses atos são realizados por desempregados e empregados, trabalhadores rurais e urbanos. Deve-se atentar, pois, para as novas formas, tempos e espaços de luta da classe trabalhadora, não inseridas nas relações de trabalho estáveis, bem como as redes de solidariedade e de ação que daí possa advir, de forma que se unam as ações de protesto nos locais e tempos de trabalho e fora deles.
Em relação às formas de tempos pretensamente livres, enquanto a indústria cultural se apropria das criativas formas artísticas populares e as converte em ritmos sedutores para as elites, estilizando-as em espetáculos midiáticos pela indústria cultural transnacional na perspectiva de desagregação, ocorrem manifestações de luta a esse processo de mercantilização.
Emanam, exatamente dos movimentos sociais e populares, práticas renovadas de sociabilidades e de resistência nos tempos livres, que vem construindo uma cultura de luta, ampliando os caminhos para que a estética e o social se conjuguem, para que os de baixo permaneçam como produtores e não sejam convertidos em meros consumidores.
É contra esta lógica que estes movimentos se posicionam na sociedade, ao defenderem uma cultura que é própria da classe trabalhadora, para que a criação artística não se transforme em espetáculo. Há já quatro anos, o MST (Movimento dos Sem-Terra) vem resgatando o carnaval de rua como processo de difusão da cultura popular através do bloco carnavalesco Unidos da Lona Preta (da regional na Grande São Paulo) [a lona preta são os plásticos pretos com que se cobrem os barracos nas ocupações], tendo por propósito, além da formação política dos militantes, a capacitação na área musical, afirmando a política por meio da cultura, tecendo identidades coletivas, tanto entre os militantes como com a sociedade de forma mais ampla. Nas diversas instâncias do MST se fazem presentes setores de arte e cultura, de comunicação etc.
Essa luta, por meio da linguagem artística, também está presente nos territórios rebeldes zapatistas. Como afirma o Subcomandante Marcos, citando por sua vez Emma Goldman, “se na tua revolução não puder bailar, não me convide para ela”. De fato, nos encontros e eventos zapatistas, todos os dias são encerrados com um longo baile, de onde normalmente se vê a lua se despedir beijando o sol; ainda que, quase surpreendentemente para os atuais padrões de consumo culturais de divertimento movidos pelas “horas felizes”, seja proibida qualquer forma de entorpecentes nas comunidades sobre controle dos insurgentes, do lícito álcool à qualquer outra droga ilícita [2]. Os zapatistas também produzem uma vasta obra literária e artística, resgatando e ressignificando a própria cultura mexicana desde baixo, dos populares e indígenas [http://passapalavra.info/?p=2677].
No Movimento dos Trabalhadores Desempregados da Argentina, a possibilidade de “tempo livre” forçado pela falta de emprego levou a outra forma de relacionamento comunitário, com preocupações no tocante ao tempo dedicado ao bairro, aos vizinhos e aos familiares, impulsionando inclusive a discussão sobre a função do trabalho, sendo que alguns grupos reivindicam o trabalho “digno” em contraposição ao “genuíno” [3]. Também entre eles são comuns os grupos de música, de comunicação alternativa, de produção de vídeos.
Estes movimentos, através de uma opção política pela arte, estão a produzir novos valores de solidariedade que reconstituem os laços interpessoais e as dimensões existenciais das pessoas, resultando numa identidade forjada e fortalecida na e pela luta, recheada por valores humanitários e de construção de um mundo novo, menos injusto e desigual. Criam, deste modo, redes de solidariedade que são tecidas nos pueblos, nos territórios, nos bairros, que é ao mesmo tempo local de residência e de trabalho, de lazer e de resistência.
É visível que, neles, as atividades culturais têm uma relevância vital, não apenas como premissa e apoio da luta, mas como um modo de convivência comunitária que se constitui também como objetivo da luta, nos permitindo visualizar o despontar de outros modos de sociabilidade.
