Striking workers of the financially troubled Ssangyong Motor Co., the ailing Korean automaker, and its Chinese majority shareholder, shout slogans as they occupying their plant, during a rally against the management's restructuring plan at the car maker's plant in Pyeongtaek, South Korea, Wednesday, July 1, 2009. Unionist at Ssangyong Motor Co. said Sunday they will continue on with their fight to protect the jobs of fellow workers, after violent clashes broke out with management that led to numerous injuries. (AP Photo/ Lee Jin-man)

 Por Loren Goldner

 

Passaram já dois anos desde que a administração da Ssangyong Motor Company, em Pyongtaek, na Coreia do Sul, anunciou o despedimento [demissão] de mil operários. Pouco depois, esses operários conseguiram ocupar a fábrica durante 77 dias, de Maio a Agosto de 2009, até serem por fim derrotados por um assalto maciço da polícia e do exército.

Leia aqui, aqui e aqui os artigos de Loren Goldner no Passa Palavra acerca da greve na Ssangyong.

Logo em seguida, muitos militantes foram presos e alguns foram condenados a vários anos de prisão. A maior parte, no entanto, foi vítima de despedimento, por formas diversas. A alguns foi prometido que seriam reintegrados passado um ano, o que até agora não sucedeu.

Dois anos após o começo dos acontecimentos, contam-se 14 pessoas mortas, tanto grevistas como seus familiares. Por um lado, isto explica-se pela situação daquele campo de trabalho chamado Coreia do Sul, incluindo um surto de mortes por cancro [câncer] entre os operários da Samsung e quatro suicídios recentes de alunos do KAIST, o principal instituto de ciência e tecnologia do país, devido à grande pressão a que são submetidos. Entre as economias industriais desenvolvidas é a Coreia do Sul que tem a maior taxa de sucídios e a mais longa semana de trabalho, e rivaliza com os Estados Unidos em número de acidentes de trabalho per capita.

Cinco operários da Ssangyong suicidaram-se e cinco morreram de doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e hemorragias cerebrais. Segundo os médicos, isto deveu-se à grave situação de stress após a greve e os despedimentos. Alguns dos suicídios deveram-se a problemas económicos motivados pelos despedimentos.

Em Fevereiro de 2011 um operário em situação de licença sem vencimento [licença não remunerada] morreu de um ataque cardíaco. Preocupada com os despedimentos, a sua esposa havia-se suicidado em Abril de 2010. O casal tinha dois filhos e a sua conta bancária estava a aproximar-se do zero.

O Hangyereh, um jornal coreano da esquerda moderada, fornece mais alguns esclarecimentos:
– Segundo um hospital coreano, mais de metade dos grevistas da Ssangyong que ali estiveram em tratamento sofrem de síndrome de stress pós-traumático e 80% sofrem de depressão grave. Praticamente todos os operários que participaram no movimento reconhecem uma deterioração na vida conjugal. O salário mensal que recebem depois da reestruturação da empresa, no montante de 822.800 Won (US$757), representa uma redução de 74% relativamente ao salário anterior.
– Depois da derrota da greve, 462 operários ficaram em licença sem vencimento. Esta situação devia durar um ano, mas o período já passou e a companhia continua a declarar que não tem condições para os readmitir. Os operários que se aposentaram [licenciaram] ou foram despedidos estão com dificuldade de arranjar novos empregos, devido ao estigma Ssangyong, e têm de sobreviver com trabalhos precários ou biscates [bicos]. Por outro lado, nota-se a ausência de qualquer assistência social que os ajude a enfrentar as más condições de saúde e os problemas económicos.

Podemos sem exagero classificar estas mortes como homicídios sociais.

Não vamos esquecer estes companheiros, nossos irmãos e irmãs, que morreram na guerra de classe.

Por favor, difundam por todos os meios esta notícia!

A fábrica da Ssangyong durante a ocupação
A fábrica da Ssangyong durante a ocupação

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