Nada está perdido, se tivermos a coragem de proclamar que tudo está perdido e que devemos começar de novo. Julio Cortázar (1914-1984), escritor argentino.

5 COMENTÁRIOS

  1. Cortázar dizia, nos anos 1970, em tom de brincadeira, que Caetano Veloso e Maria Bethania nunca eram vistos juntos por serem a mesma pessoa.

  2. No perde-ganha da vida, Cortázar fazia seu jogo; sem apostas pascalianas.
    Adulado e – por vezes, ao mesmo tempo! – execrado pelos modjus do fascismo vermelho, manteve-se firme.
    Nos tempos em que Fidel dizia: “Nosotros, cubanos, queremos una Cuba libre sin coca-cola!” e isso era papagueado como um mantra revolucionário, Cortázar ousou proclamar verdades antipáticas a esse ex(?)-admira/imita/dor de Perón.

  3. Aproveitando a deixa, deixo um trecho:
    “Desses grupos que “não pertencem” se nutre, como está provado historicamente, a primeira etapa do nazismo. Tudo o que supõe transbordamento, vingança (per se, contra o que não é pertencimento), tem assegurado de antemão o apoio do que os bem-pensantes chamam de “plebe”. Encher as vitrines da cidade com transistores ou motocicletas deslumbrantes é incitar à primeira pedra e à pilhagem, contra isso a polícia e, em última instância, na hora do sangue, os juízes e a pena de morte. Ou Hitler que vai fazê-los passar de vítimas a verdugos, de humilhados a “super-homens”.
    Que alternativa oferece por seu lado a sociedade capitalista? O trabalho, a poupança, a compra de crédito: um dia você terá a moto e o transistor, trabalhe e espere. Mas os sábados à noite não são favoráveis à paciência ou à sobriedade; o ódio ao mais favorecido, o desprezo pelo semelhante, o medo de quem bate e encarcera ou a cega obediência ao *durão* e ao demagogo se aliam e se dissimulam na turma, isto é, na manada. Hobbes teve que formular seu axioma no plural para mostrar inequivocamente a perda do indivíduo nessa manada, a perda do homem nos lobos. O fascismo já está aí, esperando a sua braçadeira e os seus lemas e o seu butim.”
    Julio Cortázar, p. 282, em “Papéis Inesperados”

  4. Ao guerrilheiro Cortázar agradava esta sentença:
    “Se não podes ser forte e não sabes ser débil, serás derrotado.” Sun Tzu – A Arte da Guerra

  5. ‘Com o abandono da esperança revolucionária, a hostilidade de classe passava a assumir a forma degenerada do ressentimento. Diluídas as redes de solidariedade, os trabalhadores já não apareciam como membros de uma classe e apresentavam-se como elementos das massas. Uma massa agitada pelo descontentamento, mas sem nenhuma expectativa que não se cingisse à sociedade existente — eis a base popular da revolta dentro da ordem. Foi nessa gente que o fascismo se apoiou para eliminar as chefias operárias tradicionais, isolar as vanguardas combativas e reorganizar o Estado consoante um novo modelo totalitário.’ (Labirintos do Fascismo, p. 26)

    A matéria de que trata Cortazar não seria o mesmo ressentimento de que fala João Bernardo neste trecho do Labirintos?

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