Para além desses movimentos sociais e da possibilidade de se unir a eles em suas lutas e lazeres, e entendendo que não basta fazer parte de grupos radicais de bares e discussões, quais as possibilidades a serem vivenciadas dentro do quadro de escolhas dos sujeitos nos seus tempos de lazer?
Levando-se em conta que o consumo de massas não diz respeito apenas às formas e ao que é consumido, mas ao fato do próprio sujeito ser considerado como objeto, as respostas podem ser várias, como em São Paulo as possibilidades de shows e eventos enquanto espaço de politização e publicização das lutas, das discussões nos cineclubes, dos Saraus de esquerda, do Samba da Lona Preta do MST, do Intercultural (o último ocorreu no MST de Cajamar); da Bateria do MPL, das cervejadas das rádios livres etc. Mas, todos esses exemplos levam em comum um fato – e do contrário não conseguirão romper o ciclo global de mais-valia que se apropria tanto do tempo do trabalho como do tempo pretensamente livre –, os espaços livres só podem se constituir na luta contra o capital. Portanto, só são livres os tempos de luta.
Ainda que nos diversos espaços e tempos haja a luta em potencialidade, da forma individual e passiva até maneiras coletivas e ativas, a contradição entre a apropriação passiva e o usufruto livre do tempo está sempre presente. Se por um lado as formas dadas pelo sistema de enquadrar o tempo é um modo de controlar as pessoas e reforçar o papel das estruturas administrativas (inclusive minando os grupos que pretendem desenvolver algo diverso), por outro lado esses eventos podem levar a transgressões a pequenas normas e leis, permitir a construção e/ou o fortalecimento de laços de solidariedade, gerar o sentimento de retomada dos espaços (não à toa, nas festas públicas o contingente de policiais é muito maior).
É certa a necessidade de se ter paciência com o “tempo” vivido e experimentado por cada pessoa, mas como já afirmava Rosa Luxemburg em 1917, “é preciso ter paciência com a história […] não uma paciência inativa, cômoda, fatalista, mas [a] que emprega todas as energias, que não desanima quando parece momentaneamente bater no granito, e que nunca esquece que a brava toupeira da história cava sem descanso, dia e noite, até chegar à luz”.
Diante de uma conjuntura de descenso das lutas de esquerda e na qual os trabalhadores resistem para assemelharem-se a situação de escravos, buscando a fixação a um único patrão [http://passapalavra.info/?p=2998], esta empreitada se torna mais gigantesca. E apesar de todas as dificuldades que nos afogam, do tempo que não dispomos e de sermos constantemente constrangidos a fragmentação para garantir nossa subsistência, ou nadamos contra a corrente, ou seremos tragados pela correnteza.
Notas:
[1] Um documentário interessante que retrata o poder exercido contemporaneamente pelas transnacionais é o canadense The Corporation.
[2] A proibição do consumo de qualquer droga, incluída o álcool, em comunidades zapatistas, longe de ser um imperativo moral, atende a especificidades de seu processo de luta. A proibição do uso do álcool se deu por exigência das mulheres zapatistas, pois, antes do levante, era comum nas comunidades indígenas que o patrão no dia de pagamento embriagasse os homens e lhes pagasse um salário menor do que o combinado, os indígenas retornavam para casa e “descontavam” essa situação e outras frustrações com violências físicas e psíquicas às mulheres. Também existem relatos de mulheres indígenas que eram vendidas em troca de bebidas alcoólicas. Além da necessidade de modificar essa situação de violência às mulheres, por se tratar de um exército insurgente e guerrilheiro, se fazia essencial que nenhum tipo de informação vazasse para os não zapatistas, coisa um tanto comum quando se trata de bares e embriaguez. A polícia militar, nos anos iniciais do MST, se utilizou de estratégias de embriagar os camponeses para tentar conseguir algum tipo de informação. Aliás, o bar como local de sociabilidades é um elemento fundamental, não à toa [não por acaso] as “horas felizes” se constituem como forma institucional de “aliviar” o duro tempo de trabalho e garantir um mínimo de sociabilidade sem criticidade. De forma inversa, o bar também pode servir como local de sociabilidade e articulação dos trabalhadores. Logo após o momento de repressão mais violenta em Oaxaca, em 2006, só era quase possível conversar com alguém sobre o assunto nos bares alternativos, pois o medo geral de delações e novas repressões era muito grande.
