Assim escreveu uma intelectual, professora da UFRJ: “lugar de fala é um facão na mão de pessoas negras na universidade para abrir uma picada entre tantos consensos brancos. Pode ser uma ferramenta que corta outras coisas no caminho, mas tem tido certo sucesso, que devemos respeitar”. Passa Palavra

2 COMENTÁRIOS

  1. BOSTA MENTAL SUL-AMERICANA
    Na impossibilidade de saber se o facão está afiado, resta conjeturar quanto à cegueira da fé.
    Lugar de fala ainda não é lugar de faca, mas é já lugar de fé – cega ou amolada.
    Intelectuais orgânicos da falácia identitária bricolam ideologemas – à venda na academia-bazar, onde se acotovelam, enquanto mascates de fancarias subconceituais.

  2. Nós anos 10, 20, 30 e 40 do século XX os apeladores a fala eram os fascistas e os nazistas. Em textos como os do decadentista, Oswald Spengler; do nacionalista africano, Marcus Garvey; do ocultista lunático antissemita e pai da agricultura orgânica/biodinâmica, Rudolf Steiner; do filósofo existencialista e nazista, Martin Heidegger, aparecem apelos ao lugar de fala, onde quem deve falar do objeto é o próprio objeto, que possuí a vivência, só o ser que pensa a si mesmo poderia chegar na essência do ser, retornando ao primordial, a origem, em um passo de volta as suas ancestralidades, o historicismo geracional. Essa forma tradicionalista e conservadora da história que se baseia em uma circularidade do eterno retorno e da repetição, que tanto justificou o racismo cultural e biológico, é o que orienta a visão de mundo da esquerda identitária, chamasse hoje ancestralidade o que os fascistas chamavam antigamente de destino. A visão de mundo dos identitários é a visão de mundo dos fascistas. Em entrevista recente ao Roda Viva, uma diva do movimento feminista negro, se defendendo, disse, que seria a-histórico chamá-la de liberal, após lembrarem das críticas que faziam da sua militância, para ela pelo fato de ser negra e filha de empregada doméstica suas vinculações ideológicas não eram liberais, dando a entender que liberalismo era coisa de branco. Pelo fato da entrevistada ser negra, isso seria para ela impossível, a tornaria imune dessa ideologia eurocêntrica, pois os saberes negros herdados de seus antepassados a aproximaria mais de uma concepção ideológica-econômica quilombola, e por isso anticapitalista, só que um anticapitalista fundado em uma epistemologia africana, vinculada a sua ancestralidade. O curioso é que a celebridade militante não é nem quilombola e nem empregada doméstica, mas mesmo assim ela não se sentiu constrangida a evocar esses lugares para si, mesmo se auto promovendo como micro empreendedora. Assim os facões do lugar de fala nos movimentos identitários a fora vão abrindo as picadas para o fascismo pos-fascista. Tornando as visões de mundo destinos determinados pela fluidez das correntes sanguíneas.

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