Por Rodrigo Araújo
Financiar sua atividade, viver na universidade e eventualmente atuar em algum campo de luta são alguns dos aspectos a serem refletidos. Se o objetivo é vencer o inimigo interno, penso que identifico um: Como e por que os acadêmicos, por mais bem intencionados que sejam, podem acabar contribuindo mais para a burocratização das lutas sociais do que propriamente para a criação de práticas de autogestão e de expansão da solidariedade de classe? Tentando entender o problema dividi-o em três partes como meio de encaminhar algumas respostas, passando desde o ponto de vista do acadêmico até o ponto de vista das lutas sociais.
1. O problema para os acadêmicos: O financiamento
O meio acadêmico hoje é praticamente o único meio possível para aqueles que querem sobreviver fazendo algum tipo de atividade intelectual. Como nos informa Russell Jacoby [1] a respeito do ambiente intelectual estadunidense, lá existe um vazio na sequência das gerações de intelectuais preocupados com questões públicas. Até 1987, data da publicação da obra, os últimos intelectuais que se dirigiam a um público mais amplo que o universo acadêmico eram aqueles ainda formados durante a década de 1950. Pesquisando a respeito de suas causas, ele aponta que vários fatores se conjugaram para este processo.
Inicialmente relata o fim dos espaços da chamada boemia, que animava, inspirava e servia de abrigo aos intelectuais. Concomitante a isto, o momento pós segunda guerra mundial e seu crescimento econômico geraram a necessidade da expansão do sistema de ensino. Isto fez com que as universidades fossem expandidas e se tornassem paulatinamente um espaço mais aprazível para aqueles que quisessem viver uma vida dedicada aos estudos e à produção de textos. Ali, longe das dificuldades de se viver uma vida conturbada, à procura de editores que estivessem dispostos a publicar seus textos, poderiam tranquilamente viver a estabilidade e desenvolver seus trabalhos.
Em um primeiro momento, a conversão do intelectual público, preocupado com questões de seu tempo e espaço, em um acadêmico não gerou grandes modificações no que tange às suas inspirações. Eles haviam sido formados ainda sob outra tradição e eram ainda frutos desse antigo espaço. Isto fazia-os carregarem consigo a ética de polemistas públicos. Contudo, a segunda geração de intelectuais na academia teve um comportamento diferente. Como já não tinham mais ligação com o antigo meio que animava e inspirava seus escritos, estes autores, agora convertidos em simples acadêmicos, acabaram se fechando às preocupações externas e passaram a visualizar muito mais os problemas concernentes à vida no campus do que propriamente os problemas da vida em geral.
Em paralelo a esta situação, assiste-se ao fim da possibilidade de se viver exclusivamente como escritor. De um lado, há um processo de oligopolização dos meios de comunicação escritos, fazendo com que os intelectuais ficassem à mercê de grupos de patrões cada vez mais exclusivos. Esta exclusividade faz com que estes patrões tenham um aumento na capacidade de imposição de suas próprias expectativas. Por outro lado, há o aumento no número de escritores ocasionado pela formação maciça de novos acadêmicos.
Neste quadro reforça-se a necessidade de profissionalização da atividade intelectual, que acaba por invadir as produções e as representações dos acadêmicos. Isto fez com que utilizassem uma linguagem cada vez mais hermética, baseada em demandas cada vez mais corporativas. Como consequência, ficou inviável ao leitor não especializado tomar parte da produção de seu tempo, abrindo um fosso entre a produção intelectual e o público relativamente esclarecido, mas não especializado. Este ambiente acabou por reforçar a tendência dos intelectuais procurarem a academia como meio de sobrevivência. Apesar de descrever a situação estadunidense, pode-se também aplicar a todos os espaços onde existiram demandas análogas.
No caso do Brasil, durante a década de 1970, houve uma reestruturação nos padrões de produção acadêmica com vistas à profissionalização, sendo que este processo tem o segundo momento por volta de 1985, com a explosão dos cursos de pós-graduação ocasionando a intensificação das demandas de profissionalização no meio acadêmico. Um terceiro momento do mesmo processo ocorre durante a década de 1990, com a inserção de critérios de produtividade que tem no currículo Lattes o seu eixo central, que funciona como um sistema de fiscalização da produtividade no trabalho acadêmico.
Neste mesmo período vê-se também a consolidação dos grandes grupos de telecomunicação em nível nacional, que geram a notícia rápida e fácil para o telespectador consumidor e a consequente perda de prestígio dos jornais escritos, sob o argumento principal de serem considerados demasiadamente “ideológicos”. O momento de relativa liberdade pós ditadura acentuou a tendência de migração aos espaços universitários.
