Por João Valente Aguiar

Pelo que adiantei nas cinco partes anteriores, considero viável a assunção de que parcela importante da obra de Marx surge como corolário da partilha de lutas em aliança da classe trabalhadora com os gestores. Aliás, não obstante o contributo absolutamente inestimável para a compreensão dos mecanismos de funcionamento do capitalismo e o que isso representou para as lutas sociais dos trabalhadores, o marxismo contém uma outra vertente que ajuda a explicar muitos dos impasses e dos descalabros com que a esquerda se debateu nos últimos 150 anos. Essa outra vertente consiste basicamente na constituição do marxismo como potencial base prática e teórica de reconstituição de gestores. Como demonstram toda a experiência histórica dos marxismos (URSS, etc.) e a própria obra de Marx aqui abordada, o marxismo constituiu-se como uma dupla plataforma – interligada e contraditória – onde os interesses dos trabalhadores se confundem com os interesses dos gestores.

A derrota da Comuna, a trajectória de integração progressiva do mais importante eixo político-sindical do século XIX no seio do Estado (SPD, a social-democracia alemã) e a subsequente transformação de uma vanguarda operária com uma intervenção inicialmente internacionalista [*] num novo regime-modelo capitalista de Estado (Partido Bolchevique e a URSS), de onde emanariam outras dezenas de experiências capitalistas de Estado, demonstram a transformação da generalidade das organizações políticas, sindicas e sociais da esquerda de raiz marxista em constantes e presentes reservatórios da formação de gestores.

Formação de gestores que varia nas suas materializações específicas e concretas precisamente porque o marxismo se constituiu como uma teoria global e com um elevado grau de generalização teórica em diferentes contextos. Se essas características do marxismo podem ser imensamente positivas para a compreensão das tendências fundamentais do capitalismo e das correspondentes lutas sociais, a verdade é que o marxismo enquanto teoria global é atravessado pelas referidas tensões entre o nacionalismo e o internacionalismo e entre os interesses dos trabalhadores e os interesses dos gestores. Por conseguinte, é essa plasticidade teórica do marxismo que permite que se concretize em diferentes contextos históricos a formação de gestores a partir de organizações de maior ou menor proximidade ao marxismo.

No caso das experiências leninistas, a esquerda marxista formou uma camada de gestores políticos. Ou seja, formou burocratas partidários reconvertidos em burocratas estatais que passaram a controlar a sociedade a partir de um aparelho estatal central. Desde o controlo da economia através de organismos estatais como a Vesenkha até ao controlo militar e policial nas mãos de comissários políticos, os gestores soviéticos subordinaram a actividade económica e social ao controlo férreo do Estado. No caso dos capitalismos de Estado (os chamados regimes socialistas) era o Estado a deter a supremacia sobre as empresas. Este estatismo reflecte-se ainda hoje em grande parte da esquerda e naturalmente é tanto mais presente quanto mais nacionalista é a organização em causa.

Assim, a referida variação nas materializações específicas e concretas tanto permitiu que o marxismo tenha sido parte integrante para a edificação de capitalismos de Estado até meados dos anos 70 como, de forma distinta na época do toyotismo, também auxiliou na reformulação e na alavancagem de novos centros de acumulação capitalista à escala mundial. Neste último caso podem citar-se vários exemplos. Um deles encontra-se no papel dos sindicatos um pouco por todo o mundo na gestão de fundos de pensões (Bernardo e Pereira 2006). Um outro com um impacto ainda maior encontra-se em partidos de origem marxista e que, por via eleitoral como o PT no Brasil, ou pelo interior de regimes capitalistas de Estado (Partido Comunista Chinês), se tornaram numa componente dinâmica no quadro do empresariado de um país. Ou seja, ao contrário de certas visões unilaterais que colocam o Estado clássico numa posição de oposição às empresas, o marxismo corporizado no PT e no PCC permitiu a fusão de interesses entre o aparelho de Estado e as empresas privadas e estatais num grau perfeitamente compatível com as inovações do toyotismo, que caracterizaram o capitalismo das últimas décadas.