[3] O “trabalho genuíno” remete a empregos fixos nas fábricas ou em setores de serviço público. Já o “trabalho digno”, se refere ao desenvolvimento de práticas autogestionárias de trabalho, de relações horizontais e igualitárias, que o trabalho seja executado em decorrência das necessidades concretas da coletividade.
Bibliografia:
Henry Giroux, The Mouse that Roared – Disney and the End of Innocence.
João Bernardo, «Tempos livres, livres de quê?»
João Bernardo, «Tempo, substância do capitalismo».
Marco Fernandes, «Quando o desemprego dignifica o homem e a mulher. Lições piqueteras sobre a difícil arte de organizar movimentos populares nas metrópoles neoliberais»
Li o artigo e gostei muito. Acho que realmente precisamos dar mais atenção à resistência cultural como parte do movimento anti-capital, pois o capital é anti-vida.
Enquanto lia o artigo lembrei muito do Tom Zé, que devem conhecer, acho que ele encarna esse espírito de luta que não renuncia a alegria livre e libertária. Principalmente o disco No Jardim da Política de 1985, que ao mesmo tempo que comemora a abertura política, frusta-se com a não mudança efetiva da política. Uma música que eu acho um soco no estômago é
Desafio do bóia-fria (folclore)
(TOM ZÉ – ARRANJO)
Patrão:
Meus senhores, vou lhes apresentar
uma gente não sei de que lugar,
uma coisa que imita a raça humana:
eis aqui o trabalhador da cana.
Pois agora eles só querem falar
em direitos e leis a registrar,
imagine a confusão que dá!
Eu explico pra eles a tarde inteira
esse tal de registro na carteira
atrapalha, é burrice, é besteira.
Bóia-Fria:
Mas o traquejo da lei e do direito
não degrada quem dele se apetece
pois enquanto se nutre de respeito
é o trabalhador que se enobrece.
Além disso quem chega-se à virtude
e da lei se aproxima e se convém
tá mostrando ao patrão solicitude
por querer o que dele advém.
Desse modo o registro na carteira
será nossa causa verdadeira.
Patrão:
Mas que raça de gente muquirana
me saiu esse trabalhador da cana!
ignora que a lei e a justiça
é da autoridade submissa
e quando jegue se mete a gato mestre
vai um pé pr’oeste e outro pro leste.
E assim no seu tema predileto
o diabo já passa por dileto
com esse tal de registro na carteira
que atrapalha, é burrice, é besteira.
Bóia-Fria:
Da justiça e da lei quem se aproxima
tá louvando o que vem de lá de cima
mas o luxo, o palácio, o desperdício
é com Deus que se ajusta cada vício.
Sei que a nossa caneta é o machado
mas poetas da popularidade
com sonetos e versos caprichados
já disseram por nós lá na cidade:
Que lutar por registro na carteira
será nossa causa verdadeira.
Patrão:
Não me traga cantores de protesto,
eta raça de gente que eu detesto,
só de ouvir este nome de política
eu já fico agastado e com azia,
sinto dores, a febre me arrepia
tenho a tosse a maleita e a raquítica,
pelo campo é o voto, a abertura,
já não tem mais pureza a criatura
com esse tal de registro na carteira
que atrapalha, é burrice, é besteira.
Bóia Fria:
Pois pra mim você tá é misturando
ter pureza com ser ignorante
tá chamando a burrice de elegante
a bobeira mental advogando.
Se eu estudo é lutando na peleja
da maneira de a vida melhorar
e com isso não vou abandonar
a pureza da alma sertaneja.
Desse modo o registro na carteira
será nossa causa verdadeira
abraço,
Luciana