Por Treta no trampo

Trabalhadores do HGSM protestaram na manhã do dia 02 de junho contra um projeto de municipalização, que na prática significa transferência dos profissionais concursados desse hospital para outros locais, provável demissão dos terceirizados, precarização das condições de trabalho e entrega do hospital para o setor privado por meio de OS (Organização Social). E a população também sai perdendo: o hospital é o único porta aberta da parte sul da Zona Leste, além de ser referência em queimados e captação de órgãos, com a mudança estes serviços podem se perder.

O ato teve a participação de 100 a 150 pessoas, entre trabalhadores do hospital e moradores da região. Uma trabalhadora iniciou o protesto fazendo uma fala bem enfática: “Esse protesto é por nossa condição de trabalho, é pelo interesse dos trabalhadores e da população que usa hospital, não é politicagem”.

Se a fala não foi indireta para o SindSaúde (Sindicato dos trabalhadores da Saúde), poderia muito bem ter sido, porque “politicagem” foi exatamente o que eles fizeram: falas e mais falas de membros da diretoria do sindicato, apoio aos “companheiros vereadores” e outros políticos. Segundo uma diretora, “se não fosse nosso vereador, nem haveria mobilização” – a organização dos trabalhadores sempre em segundo plano. No meio das falas do sindicato, algumas discursos interessantes de trabalhadores do hospital. Mas poderiam ter deixado mais trabalhadores falarem e enrolado menos – também sobraria mais tempo para o protesto na rua. Depois de uma hora e meia nessa dinâmica, o sindicato propôs tirar uma comissão de trabalhadores do hospital para irem pra mesa de negociação com eles e a secretaria de saúde. Os trabalhadores escolheram alguns representantes e o sindicato tentou encerrar o ato ali mesmo.

Antes de dispersar, uma trabalhadora propôs uma volta no quarteirão pra denunciar a situação e dialogar com a população. Os manifestantes toparam e foram para a rua. A volta no quarteirão logo se alongou e pararam a Avenida Mateo Bei, cantando e protestando: “eu fico, eu fico!”. Chamou atenção o apoio da população ao protesto: muita gente aplaudindo e buzinando, alguns trabalhadores que passavam em serviço fazendo questão de demonstrar apoio.

Outra coisa interessante foi a participação dos terceirizados da limpeza e vigilância no início do ato. Um pequeno grupo de vigilantes segurava cartazes se manifestando e o pessoal da limpeza também acompanhava a manifestação e se mostrava engajado na luta. Apesar das falas do sindicato serem apenas para os concursados e não levarem em conta os terceirizados, deu para notar que a organização do protesto se deu pelos próprios trabalhadores e levava em conta os que estão no dia a dia fazendo o serviço funcionar – e isso inclui concursados e terceirizados. O protesto demonstrou haver uma boa organização interna entre os trabalhadores: além de unidos e conscientes do que significa essa proposta do governo, conversavam e produziram cartazes em folhas A4 (com o lema “eu fico!”), que foi distribuído para todos no início do ato.

O ato demonstrou a força e disposição dos trabalhadores do HGSM e o apoio da população. Esse já é a segunda mobilização e não parece que será a última caso o governo não recue.

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