Carta de Apoio a Cesare Battisti

Nós, organizações participantes do IX ELAOPA (Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas), manifestamos publicamente nossa posição em  defesa da liberdade imediata de Cesare Battisti.

Para além das manobras jurídicas e burocráticas que o mantêm preso, sabemos que Battisti é perseguido por, durante a década de 70, ter sido mais um entre tantos outros lutadores por justiça social que, naqueles anos de chumbo italianos, se negou a submeter sua atividade política às vias institucionais e parlamentares, tendo sempre defendido o caráter livre e autônomo das organizações populares.

Eis que hoje, 30 anos depois, o temos preso no Brasil. Mas quem são estes que raivosamente se levantam contra sua libertação? Mera Vingança? Essa perseguição específica ao Cesare Battisti pode ser explicada tanto por ele continuar militando após os anos de chumbo quanto pelo fato dele não ter se vinculado a qualquer grupo estatal, empresarial ou de outras formas burocráticas, mantendo sua postura crítica e revolucionária.

E, de um ponto de vista geral, certamente os inimigos de Cesare são os mesmos que querem apagar da memória os mais de 20 anos de tortura e ferrenha perseguição política que marcaram a recente história brasileira. E fazem isso consoantemente aos interesses não menos podres de uma crescente onda neofascista na Itália que se estende por toda a Europa.

Simultaneamente, Battisti é utilizado como bode expiatório para disputa de poder na França (Sarkozy), Itália (Berlusconi) e Brasil (Gilmar Mendes e Cezar Peluso). Assim, a entrega de Battisti aos seus inquisitores representaria a vitória de uma articulação internacional dos velhos senhores do poder e, ao mesmo tempo, uma irrecuperável derrota do internacionalismo dos trabalhadores.

Mais de que a vida de um homem, o que está sendo julgado nesse momento é o passado e o futuro dos movimentos sociais. Está posta em causa a nossa capacidade de organização, solidariedade e de forjarmos a nossa própria memória.

Com base nos princípios do ELAOPA, de solidariedade de classe, internacionalismo é que entendemos nosso papel fundamental pela defesa de um militante autônomo que atuou toda sua vida em organizações libertárias.

Da cadeia, Battisti saudou com um abraço aquelas e aqueles cujos corações ainda batem por liberdade. Das ruas, só há uma forma de retribuir este gesto: com luta.

Libertemos Cesare Battisti, libertemo-nos!

ELAOPA – 24/01/2011

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