Uiramutã é o município mais setentrional do Brasil, criado em 1995 como amálgama de 115 comunidades indígenas de diversas etnias, das quais 94 seriam contrárias à exploração turística da região. O lugar contém belas paisagens e dezenas de cachoeiras, algumas verdadeiramente exuberantes, o que contrasta com a pobreza e o isolamento decorrente da péssima condição da única via para chegar até lá. Segundo alguns indígenas locais, as comunidades contrárias ao turismo seriam “manipuladas” pelas pastorais da Igreja Católica e pelo petismo, que buscariam manter a região economicamente atrasada como meio de manutenção de seu controle político. Se é verdade, não saberemos; apesar disso, as únicas pessoas com quem conversamos, nos mais diversos lugares pelos quais passamos, eram todas resolutamente bolsonaristas e defensoras da atividade turística. Pela esquerda: não chegar, não se misturar, não conversar; pela direita: apresentar-se, argumentar, acolher e ser simpático. Não estaria aqui uma projeção em pequena escala da situação política brasileira? Passa Palavra

4 COMENTÁRIOS

  1. “Plaudite, amici, comedia finita est.” – Beethoven (após receber a extrema unção).

  2. Esse flagrante delito está confuso.

    Se 94 das 115 comunidades são contra à exploração turística, como que todas as pessoas com que se conversou eram a favor da atividade turística? Que amostragem horrível então… Deve ter sido só com pessoas das comunidades a favor.. Enfim, confuso demais.

  3. Não achei confuso, achei didático: por “pessoas” não se entende “índios”.

  4. Se a leitura do texto fosse feita com vontade daria para perceber que a descrição inicial é uma mera referência espacial, seguida por uma exposição com olhar turístico, o que nos remete a possibilidade da perspectiva de um turista (e os assuntos de seu interesse). Em nenhum momento o texto dá a entender uma busca por respostas estatísticas para um estudo sobre o conflito político nacional e isto é certo. Se a hipótese do autor do texto se tratar de um turista for correta, dá pra concluir que ele foi acolhido por quem se interessa por turistas e repelido (ou tratado com indiferença) por quem não se interessa por turistas.

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