Nesta segunda esquerda dos gestores não se trata mais do quadro estatista e leninista de tipo soviético, apesar da origem do caso chinês residir nesse quadro. Mas também não se trata aqui do quadro fordista em que partidos socialistas, social-democratas e até comunistas (como em Itália ou França) forneceram um enquadramento da classe trabalhadora através dos seus sindicatos e em que se instalaram unicamente na esfera estatal (nomeadamente na administração local, regional e/ou central do Estado). Pelo contrário, a expansão do toyotismo no Brasil, na China e até na África do Sul (governo tripartido entre o ANC, Partido Comunista da África do Sul e a central sindical COSATU) decorreu do papel de organizações de origem marxista na remodelação das estruturas internas do Estado que, por sua vez, acompanharam a remodelação toyotista da produção. Os marxistas ortodoxos dirão que estas organizações traíram o marxismo. Ora, se tal fosse verdade, então ficaria por explicar por que organizações tão distintas e em contextos tão diferenciados acabaram por estimular novos caminhos para a expansão do capitalismo. Que a via dessa expansão tenha enfocado o ponto de vista estatal ou empresarial, isso é apenas demonstrativo da ampliação do quadro de formação de gestores a partir de uma plataforma marxista.

É óbvio que a constituição do marxismo como um campo de formação de gestores nas suas duas esquerdas – sejam eles burocratas stalinistas, governantes social-democratas do pós-guerra ou tecnocratas em bancos de investimento chineses ou brasileiros – contribuiu para relegar progressivamente as maiores virtualidades analíticas do marxismo. Mas também aqui se verifica que a derrota desses pressupostos expressos na luta contra a exploração capitalista significa nada mais nada menos do que a reconversão do marxismo numa plataforma política e prática de formação de gestores.

Parece-me impossível desligar as derrotas das lutas sociais dos trabalhadores ao longo do século XX do papel que as vanguardas, dirigentes e partidos de esquerda tiveram nesse processo. E derrotas que resultaram sempre na expansão do capitalismo em formas novas e remodeladas. Com a derrota dos processos revolucionários europeus entre 1919 e 1923, a esquerda de origem marxista consolidou um regime capitalista de Estado.

No pós-guerra, o fordismo consolidou um novo quadro institucional de exploração dos trabalhadores na Europa Ocidental, com o beneplácito da esquerda social-democrata e dos partidos comunistas e dos sindicatos.

Na actualidade, duas das mais importantes economias mundiais aumentaram o seu Produto Interno Bruto (PIB) de uma forma colossal devido à intervenção directa do Estado na reconversão toyotista das empresas estatais (nomeadamente no caso chinês) ou na criação de condições de financiamento, infra-estruturais ou de investimento para o florescimento de empresas privadas. Se se pensar que, em termos absolutos, a economia chinesa aumentou o seu PIB em mais de 41 vezes entre o ano da chegada de Deng Xiaoping ao poder (1979) e 2011, quando a economia mundial não chegou a quadriplicar; e se se pensar que a economia brasileira quase triplicou o seu produto entre 2002 e 2011, quando a economia mundial aumentou o seu produto global em cerca de 60% para o mesmo período; então isso significa que as segunda e sexta maiores economias mundiais se tornaram importantes pólos de acumulação de capital em períodos em que a esquerda de tradição marxista contribuiu para a remodelação e para a aceleração do desenvolvimento do paradigma toyotista. Aliás, como o caso extremo chinês demonstra, o desenvolvimento de formas dinâmicas empresariais convive com lastros relevantes de um legado leninista e maoísta: empresas estatais com intervenção à escala global e a presença de um Estado ditatorial. Talvez seja aqui que as esquerdas originárias do marxismo ortodoxo detêm um papel importante dentro do capitalismo. Por outras palavras, enquanto as teorias neoliberais postulam o unilateralismo e a utopia do mercado livre, qualquer esquerda dos gestores postula o outro lado da simetria: o Estado. Ou seja, dada a inseparabilidade do Estado e da economia capitalista, a esquerda dos gestores, seja qual for a sua forma histórica específica, situa-se dentro dos processos de reconversão institucional do capitalismo a partir do aparelho de Estado.

