Por United Voices of the World

Emanuel era um trabalhador da limpeza do Ministério da Justiça, que tragicamente faleceu com suspeita de COVID-19 no dia 23 às 22h30. Nos cinco dias anteriores à sua morte ele esteve com febre alta, a ponto de ter delírios, e não estava conseguindo se alimentar. Deveria ter conseguido licença para cuidar da sua saúde, descansar e ter tratamento médico, mas a empresa terceirizada OCS e o Ministério da Justiça ameaçaram cortar seu ponto se ele perdesse dias de trabalho por conta da doença — mesmo durante a pandemia de COVID-19. Também se recusaram durante anos a pagar um salário mínimo, e seu salário era de £9.08 por hora.

Por medo de não conseguir pagar o aluguel, comprar comida e não conseguir sustentar sua família se tivesse seu ponto cortado, Emanuel se sentiu coagido a continuar trabalhando, sem ter sequer uma máscara para se proteger no Ministério da Justiça e tendo de pegar transporte público lotado. Trabalhou até o dia anterior à sua morte, que foi noticiada em The Guardian.

A morte de Emanuel é uma tragédia e um escândalo. Poderia ter sido evitada. Se ele tivesse recebido um salário um pouco maior, que lhe permitisse ter uma poupança, se pudesse tirar licença médica remunerada, ainda estaria vivo conosco hoje.

Agora estamos em luto e a sua família precisa de ajuda.

Quem era Emanuel?

Emanuel nasceu na Guiné-Bissau e se mudou para Portugal quando adulto. Em 2018, depois de ficar desempregado e sem conseguir sustentar sua família, teve de fazer a difícil decisão de deixar para trás sua esposa e seus filhos e ir para Londres, para que pudesse proporcionar sustento para eles.

Emanuel era estimado pelos seus colegas, que o descrevem como um homem gentil, comprometido com o trabalho, esforçado, que sempre chegava cedo e ajudava todo mundo durante o trabalho e fora dele. Também o descreviam como uma pessoa inteiramente dedicada à sua família, para a qual sempre mandava qualquer pequena quantia que fosse de dinheiro que conseguisse juntar.

A luta de Emanuel contra a In-Justiça no Ministério da Justiça

Emanuel sabia do perigo de não uma conseguir licença médica remunerada e que um dia isso poderia colocá-lo em risco de vida, risco que infelizmente se confirmou no seu caso.

É por isso que ele e seus colegas do Ministério da Justiça corajosamente organizaram e realizaram vários dias de ação de greve desde 2018, para tentar comunicar o quanto a licença médica remunerada era importante para eles. Emanuel também entrou em greve para lutar pelo Salário Mínimo de Londres (London Living Wage ou LLW), para que pudesse receber o suficiente e proporcionar um sustento mais adequado para sua família em sua terra. Você pode ouvir, aqui, seus colegas falarem sobre o porquê acharam necessário realizar um dia de greve.

O LLW que ele estava reivindicando no dia de sua morte era de apenas £10.75 por hora, comparado com seu salário de £9.08 por hora. Quando Emanuel começou a trabalhar no Ministério da Justiça, recebia £7.50 por hora. Foi apenas pela coragem desses trabalhadores em realizarem ações de greve que seus salários aumentaram para £9.08 por hora, mas esse aumento ainda não era o tão almejado salário mínimo de que ele tão desesperadamente precisava.

Sua doação

A família de Emanuel quer repatriar seu corpo para a Guiné-Bissau e lá dar-lhe um funeral digno. Mas isso é muito caro e ela não tem dinheiro para fazê-lo. Estão em situação financeira muito difícil, porque dependiam do salário de Emanuel para viver.

Sua doação seria para ajudar cobrir os custos de:

  1. repatriar o corpo de Emanuel para a Guiné-Bissau,
  2. seu funeral,
  3. ajudar a sua família nesse momento difícil.

Esse levantamento de fundos está sendo organizado pelo sindicato de Emanuel, o United Voices of the World, que está comprometido com a responsabilização da OCS e do Ministério da Justiça pela morte de Emanuel. E também está comprometida com a luta para que os colegas de Emanuel recebam o Salário Mínimo de Londres (LLW), a insalubridade e Equipamentos de Proteção Individual adequados para que eles possam evitar o mesmo destino trágico.

Por favor, nos ajudem a conseguir justiça para Emanuel.

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