Por Passa Palavra

Eram por volta de 8h desta terça-feira, 19 de junho, quando um grupo de moradoras e moradores do Grajaú adentrou o prédio da Subprefeitura da Capela do Socorro, na zona sul de São Paulo, e acorrentou 2 manifestantes a uma coluna do saguão de entrada do local.

O ato, organizado pela Rede Extremo Sul, tinha por objetivo cobrar um posicionamento, público e por escrito, da Subprefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde em relação à promessa de pôr em funcionamento imediato a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Cantinho do Céu, uma comunidade da região. Feita após um outro ato organizado pelos moradores, a promessa, no entanto e mais uma vez, não foi cumprida, e a precariedade do serviço público de todo o Grajaú se estende indefinidamente. Como é comum nesses casos, um órgão público vai empurrando a responsabilidade para outro, sem que nenhum tome medidas que resolvam efetivamente a situação.

Sob os desconfiados olhares da Guarda Ambiental e da Guarda Civil Metropolitana, os manifestantes explicavam às pessoas que iam chegando ao saguão que a reivindicação apresentada não dizia respeito apenas aos moradores do Cantinho do Céu, já que, precisando ser atendidas, muitas famílias deslocam-se para postos de saúde de bairros vizinhos, levando ao sobrecarregamento destas unidades e à consequente precariedade do serviço em toda a região.

“O Cantinho do Céu é só o primeiro [posto] de um monte que a gente tem que construir na região” – explicava um dos manifestantes. “Não adianta a gente fazer propaganda na televisão falando que tá tudo bem, se tem gente doente sendo tratada com água contaminada no posto da Chácara Santo Amaro” – denunciava outro.

Desde o início, foi avisado: a cada hora que passasse e o esclarecimento público não tivesse ocorrido, mais uma pessoa se acorrentaria. Assim, às 9h20 outro morador da comunidade se acorrentou, pouco antes do subprefeito Marco Antônio Augusto (que, apesar de todo esforço em parecer simpático, trata-se de mais um ex-coronel a assumir cargo deste tipo na administração da cidade) receber alguns representantes do protesto em seu gabinete.

Enquanto isso, a atividade dos acorrentados, sem interromper o atendimento da subprefeitura, seguia interagindo com a população que se dirigia ao local – como o faz cotidianamente – para levar as infinitas demandas de quem mora na região periférica da cidade. Músicas, batuques e falas alternavam-se no saguão do prédio, e várias denúncias eram apresentadas.

Uma das primeiras a ser acorrentadas, Ana Vitória, de 56 anos, há 22 moradora do bairro Gaivotas, disse: “Faz muitos anos que a gente está lutando com os moradores pela construção ou aluguel do espaço”. E, de fato, ela foi uma das pessoas que esteve nas mobilizações que levaram à implantação da UBS Gaivotas, há cerca de 10 anos, onde atua hoje como conselheira. “Na última reunião que tivemos na subprefeitura, a gente disse que ia até o final. É necessário alguém abrir a boca” – manifestava ela ao sistema de som improvisado na entrada do prédio público.

Cronograma de cumprimento firmado pelos órgão públicos

Em abril desse ano, a Coordenadoria de Saúde se comprometeu a alugar um espaço e destiná-lo à implementação da UBS Cantinho do Céu, que há anos é reivindicado pelos moradores. Mesmo após vários tipos de manifestação, como já dissemos, a promessa não foi cumprida.

Durante a audiência entre os representantes da manifestação, da Subprefeitura da Capela do Socorro e da Coordenadoria de Saúde, o subprefeito alegou que a via do aluguel não havia dado certo, por conta de uma série de problemas de documentação, mas que já estava tramitando um processo de desapropriação, com vistas à instalação da Unidade Básica de Saúde.

Por volta das 12h30, quando os acorrentados já eram 6, foi apresentado aos manifestantes um documento, assinado pelo subprefeito, onde consta um cronograma de cumprimento das exigências.

Estimou-se em 60 dias o prazo para a conclusão do processo de desapropriação; e entre 90 e 120 dias o tempo para a adequação e reforma do espaço. Quanto ao pleno funcionamento da UBS, o documento remete a responsabilidade à empresa de engenharia responsável pela entrega do equipamento de saúde.

Se o acordo será cumprido, é o que veremos. Em caso negativo, os moradores declararam estar dispostos a voltar ao local com mais pessoas e disposição. Como disse Renan, morador do Recanto Cocaia que comemorou o seu aniversário de 21 anos acorrentado junto à coluna do saguão da subprefeitura, “pra pobre, nada é de graça, então vamos fazer barulho”.

 Veja aqui e aqui comunicados da Rede Extremo Sul a respeito do protesto.

Assista a um pequeno vídeo do protesto:

UBS do Cantinho do Céu Já!!! from Rede Extremo Sul on Vimeo.

2 COMENTÁRIOS

  1. è isto ai juventude boa continue c/ esta garra vocês tem tudo de bom,continua contando comigo e eu com vçs,abraço até a proxima.

  2. Bom já estamos em 2014 e nada de entregar a UBS, dizem que vão entregar em dezembro, será?

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