Por conseguinte, as múltiplas abordagens políticas e teóricas ao marxismo encontram similar correspondência no plano prático. Isto quer dizer que as respostas das organizações de inspiração marxista ao revigoramento do capitalismo em determinados territórios implicam sempre a conjugação de abordagens. Se a dimensão toyotista e de multiplicação dos mecanismos da mais-valia relativa é central na China actual, isso não significa o abandono de outras aproximações, como a persistência de uma dimensão ditatorial leninista demonstra.

Por conseguinte, sempre que a esquerda que se afirma anticapitalista não questiona e muito menos rompe com o nacionalismo e com a estrutura interna e as práticas de verticalização e de monopólio das decisões, então essa esquerda será sempre um reservatório para a formação de novos gestores. Seja qual for a sua configuração, a esquerda dos gestores – sejam estes gestores reais ou potenciais – será sempre uma parte inerente ao sistema capitalista.

Nesse sentido, o papel da esquerda dos gestores só pode “resolver” a tensão do nacionalismo com o internacionalismo da obra de Marx de uma das duas maneiras.

Ou resolve a tensão por via da adopção e do reforço do nacionalismo, com todo o cortejo estatista, ditatorial e economicamente arcaico que isso implica. Esse é o caso da esquerda leninista que ainda vai subsistindo e que também migrou para o interior de uma série incontável de movimentos sociais e de ONGs, que fazem de nacionalismos localistas, do ecologismo, das teses do decrescimento económico e do obscurantismo os seus motes.

Ou, por outro lado, a esquerda dos gestores tem resolvido a tensão entre o nacionalismo e o internacionalismo tentando conjugar a actuação de Estados nacionais poderosos com o imperativo da transnacionalização económica das empresas. No fundo, trata-se de, em sede de subordinação estrutural, direccionar o aparelho estatal para a criação de condições para a expansão das oportunidades de negócio e dos mecanismos da mais-valia relativa.

A primeira via redunda sempre em ditaduras capitalistas de Estado e na aposta dos mecanismos da mais-valia absoluta. A segunda via redunda numa expansão do capitalismo toyotista em países emergentes. Apesar dos resultados económicos totalmente opostos, ambas contribuem para o fortalecimento da hegemonia social da classe dos gestores.

Se hoje a maioria da esquerda europeia nem sequer serve para fazer lutas reivindicativas capazes de continuar a alavancar os mecanismos da mais-valia relativa, então para que ela serve? Muito provavelmente, apenas (o que não é pouco) para efeitos ideológicos de desvirtuamento das lutas. Enquanto a esquerda institucional (partidos comunistas, partidos socialistas, sindicatos, etc.) no fordismo correspondia a uma forma organizativa e prática de enquadramento da força de trabalho (para uma mais eficaz regulação do mercado de trabalho), ela já não mais corresponde, em termos económicos, a um típico sector que se enquadrava nos mecanismos da mais-valia relativa. Não tendo qualquer utilidade no campo da mais-valia relativa, a esquerda actual (a que se somam muitos movimentos sociais, ecologistas, etc.) é, no campo político, o equivalente a um sector económico caduco que migrou da esfera da mais-valia relativa para a esfera da mais-valia absoluta. E é aqui que a esquerda cumpre a sua função de exponenciação da produção ideológica irracionalista junto de sectores da classe trabalhadora. Se a televisão e a cultura de massas pós-modernista cobrem uns 80 ou 90% da classe trabalhadora dos países mais desenvolvidos, a esquerda trata de ir controlando e fomentando irracionalismos nos restantes 10 ou 20% de potenciais contestatários.

