Por Um estagiário invisível

Esta segunda-feira (23) ocorreu um dia de paralisações dos estagiários da educação inclusiva das escolas municipais do Rio de Janeiro e também, às 13:00 do mesmo dia, um ato em frente à prefeitura da cidade denunciando o fato de que muitos estagiários do município não receberam o salário de agosto.

A mobilização surgiu de grupos de WhatsApp que já existiam e eram utilizados para que os estagiários informassem uns aos outros sobre o salário ou atraso do mesmo. No ato, após cerca de 20 minutos de gritos de protesto, desceu o chefe da Guarda Municipal para saber do que se tratava, interessado em descobrir quem era a liderança e sobre o que queriam negociar. Então foi formada uma comissão entre os manifestantes para se reunir com a Coordenadora Geral de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Educação.

Após a reunião, em termos de pauta, o movimento não conquistou o abono de falta dos trabalhadores que paralisaram e nem o pagamento do transporte através de uma folha suplementar como tanto se almejava. É bom frisar que a justificativa para os estudantes terem paralisado, mesmo com a promessa de que receberiam no 5º dia útil de outubro, é porque como o salário cai junto com a passagem na conta bancária os estudantes estão sendo obrigados a trabalhar pagando passagem do próprio bolso, ficando sem os mínimos recursos para desempenhar suas funções. Apesar de terem chegado à conclusão de que essa folha suplementar é possível, ganharam apenas uma promessa de que a coordenadora irá requerer essa folha do órgão responsável pelos pagamentos da prefeitura.

Esse tipo de movimento surpreende pela capacidade em dar uma resposta coletiva a um sofrimento antigo que sempre foi naturalizado, de que o estagiário não pode lutar pelos seus direitos e nem confrontar a prefeitura. Através das redes sociais, da troca de experiência e relatos, estão construindo a ideia de que podem reclamar de suas condições e exigir um tratamento digno. O movimento recém-articulado levantou uma pauta antiga, que é a possibilidade de conquistarem um reajuste na bolsa-auxílio. Em 2015, um estagiário da educação inclusiva ganhava em torno de 900 reais, muito acima do pagamento que recebe hoje um estagiário que trabalha a mesma quantidade de horas, menos da metade desse montante.

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