De forma que este é hoje o panorama para aqueles que querem se dedicar às causas públicas pensando e dando sua contribuição para os processos de lutas que se desenvolvem neste tempo. O militante acadêmico tem uma dura escolha a fazer: entrar na academia e eventualmente ganhar uma bolsa (de repente passar em um concurso), ou não ter como tirar cópias de livros, pagar contas, comprar comida… Há realmente uma escolha?
2. O problema nos acadêmicos: a conformação de seu espírito.
Não há escolha, o jeito é trabalhar bastante, entregar sua própria energia espiritual, mental e física, por vários anos e cavar seu lugar na academia. Contudo, Henri Bergson ajuda a problematizar algo que em um exame superficial parece simples. Buscando compreender os pontos de contato entre a matéria e a memória, considerando para isso o funcionamento dos diversos sistemas do corpo humano, sentencia: “[…] o nosso corpo é um instrumento de ação, e somente de ação. Em nenhum grau, em nenhum sentido, sob nenhum aspecto ele serve para preparar, e muito menos explicar uma representação.” [2]
Diz que nossa memória serve somente para o efeito de dar continuidade a uma ação passada e como consequência nossa consciência está condicionada pelo fato básico do exercício de ação sobre o mundo. Encerrando a questão, diz o seguinte: “O Espírito retira da matéria as percepções que serão seu alimento, e as devolve a ela na forma de movimento, em que imprimiu sua liberdade.” [3]
Evidentemente esta questão não se encerra aqui; porém, para o efeito da composição deste texto, nos atenhamos em um ponto. Acontece que o “espírito” do acadêmico está enclausurado nos muros do campus e paulatinamente suas preocupações vão se tornando as preocupações do campus, e sua apreciação da realidade vai se tornando a perspectiva do campus. Sua mente se torna a mente do campus e disso não há como escapar, pois o campus passa a compor o presente e o passado do acadêmico e consequentemente passa a animar suas aspirações de futuro.
Mesmo aqueles elementos mais radicais são reduzidos a uma radicalidade puramente teórica, e a maioria acaba por ter uma apreciação puramente livresca (formalista) do real. Passam a visualizar as lutas muito mais do ponto de vista teórico do que do ponto de vista prático. A partir disto é fácil perceber como ocorre incorporação da prática social formalista na prática individual dos acadêmicos, pois a partir deste ponto tendem a reproduzi-la em espaços sociais mais amplos. A principal demanda que concorre para a incorporação desse jeito acadêmico é a profissionalização crescente do campo. Esta profissionalização crescente e o consequente aumento na concorrência, acentuado pela necessidade de legitimarem-se no campo, faz com que o acadêmico passe a buscar ativamente a adaptação neste meio.
Evidentemente esta forma de ser não passa impune e o problema se torna real para nós quando o acadêmico passa a atuar nos mais variados espaços de luta. Internamente à academia, tende a reduzir suas demandas à liberdade puramente acadêmica, sem compreender que a realização do que se produz naquele espaço se dá no mundo exterior. Engendram um tipo de comportamento corporativista, que os faz ficar sujeitos a controles hierárquicos, pois se não pensam as consequências de seus esforços, alguém há de pensar.
O fato é que, quando os acadêmicos conseguem essas liberdades, o contraste em relação ao restante da sociedade é enorme. Aquilo que inicialmente deveria servir ao acadêmico acaba se tornando o seu revés e se converte no motor da crítica dos conservadores, pois aquele espaço passa a se parecer mais com uma ilha da fantasia, uma bolha de liberdade, um privilégio, que acaba sendo desperdiçado, levando à deslegitimação desses espaços relativamente livres.
Isto para aqueles que por conta de sua trajetória individual acabam se afeiçoando a questões mais amplas. Porque de forma geral o que ocorre é que as demandas internas ao campo acadêmico acabam por formar indivíduos preocupados em promoverem suas carreiras em detrimento das demandas de um espaço social mais amplo. Porém, mesmo aqueles que têm preocupações exteriores ao espaço acadêmico acabam por reproduzir nas estruturas de organização da luta o mesmo modelo em que é concebido e organizado o trabalho dentro da academia.
3. O problema dos acadêmicos: a ação burocratizante.
Quando inseridos em espaços de luta tendem a reproduzir o tipo de prática acadêmica, baseada em métodos formalistas. Tendem a valorizar muito mais lemas e estruturas do que propriamente a socialização de eventuais acúmulos (tanto materiais quanto em nível de reflexão). Em nome de objetivos políticos, tendem a impor um programa acabado, esquecendo que é na construção do próprio programa que as pessoas se apropriarão do conteúdo das lutas. Em minha opinião, acabam por colocar “os carros na frente dos bois” por conceberem a teoria emancipatória anterior à prática de emancipação.
Isto pode ocorrer por justificativas diversas, que vão do simples critério de produtividade quantitativista até uma desconfiança velada sobre a capacidade dos explorados de formularem os termos da própria libertação. Evidentemente não se trata aqui de ser antiteoria e antiorganização. Trata-se antes de entender que a teoria e a organização devem estar em função de uma luta prática e não o contrário.