Estará a esquerda de inspiração marxista condenada a ser um eterno reservatório de gestores? Poderão os contributos marxistas críticos da exploração voltar a constituir uma plataforma de lutas sociais que rompam com o capitalismo em todas as suas vertentes, inclusive com todas as vias abertas pela esquerda dos gestores? Como sempre, a palavra cabe aos trabalhadores.

Nota

[*] Dentro do caso canónico da trajectória bolchevique lembro só a intervenção da esquerda de Zimmerwald, as teses da transformação da guerra mundial em revoluções operárias por toda a Europa ou a tese de que uma revolução na Rússia seria o começo e apenas parte integrante de uma revolução internacional.

Bibliografia

BERNARDO, João; PEREIRA, Luciano (2006) – Capitalismo sindical. São Paulo: Xamã

As esculturas de Marx que são retratadas nas fotografias que ilustram o artigo são de Ottmar Hörl.

A série Marx e a nação. Um abraço pela frente e uma facada por trás é formada pelos seguintes artigos:

1) O nacionalismo
2) O espaço nacional no centro da constituição do proletariado em classe
3) A onda internacional ignorada
4) A Comuna de Paris: um Estado por cima dos operários?
5) Marx e os gestores
6) As duas esquerdas dos gestores

6 COMENTÁRIOS

  1. ME desculpe, mas como brasileiro me sinto ofendido de ver o PT ser chamado de marxista. A maioria dos grupos que se reividicavam marxistas no PT já sairam dele a muito tempo e o que ainda resta é uma minoria que não tem qualquer expressividade ou influência nas decisões do partido e menos ainda do governo. Lula nunca foi marxista nem na teoria e nem na prática,aliás segundo ele mesmo, nem de esquerda ele é. Atacar o PT tudo bem,ele merce mesmo,mas não use o PT para atacar Marx ou marxismo.

  2. Andre,

    procure no texto e diga onde é que eu escrevi que o PT é marxista…

  3. João Valente,
    Parabéns pela solidez de um texto que muito nos fornece de esclarecimento para a verificação prática das potencialidades e limites da obra de Marx hoje.
    No entanto, embora o questionamento de André revele que ele leu o que você de fato não escreveu, há neste ponto sobre o marxismo do PT uma necessidade, em meu entender, de maior precisão na redação, entendimento que se baseia em uma experiência pessoal de 11 anos no interior desse partido (1982 a 1993).
    Penso que seria mais rigoroso afirmar que o PT foi um Partido “com presença marxista desde a origem” ao invés de Partido de “origem marxista”. Tal diferença torna-se obrigatória pois pois nos remete ao nível de recepção pelo PT em seu conjunto da teoria marxiana ou mesmo marxista (enquanto determinada linha interpretativa de seu pensamento).
    Aqueles que se reivindicavam de Marx sempre foram minoritários no PT desde a sua fundação e proposições baseadas em Marx e apresentadas em seus fóruns deliberativos sempre receberam uma acolhida seletiva e/ou periférica de modo a não alterar o rumo do que se definiu desde 1987 no chamado “socialismo petista” (versão brasileira do reformismo social-democrata). Sumariamente importa aqui identificar a composição de forças que confluíram para a fundação do PT em 1980:
    1)A Igreja progressista, que, naquele momento, não tinha alternativa partidária ao PCB e PCdoB que fosse , ao mesmo tempo, de esquerda e anticomunista a oferecer aos seus integrantes que queriam fazer política junto aos “pobres” sem ter abandonar a batina e migrar para o “comunismo ateu”;
    2) Uma intelectualidade de extração camada média, desejosa de atuar na institucionalidade estatal, que naquele momento não se sentia contemplada pelo único partido de oposição existente (MDB);
    3)O núcleo de sindicalistas ditos “autênticos” que promoveu uma relativa “oxigenação” em parcela do aparelho sindical oficial estatal e não apresentava, naquele momento, um projeto político claro, mas que rapidamente valeu-se de suas relações sindicais com a social-democracia europeia para suprir tal lacuna;
    4) A esquerda marxista, extremamente fragmentada em termos organizativos, programáticos e estratégicos.
    Foi da fusão dos 3 primeiros setores que, em 1983/4, nasceu a corrente majoritária que nunca perdeu o controle do PT.
    Nesse processo, a esquerda marxista que não se adaptou e se incorporou plenamente à social-democracia petista, dele saiu ou foi expulsa. Quem permaneceu como tendência interna teve de se submeter ao enquadramento estabelecido pela corrente majoritária.
    Embora nada disso invalide o raciocínio nem as conclusões do texto, penso ser importante corrigir essa leve imprecisão.
    Mais uma vez parabéns pelo texto.

