Este vídeo relata mais um caso de despejo na zona sul de São Paulo e a luta de algumas famílias que resistem bravamente. Por Rede Extremo Sul

Ao longo dos últimos anos temos acompanhado a multiplicação de despejos e remoções absurdas, muitas vezes de bairros e comunidades inteiras, ocorrendo por diversas áreas da Região Metropolitana de São Paulo. O roteiro repete-se como num pesadelo, com os mesmos personagens envolvidos: grandes empreiteiras e construtoras; certos políticos e agentes do poder público ligados às tais empresas; assistentes sociais que se prestam ao papel de polícia; e, quando há resistência, a polícia propriamente dita agindo com extrema truculência contra a população que, formalmente, deveria proteger.

Este vídeo relata mais um capítulo desta longa e terrível estória. Agora o cenário é a Vila Rubi, uma comunidade com quase 40 anos de existência, constituída por cerca de 500 famílias, segundo informações oficiais da própria Prefeitura de São Paulo, e situada no distrito de Cidade Dutra, no extremo sul da cidade de São Paulo. Uma parte dessa comunidade está sendo despejada, sob o pretexto de canalização e despoluição de um córrego que cruza a comunidade, bem como, segundo boatos, a “construção de uma praça nas imediações”. Trata-se de uma área dentro do perímetro prioritário do “Programa Mananciais” e da “Operação Defesa das Águas”, programas estatais bilionários, que mobilizam recursos dos governos municipal, estadual e federal, bem como de instituições internacionais, e que, sob o véu da preservação ambiental, estão contribuindo para a promoção de grandes reestruturações do espaço urbano na cidade de São Paulo, sob a égide da especulação imobiliária.

Acontece que, exatamente da mesma maneira que vem ocorrendo em dezenas de outras localidades, uma série de abusos e arbitrariedades segue sendo cometida pela Prefeitura de São Paulo e pelo Consórcio Santa Bárbara, a construtora escolhida pelo poder público para executar as remoções e realizar a obra no local. A mesma que conduziu os despejos no Jardim Toca (Parque Cocaia I), também de uma forma brutal… Dentre as metodologias, se destacam as ameaças, as acusações, os esforços para dividir a comunidade, individualizando os despejos: oferecendo num caso um auxílio-aluguel; noutro um auxílio-aluguel mais cinco mil reais; num terceiro, dois auxílios-aluguel, e assim por diante.

No decorrer de todo o processo, assusta-nos a sistemática sonegação de informação, já que às famílias não foi sequer apresentado o projeto da obra.
Diante disso, como o vídeo também mostra, algumas famílias se organizaram, dispostas a resistir. Além de reuniões na comunidade, elas realizaram uma manifestação em frente ao canteiro de obras da Construtora Santa Bárbara, exigindo informações sobre as remoções, e reivindicando seu direito à moradia. Até o momento, a resposta dos responsáveis pelos despejos – poder público e construtora – tem sido a recusa ao diálogo com as famílias organizadas. No entanto, estas insistem em afirmar com clareza: “só deixaremos nossas casas em troca de uma moradia digna na mesma região”.

Mais informações, acesse

http://redeextremosul.wordpress.com/

Rede de Comunidades do Extremo-Sul de São Paulo-SP

6 COMENTÁRIOS

  1. Camaradas, ótimo filme! Ainda precário no uso da linguagem audiovisual, (inclusive: tentem conferir a proporção da janela do video… o quadro do vimeo parece estar comprimido no meio, diminuindo um pouco a imagem, embora a qualidade esteja tranquila, deve ser uma questão de compatibilidade de janelas) mas o discurso e a consciência destas comunidades parece crescer a cada dia!
    Este video, pegando os depoimentos somados a mobilização contra os despejos, e a cada filme vão desenvolvendo um pouco mais uma narrativa comum de todas as comunidades, o video como instrumento de aproximação e união das comunidades!
    Parabéns pelo trabalho dxs compxs do PP. Viva a investigação e contra informação.
    À estas palavras que se passam, palavras que andam!
    Palavras, que esta política de guetos, migração e extermínio não vão calar.
    Cada palavra rebelde passada no olhar de desespero destas mulheres também é uma barricada na construção de uma subjetividade de resistência.
    Parabéns a resistência da Vila Rubi e outras comunidades!
    !Arriba los que luchan!
    Saudações solidárias
    Nico

  2. Caro Nico,

    Apenas para esclarecer. O melhor de tudo neste vídeo é que sua edição é resultado de uma oficina feita (intensamente) junto a alguns moradores da Vila Rubi. Por isso, ele não é assinado nem pela Rede Extremo Sul, menos ainda pelo Passa Palavra, que, neste caso especificamente, é um mero veículo difusor.

    Abraços,
    Taiguara

  3. Salve Taiguara!
    Perfeito! Maravilhoso! E viva esta rapaziada!
    Parabéns para todxs então!!!
    Viva a luta da Vila Rubi!
    abç
    N.

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