Assim é que vemos acadêmicos da área de direito forçando a criação de associações de bairro sem existir propriamente a participação dos moradores (ou mesmo lhe dificultando o ingresso ao criarem entraves à participação geral sob o pretexto de perderem o objetivo político); acadêmicos da área de humanidades imbuídos da criação de estruturas de organização de coletivos que garantam plena igualdade entre seus pares, sem porém necessariamente existir uma luta e/ou mais preocupados em descreverem uma situação do que propriamente analisando suas causas; a lista seria interminável…
Ao fazerem isso concentram em si o poder de decisão, por mais que formalmente se refiram ao próprio coletivo enquanto revolucionário (libertário, autogestionário, comunista, socialista, etc.) acabam alheando outras pessoas de eventuais contribuições e da apropriação do já acumulado. Ao fazerem isto, por mais bem intencionados que sejam, acabam por reproduzir as hierarquias de fato, que são homólogas às do sistema capitalista, ou seja, privilegiam um tipo de hierarquia entre aqueles supostamente instruídos sob algum ponto de vista, em oposição àqueles que supostamente não são instruídos sob o mesmo ponto de vista.
Não sei se a esta altura já está claro o que quero dizer, mas o que me parece é que todas estas pessoas e organizações trabalham com uma metodologia de luta que é alheia ao próprio objetivo da luta. Reproduzem a academia nos espaços mais variados e esquecem que o fundamental é a capacidade destes espaços se tornarem, em longo prazo, espaços de pedagogia da prática de emancipação. A luta é o veículo que garantirá a formação prática das gerações de lutadores, que adquirirão o conhecimento necessário para gerir a sociedade futura.
Depois de todas estas constatações, me parece que a questão deve ser colocada nos seguintes termos: no âmbito das vanguardas, sua iniciativa deve caminhar no sentido da socialização dos seus avanços na luta. Necessário para que haja a retroalimentação (vanguarda-base) e a constante ampliação daqueles dispostos a lutar. No âmbito das bases, estas têm que ter interesse constante em tomar para si a gestão das lutas, garantindo a socialização de todo o acúmulo e impedindo a consolidação de direções.
Para isso é imprescindível o mecanismo de rotatividade, bem como a manutenção da prática de horizontalidade entre os membros. O que eu me pergunto é – e talvez por falta de experiência não saiba responder: de que forma faremos para vir à tona essa atitude das bases? Ou seja, o que fará as pessoas verem que sua participação ativa é fundamental para que se impeça a formação de novas burocracias no interior das lutas sociais?
Notas
[1] JACOBY, R. Os Últimos Intelectuais: a cultura americana na era da academia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1990.
[2] BERGSON, H. Matéria e Memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes, 2006. pp. 263.
[3] Ibidem. pp. 291.
É. Em períodos de não acirramento da luta de classes a tendência é esta mesma. Com raríssimas exceções se encontram alguns intelectuais ou militantes acadêmicos com estas preocupações, e valores e sentimentos revolucionários.
Nestes períodos a academia acaba por “monopolizar” o pensamento revolucionário, já que pouco se pensa nisso nos bares, movimentos sociais (com raras exceções também), etc, sobre este nicho (de mercado, inclusive) para os acadêmicos. Alguns até que contribuem com o processo… alguns…
Eu que já vivi os dois lados, do movimento e da academia, me identifiquei com esta boa reflexão trazida por Rodrigo Araújo. A institucionalidade acadêmica tende a engessar a ação política concreta. Para quem está preso nas malhas da produção acadêmica, assim como a matéria se torna alienação do espírito, as lutas sociais tornam-se alienação da razão.
Toda prática que não se enquadra no tipo-ideal da “verdadeira luta revolucionária” é descartada. A pessoa é tomada por um misto de impotência e arrogância que não leva a outro caminho que não a frustração. A menos que rompa com esse esquema, eis o desafio…
Escrevi este artigo e ele é meio crítica e autocrítica, pois também venho do meio acadêmico.
Não sei se consegui passar isso neste texto, mais a questão mais importante a que me dediquei foi a de enxergar os motivos pelos quais o ser acadêmico acaba se tornando impulsionador de hierarquias nos movimentos sociais.
As pessoas acreditam de uma tal maneira que estão imbuídas do melhor pensamento que na prática de defesa daquilo que pensam ser a melhor ideia acabam por criar, mesmo que sem querer, uma prática hierárquica, pois desconsideram as contribuições de outras vivências. Se constroem como um tipo de autoridade.
Dai para cair no que o Iraldo comentou é um pulinho. A fé religiosa em algum ideal pode levar sim ao imobilismo sectário. Mas também pode abrir caminho à construção dos gestores de multidões.