  4. Não vejo o dia em que haja um número apreciável de marxistas a abandonar a fé e a assumir a necessária maturidade. Marx, como qualquer outro autor, deve ser analisado no sistema das suas contradições. Mas a esmagadora maioria dos marxistas faz o contrário. Em primeiro lugar, corta as obras de Marx às tesouradas para ficar com o que gosta e esquecer aquilo de que não gosta, em vez de articular tudo numa estrutura coerente, que dê a chave daquela contraditoriedade. Em segundo lugar, em vez de confrontar as teses de Marx com os factos históricos, tanto económicos como políticos, entrega-se a meros exercícios dedutivos, fundando uma escolástica marxista. Em livros e artigos, alguns neste site, procurei chamar a atenção para a contraditoriedade interna do marxismo, inclusivamente para a contradição entre a perspectiva de classe e a de nação. Já desisti de o fazer de novo. Há uma única coisa que quero repetir agora. Quem pretende que não existe na obra de Marx ou na de Engels nada de nacionalista deveria ler os textos e obras reunidos nestas duas antologias: Paul W. Blackstock e Bert F. Hoselitz (orgs.), The Russian Menace to Europe, by Karl Marx and Friedrich Engels, Glencoe: Free Press, 1952 e Roger Dangeville (org.), Marx et Engels. Écrits Militaires. Violence et Constitution des États Européens Modernes, Paris: L’Herne, 1970. Antes de lerem estas duas antologias não podem dizer nada de sensato sobre o assunto. Mas se quiserem preservar a fé e dedicar-se à escolástica, então não precisam de ler.

  5. Zé,

    obrigado pela sua precisão com a qual concordo no fundamental e que em nada modifica o meu argumento.

    João Bernardo,

    sobre «a contraditoriedade interna do marxismo, inclusivamente a contradição entre a perspectiva de classe e a de nação», basta dizer que os ortodoxos nunca estão interessados em rebater os argumentos contrários. Para eles não é a relação capital-trabalho (e da qual pouco compreendem) que está no centro das contradições do capitalismo, mas a pátria e daí que, com a crise europeia, quase só se ouça falar em destruição do país e da economia nacional. Curiosamente sobre o processo de preparação de uma nova fase de avanço do capitalismo na Europa, nada disso lhes interessa. Pudera, se para eles é mais importante a solidariedade entre cidadãos nacionais do que entre trabalhadores de todas as nacionalidades.

  6. Um trecho da obra indicada por João Bernardo, organizada por Paul W. Blackstock e Bert F. Hoselitz, pode ser conferido aqui: http://www.marxists.org/archive/marx/works/subject/russia/crimean-war.htm; Outras coisas interessantes podem ser conferidas aqui: http://www.marxists.org/archive/marx/works/subject/russia/index.htm; aqui: http://www.marxists.org/archive/marx/works/subject/newspapers/index.htm; e aqui: http://www.marxists.org/archive/marx/works/subject/newspapers/neue-rheinische-zeitung.htm.

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