Por Passa Palavra
O N.º1 dos Mártires da Pátria, em Lisboa, foi ocupado nesta sexta-feira (26) por dezenas de pessoas (veja aqui). Antigo palácio datado do século XVII, o edifício foi durante o Estado Novo utilizado pelo Ministério da Educação. Mais recentemente, o Palácio Silva Amado foi alvo de planos de reabilitação urbana, encontrando-se planeada a sua transformação em condomínio privado de habitação, leia-se, habitação a preços elevadíssimos que apenas uma pequena elite de empresários, gestores e trabalhadores ultraqualificados poderá suportar.
No entanto, por razões que desconhecemos, mas que não devem ser estranhas à atual crise económica e financeira, o edifício continua votado ao albergue de pombos e demais animais que não as pessoas, à semelhança das milhares de habitações devolutas em Lisboa que alimentam o negócio especulativo.
Porque, citando o comunicado do Ministério ocupado (leia aqui), “não é aceitável que ser dono de uma maçã caída seja mais importante que ter fome e querer comê-la”, o edifício foi ocupado. Até dia 30 de Abril, uso será-lhe concedido por via de diversas atividades já marcadas, entre as quais jantares, debates, conversas e oficinas.
Depois de um dia em que por três vezes forças da PSP e da Polícia Municipal identificaram pessoas ligadas à ocupação (sem nunca terem conseguido impedir o decurso das atividades previstas), o despejo acabou por acontecer este sábado por volta das 14h, após conversações entre advogados de ambas as partes, dos ocupantes e do proprietário. Em suma, mais um edifício votado ao abandono.
