no girar reverso da catraca / no andar inverso da jornada / o agir teimoso da moçada. Por Pablo Polese
aquele milésimo de segundo
que lhe tomou a glória
aquele
segun
do
que mudou tudo
aquele
mi
nuto
que foi determinante
aquela
ho
ra
que custou caro
aquele
di
a
que não passava
aquela
se
ma
na
infernal
aque
le
mês
que pesou
aquele
a
n
o
t
o
d
o
que guardei
e entre milésimos e décadas
aquela vida
que se foi
e aquela outra
e outra
e mais uma
e sucessivamente
vem aon
daon
daonda
até que de repente
no limite entre o segundo
e o milésimo de segundo
no girar reverso da catraca
no andar inverso da jornada
o agir teimoso da moçada
o estouro rebelde da boiada
boiada que nada!
a quebra da rima
a disritmia
o descompasso
o novo passo
anovaidança
o chão aberto
a pedra atirá
o sonho caduco
caduco nada!
o indecente
que nada!
o impossível
quenada!
a pedra destruindo o mur
o muro se tornando p e d r a
a pedra se tornando avis
a palma se tornando meta
a meta se tornando flecha
a flecha se tornando páss
e pelos ares
mais asas em pedras
e pelo chão
mais áz decolando de mais mãs
e mais mãos
e mais mãos
e o bater frenético das pedras
e sonhos gargalhados
e muros caídos
e moinhos vencidos
e não mais celas
e não mais selvas
e não mais trevas
e não mais amos
e não mais anos
não mais meses
não mais semanas
não mais dias
não mais horas
não mais minutos
não mais segundos
não mais milésimos de segundo
bastando agora tão somente inclinar a cabeça e olhar sobre o ombro para ver o tempo desdobrando-se em novas contradições que parecem compor estações que fluem por entre os dedos num efusivo descompasso tímido e ousado, chamado de tudo quanto é nome.
AUDÁCIASSEGURAUDÁCIAS
Grato pela descatracalização de n+1 paixões alegres.
Aí sim!!! Do fragmento do tempo àquilo que ainda pode ser nomeado por novos ventos.
Boa, camará!
Aí sim! Do fragmentado àquilo que se desfragmenta pelo novo horizonte do tempo.
Bom demais!