Por Passa Palavra

Na manhã desta quinta-feira, 20 de fevereiro, famílias de 3 ocupações do Grajaú voltaram às ruas do centro de São Paulo para protestar contra a liminar de despejo recebida por uma delas, a Jardim da União, e cobrar o cumprimento de um acordo firmado pelas Secretarias Municipal de Habitação e Planejamento o Centro de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), ligado ao Governo do estado, no dia 06 de fevereiro. Na ocasião, as representações dos órgãos públicos se comprometeram a apresentar um plano estratégico para resolver em caráter definitivo o problema de milhares de moradores do extremo sul da capital.

Desde junho do ano passado, uma onda de ocupações espontâneas passou a fazer parte da paisagem dos bairros da região, escancarando o enorme déficit habitacional da cidade e a estagnação de décadas de todos os programas voltados para a questão. De lá para cá, muitas mobilizações foram feitas e processos de negociação abertos tanto com o Governo do estado quanto com a Prefeitura, mas até o momento a grande maioria das famílias veem-se longe de qualquer medida que aponte para solução definitiva do problema.

Para quem não se lembra, a ocupação Jardim da União, chegou a ser despejada 5 vezes pela gestão Haddad do antigo terreno que ocupava no distrito do Grajaú. Após o último deles, em outubro do ano passado, marcado pela uso indiscriminado da força policial, que sob a anuência da Prefeitura chegou a roubar pertences das famílias e equipamentos do movimento, a ocupação se deslocou para um terreno próximo, na Jardim Varginha, onde conseguiu se estabilizar e está desenvolvendo atividades formativas, culturais e iniciativas de produção autogestionada.

Além de não ter apresentado nenhum planejamento estratégico como prometido, o CDHU entrou e ganhou na justiça um pedido de reintegração de posse, que foi apresentado aos moradores da ocupação Jardim da União nesta semana.

O ato de hoje 

Junto com a Rede Extremo Sul, as famílias se concentravam desde as 9h nas escadarias da Catedral da Sé; uma hora depois seguiram para o prédio onde fica o CDHU e a Secretaria Estadual de Habitação, na rua Boa Vista. Já dentro do prédio, os manifestantes foram informados de que o novo Presidente do CDHU encontrava-se no Palácio do Governo, sede do Governo do Estado e só poderia atendê-los a partir das 14h30. Diante da anunciada demora, o movimento decidiu travar a rua de frente ao prédio para acelerar a abertura da negociação.

Após muita canseira, o Presidente do CDHU chegou para receber os manifestantes. Foram convidados também representantes da Secretaria Municipal de Habitação. Na conversa, que não pode ser gravada por exigência do CDHU, todo o processo precisou ser novamente relatado pelos representantes das ocupações, já que, sendo novo no cargo, o Presidente do CDHU não estava a par do estágio das negociações.

A nova gestão do CDHU não quis colocar nada no papel, mas comprometeu-se verbalmente a conversar com a juíza responsável e não realizar a reintegração de posse até que o planejamento estratégico seja apresentado. Para tanto, marcaram uma nova reunião a ser realizada na semana que vem. Para já, adiantaram que, a despeito da solução a ser encontrada, as famílias não poderão permanecer no terreno, uma vez que, segundo o Presidente, já haveria outro projeto pensado para o local.

A propósito, desde que as ocupações se iniciaram na região e as reivindicações passaram a ser apresentadas ao poder público, o que mais tem surgido, ao menos no discurso dos representantes dos órgãos, são projetos… projetos para terrenos que durante décadas estavam em situação de completo abandono. 

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