Activistas pelos direitos humanos vão juntar-se amanhã, quinta-feira, junto ao Pavilhão Atlântico, entre as 19h e as 21h, para pedir ao cantor canadiano Leonard Cohen que cancele o seu concerto de Setembro em Israel. Protestos semelhantes tiveram lugar nas outras cidades em que Cohen tocou durante esta tournée musical, incluindo Londres, Nova Iorque, Belfast e Ottowa.
Esta acção está integrada na campanha global de “boicote, desinvestimento e sanções” (BDS) contra Israel. A campanha de BDS surge a partir de um apelo feito em 2005 por uma parte esmagadora da sociedade civil palestiniana. Ao todo, 170 partidos, sindicatos, movimentos e organizações representando palestinianos dos territórios de 1948 (Estado de Israel), 1967 (Cisjordânia e Faixa de Gaza) e da imensa diáspora apelam a que organizações da sociedade civil internacional e indivíduos de consciência imponham boicotes e implementem iniciativas de desinvestimento contra Israel, à semelhança do que foi feito contra a África do Sul na era do apartheid. Os boicotes devem manter-se até que Israel reconheça o direito inalienável dos palestinianos à autodeterminação e aja em conformidade com o direito internacional.
A política israelita de ocupação, colonização, discriminação racial e limpeza étnica ao longo das últimas décadas tem sido firmemente condenada por múltiplas resoluções da ONU e declarações de variadíssimos organismos à escala internacional. Ainda assim, a comunidade internacional está longe de acabar com os crimes sistemáticos cometidos pelo Estado de Israel. Com a campanha de BDS, chegou a hora da solidariedade internacional passar das palavras aos actos.
Ao decidir tocar em Israel, Leonard Cohen dispõe-se assim a entreter um Estado que pratica um apartheid, de cujas mãos escorrem ainda o sangue dos 1300 habitantes de Gaza mortos durante a última agressão militar. Esta acção visa apelar ao reconhecido músico para que seja coerente com os princípios que parece advogar e cancele o seu concerto em Israel. Pedimos-lhe que não contribua para o branqueamento dos crimes israelitas, que participe na campanha de boicote artístico como participaram inúmeros artistas durante a segregação racial nos EUA ou durante o apartheid na África do Sul.
“O movimento BDS chegou a Portugal” disse Ziyaad Lunat, um dos organizadores desta acção, “vamos trabalhar para cortar as relações entre o nosso país e o Estado de apartheid israelita.”
A campanha de boicote cultural a Israel conta com o apoio de inúmeros artistas, como John Berger, Ken Loach, Arundhati Roy, Roger Waters, John William, entre outros.
COMITÉ DE SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA
Contacto: Ziyaad Lunat; tlm: 93 8349206
Lisboa, 29 de Julho 2009
MÚSICA é provavelmente o melhor elo de ligação entre povos. É aquilo em que opostos conseguirão concordar sem reservas. É universal e devemos olhar para ela como tal e como um ponto de concordância e união, que tanto falta no mundo. Música apazigua a alma, promove e eleva o espírito. Tocar para um público sem fronteiras é bom para todos. E, se repararem nalguns poemas das canções de Leonard Cohen, verão referências profundas aos excessos, à guerra, à violência, contra a qual ele se insurge, e que penso ser patentemente óbvio até nestes últimos anos da sua vida. Agressão gera agressão. Deixemos alguma coisa fora da política, em campo de neutralidade, para que Todos possamos apreciar sem restrições – música e arte em geral são bons campos para a união. Sigamos esse caminho, o da paz e concórdia.