Por Passa Palavra
Se uma enquete fosse feita com pessoas e representantes de entidades de esquerda do país, provavelmente todos se manifestariam a favor da liberdade imediata de Cesare Battisti. No entanto, quando o assunto passa a exigir algum tipo de comprometimento prático que extrapole as assinaturas a petições, as cartas de solidariedade e uma ou outra fala entusiasmada em situações oportunas, de preferência perante fotógrafos ou câmeras de vídeo, o resultado tem sido bem diferente.
Há exatos sete dias, em um debate realizado pelo Comitê de Solidariedade a Cesare Battisti, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, diversas entidades de esquerda não hesitaram em afirmar que a liberdade de Battisti dependeria da ação enérgica dos movimentos sociais e que todos estavam dispostos a envidar esforços neste sentido. Foi então encaminhada, por consenso, uma manifestação pública, a ser realizada no dia 10 de dezembro, e ficou combinado que todos (ou pelos menos alguns) representantes tornariam a se encontrar para acertar os últimos detalhes do protesto.
Pois bem, na terça-feira, 1º de dezembro, na data e horário marcados, nenhuma daquelas entidades apareceu, nem mesmo aquela que espontaneamente se voluntariou a sediar a reunião; e sequer se preocuparam em apresentar justificativas. As poucas pessoas que compareceram, todas elas a título individual, discutiram de pé na calçada. Será que para os ausentes a liberdade de Cesare Battisti é certa e a ação dos movimentos sociais prescindível, contrariando tudo o que disseram há sete dias atrás?
Apesar disto, as pessoas presentes concluíram que o ato do dia 10 deve ser mantido. Se haverá forças para fazê-lo é o que resta verificar. A conversa, que transcorreu numa calçada do centro de São Paulo, acertou que uma carta será redigida e que todas as entidades da sociedade civil serão convidadas a assiná-la e a auxiliar na distribuição. A vigília em defesa da liberdade de Cesare Battisti deve ser realizada na Av. Paulista, no dia 10, e marchará ao encontro de outras manifestações que deverão ocorrer no mesmo dia, por ocasião do dia internacional dos Direitos Humanos.
O mais absurdo é que o carinha da Intersindical se propos a garantir o salão, ficamos na porta plantados que nem uns palhaços e ninguem apareceu para abrir o salão.
Pra mim parece que em geral o pessoal dos grupos de esquerda não está nem aí para o caso. Descaso mesmo…
Em Belo Horizonte, no próximo dia 9, no contexto da “Semana Internacional dos Direitos Humanos”, promovida pelo Instituto Helena Grecco de Direitos Humanos e Cidadania” (ver detalhes na Caixa EVENTOS aqui ao lado), está pautada discussão sobre ações para libertação de Cesare Batttisti.
Em Joinville estamos fazendo o esforço para realizar um ato, simples, mas de grande importância.
(apesar da esquerda,) no dia 10 estejamos lá, todos que puderem.
Numerosos movimentos sociais ocuparam a câmar do DF pra mudar o governador? Bacana…
Mas melhor seria se agissem de forma tão rápida e incisiva no caso Battisti, no qual existem implicações muito mais profundas em termos de liberdade, justiça e defender conquistas políticas.
Talvez o fato seja esse: não existem mais atores ou sujeitos anticapitalistas, estão reduzidos a uns poucos. O que existe ainda de ação coletiva é em grande parte dentro dos marcos de um imaginário burguês-liberal, aquele que quer moralizar a democracia burguesa.
Caro Leo,
Mas é que os partidos e os movimentos – quantos deles ligados a partidos? – que se precipitam para expulsar um governador e vários deputados acusados de malfeitorias têm a esperança de ocupar esses lugares. Enquanto que, se conseguirem tirar o Cesare Battisti da prisão, certamente não será para ocuparem o lugar dele.
Petição pela liberdade de Batisti: http://cesarelivre.org/node/219
E gostei do comentário do João. Concordo.
Exatamente Leo e João…