Por Passa Palavra

Membros das ocupações Jardim da Luta, Recanto da Vitória, Alto da Alegria e Jardim da União – todas do distrito do Grajaú, Zona Sul da capital paulista – ocuparam hoje a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, no bairro do Paraíso. Cerca de 100 pessoas adentraram o prédio por volta das 7h, estenderam faixas e dispensaram os funcionários que chegavam para o trabalho. Algumas horas depois, mais 200 manifestantes chegavam ao local e realizavam protesto nas ruas do entorno.

A ação, organizada pela Rede Extremo Sul, acontece em resposta a um despejo realizado pela Tropa de Choque da Polícia Militar – a pedido do prefeito Fernando Haddad – no terreno da ocupação Jardim da União, no bairro do Itajaí. Na ocasião, foram levados, sem maiores explicações, 18 celulares, fogões, geladeiras, uma câmera de vídeo e outros utensílios domésticos das famílias.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente é a proprietária do terreno de onde foram desalojadas as cerca de 300 famílias que o ocupavam, reivindicando moradia popular. Além disso, é também o órgão com que se esbarram todas as possibilidades de efetivação de qualquer projeto habitacional, visto que toda a região do Grajaú é considerada área de manancial e regida por leis de proteção ambiental.

Na ação de hoje, o movimento de ocupações exigia que Haddad apresentasse a lista de espera dos programas habitacionais bem como os programas habitacionais prometidos, e ainda que a Prefeitura abrisse imediatamente processo de negociação com as famílias do terreno do Jd. Itajaí.

Cerca de duas horas após a ocupação do prédio, estiveram presentes para negociar com o movimento o Diretor de Políticas Públicas do Município, Luis Damasceno, e o Diretor de Planejamento Ambiental, Evandro Reis. Eles entraram em contato com a Secretaria de Habitação e agendaram uma reunião entre o chefe da pasta e 8 membros das ocupações para as 14h.

Por volta das 16h30 terminou a primeira reunião conseguida com a ocupação da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente.

Sobre o terreno do Itajaí, onde a polícia procedeu no dia 16 de setembro a uma desocupação truculenta, foi prometida uma reunião com Chico Macena, secretário da Subprefeitura, sobre a reintegração de posse. Além disso, para as famílias que ocupavam este terreno, foi prometido um outro, a ser apresentado no prazo de 15 dias, com a alegação de que no Itajaí existe já um projeto.

Estão também marcadas reuniões para decidir quanto às outras ocupações.

A ocupação da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente só terminará depois da reunião com Chico Macena.

Atualização | Após 17h30

Depois de deixarem o prédio da SVMA, como haviam acordado, em torno das 17h30, os manifestantes marcharam pelas ruas da região e levaram o som da sua bateria estridente para a frente do casa do prefeito Haddad, também no entorno do Paraíso. No caminho, entoavam palavras de ordem como “Haddad ladrão, devolve o meu fogão”, referindo-se aos pertences subtraídos pela polícia durante o despejo ordenado pelo prefeito. Chegadas ao destino, e depois de fazer um pouco de barulho na portaria, as famílias leram um trecho da carta de reivindicações e a ironizaram deixando-a com vizinhos para que chegasse às mãos do prefeito.

 

2 COMENTÁRIOS

  1. O despejo truculento da ocupação Jd. da União promovido pela gestão do PT na prefeitura de SP foi no dia 16 de setembro. O Secretário de Habitação José Floriano e sua equipe se comprometeram a nos apresentar outro terreno na região, para construção de moradias para as famílias despejadas, no prazo de 15 dias (dia 9 de outubro). Na reunião com ele fomos informados ainda que segundo os planos da Sehab e da SVMA o imenso terreno do Itajaí (assim como outros terrenos públicos da região), que até ontem seria destinado à proteção dos mananciais e construção de um parque, agora servirá ao lucro das empreiteiras que financiaram as campanhas eleitorais. Para tanto, eles conseguiram a façanha de fazer um projeto de 4800 moradias em poucos dias!

  2. Esta situação descrita pela “breve correção” tem uma bela sincronia com os debates dos textos do João Bernardo. O político consegue jogar um grupo ideológico contra outro: ou faz a moradia popular, ou invado o manancial. Aplica um xeque, a culpa vai ser sempre da “sociedade civil” que tem posições antagônicas em si, as vezes uma prevalece, as vezes outra, “é a democracia”.

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