Em outro artigo publicado aqui no passa vi o termo Limitante para descrever o militante engajado de forma religiosa. Acredito que o acadêmico sofre do mesmo mal e também é um Limitante. Mas dependendo da situação pode ser algo pior.
Pensando nessa reflexão do Rodrigo Araújo, lembrei de como é o sentimento de engessamento trazido pelo cotidiano da academia. O meio acadêmico envolve os universitários em questões que basicamente só dizem respeito a ele mesmo. Muitas vezes, quando ainda era um graduando, sentia como se não pudesse abstrair daquele meio. Principalmente quando se assiste à assembléias, a sensação é de que as preocupações do mundo exterior são menos importantes do que as questões desenvolvidas dentro da universidade. Quando saímos da universidade e deparamos com a realidade das escola públicas, no cotidiano da sala de aula, percebemos que os estudantes estão ainda envolvidos com problemas que parecem ser “pontos batidos” no meio universitário, como tráfico de drogas e desestruturação familiar. Acredito que para as bases chegarem no pensamento e ação autônomos, é necessário que elas vençam questões ainda muito fortes em seu dia a dia. Questões que não serão levadas em conta se o direcionamento vier de cima pra baixo, como fazem de forma direta ou indireta os grupos vindos da universidade. Além disso, penso que só é possível enxergar os entraves da base se se vive como a base. Talvez para que a burocratização não tenha lugar, seja necessário que os grupos de luta sociais sejam imersos no cotidiano da base, entendendo seus verdadeiros anseios.
Boa análise. Abre possibilidade para se discutir muitas coisas: o papel dos intelectuais nas lutas, a universidade e sua transformação associada a reestruturação produtiva, o olhar externo (a partir “do campus”) da realidade, etc. Com relação à questão do financiamento o que a gente vai percebendo é que toda a discussão em torno da universidade pública se relaciona a uma bandeira defensiva frente às políticas neoliberais de ensino. Luta-se pela manutenção ou resgate de um modelo iluminista onde a “liberdade” e autonomia financeira da universidade está relacionada ao seu projeto de “consciência externa e coletiva” da sociedade, que acumula e extende conhecimentos – neste aspecto a universidade é essencialmente burocrática. O sentido da privatização neoliberal da universidade pública pode ser o esgotamento formal desta finalidade original da universidade frente às novas tarefas da educação diante do capitalismo monopolista – ao menos no âmbito de países como o Brasil – e pode sinalizar também o fato de que uma consciência exterior também vai criando condições para lutas contrárias à lógica do capital – e daí a repressão aos movimentos da universidade, expulsões de ativistas e demissões de trabalhadores, polícia e controle preventivo (catracas, cameras, etc.) no campus, encerramento de festas e espaços estudantis. Então, acho que a luta na universidade tem esta dupla dimensão: a defesa de espaços de relativa liberdade na universidade por meio da luta contra sua privatização e defesa de seu aspecto “público” encontra limites pois se encerra dentro de uma lógica iluminista, extencionista e burocrática, mas ainda cumpre um papel defensivo já que o espaço público e os encontros promovidos pelo meio universitário podem significar um momento privilegiado para formar e gerar lutas. Com relação à burocratização e os intelectuais, penso que ela tem a ver sim com este afastamento da realidade e a próprio forma como o olhar de um pesquisador é construído e deformado ao longo dos cursos. Porém, isto também tem a ver com tradições políticas do nosso próprio movimento – boa parte dele na clandestinidade – e deficiências organizativas. Ainda, acho que o problema da burocracia não podem ser apenas admitidos dentro de um quadro de normas jurídicas de organização “rotatividade de direções, mecanismos de controle pela base via recall”. é óbvio que este não é tom do seu texto, mas acredito que o problema da autogestão deve ser sempre associado a uma política anticapitalista (ativas e coletivas) permanente sendo as formas de organização (ainda que mediadas por alguns princípios mínimos) antes reflexos do que causas destas políticas. Encerro por aqui pois este debate vai longe….Continuamos o debate e a luta. abraços cabeça!
Não tenho dúvidas sobre o que diz. Acho que não são necessariamente as instituições que construirão as pessoas. Mas as pessoas que construirão as instituições, em um processo dinâmico em que aqueles que formam as instituições sejam também por elas reformadas, abrindo espaço a um novo ciclo de formação de instituições e de reformas.
Sobre a relação entre a questão da tradição política e a burocratização, eu também acho que você está correto, mas é de se notar que a própria instituição acadêmica também é uma das forças que atuarão no sentido de burocratizar a ação acadêmica. Como bem disse ela não é neutra. E foi para este aspecto que quis direcionar meu foco.
A mobilização e a divisão de tarefas de gestão das lutas são os meios pelos quais se superam esta situação.