Por Silva
No dia 01 de Junho se inicia o contrato de uma nova empresa terceirizada de limpeza na Universidade Federal Fluminense (UFF), Araúna Serviços Especializados LTDA, com sede em Rondônia, empresa que atende a UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia). No final do ano de 2018, foi aprovado no Conselho Universitário da UFF com representantes estudantis, a diminuição de 25% do número de terceirizados de uma vez só, passando por cima do PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) que colocou como meta a diminuição do quadro de terceirizados em 30% durante 5 anos.
A Luso Brasileira, antiga empresa de limpeza, tinha 433 trabalhadores atendendo a UFF em todo o estado do Rio de Janeiro. Era uma empresa conhecida pelo pagamento em dia dos salários até ano passado, de acordo com as trabalhadoras. Tinham benefício de vale-transporte não só da casa para o trabalho, mas mais um ônibus caso o campus fosse mais longe, como a Faculdade de Farmácia que fica no bairro de Santa Rosa. Agora com a Araúna a coisa ficou diferente. Serão cortados de uma vez 55% do total de funcionários, restando só 240 terceirizadas da limpeza para “1200,00 m² para limpeza de área interna comum com periodicidade diária” [2], número insuficiente para o tamanho total da universidade, além do mais, no contrato não estabelece a limpeza de vidraças, duvido que não mandem as limpar. A UFF firma um contrato de 12 meses com a Araúna e esta, sabendo do peso do chicote que recaíra sobre as, majoritariamente, mulheres, firma seu contrato de 3 em 3 meses, sem passagem adicional como a última empresa, sem ponto fixo podendo realocar para qualquer campus na cidade de Niterói. Foram poucas ou, me arriscaria dizer, nenhuma trabalhadora que aceitou o novo contrato com a Araúna, visto que piora em muito a condição de trabalho já precária.
Com as atenções voltadas para as eleições do Diretório Central dos Estudantes (DCE), que acontecerão durante esta última semana de maio, o movimento estudantil continua voltado às razões da burocracia, entidades sem qualquer lastro de movimento real ou de representação dos estudantes, transformando o processo em circo para criação de memes. Com o aprofundamento de anos de despolitização pelas forças políticas burocráticas, resta para os alunos e alunas que conviveram diariamente com as trabalhadoras apenas se despedirem com sua tristeza pacifica e seu voluntarismo passivo, indiferente como de quem quer mudar o mundo capinando o campus, por exemplo, colocando band-aid numa fratura exposta. Há muito esquecemos o que é solidariedade. O estudante, esse ser iluminado que “deve ir para fora da universidade despertar o povo para defender a universidade”, deve, antes de tudo, acordar do “feitiço do quarto arrumado”, se voltar para superexploração vizinha, o arrancar do coro dos que nunca param de trabalhar, o lado mais vulnerável da “comunidade” acadêmica, sua invisível presença, com seus olhos cansados, sua respiração profunda, extenuada. Serão tempos difíceis em busca de dignidade.