Atualização do Passa Palavra:
Após seis dias de mobilziação os entregadores de São José dos Campos suspenderam a greve até dia 28 de setembro. Neste dia, estão convocando uma paralisação nacional em função de uma reunião com representantes do iFood.
Nesta quinta-feira, 16 de setembro, os entregadores de aplicativo de São José dos Campos entram em seu 6º dia de greve. Esta é certamente a mais longa paralisação da categoria no país.
O movimento teve início no dia 11 de setembro, atendendo à convocatória de uma “greve nacional contra o terrorismo dos aplicativos”. Ao contrário das demais cidades, porém, a luta em São José dos Campos extrapolou a data marcada, prosseguindo até este momento.
A principal reivindicação dos grevistas é o aumento das taxas, que estão ficando cada vez mais defasadas com os sucessivos reajustes do preço dos combustíveis. Eles garantem que só voltarão ao trabalho quando os aplicativos propuserem melhorias efetivas.
Desde sábado, motoboys e bikers estão organizados em pequenos grupos distribuídos entre entre os principais pontos de delivery de São José dos Campos, “brecando” os colegas que vêm retirar pedidos, informando-os sobre a greve e as reivindicações. Há também aqueles que fazem a “ronda”, ou seja, percorrem a cidade entregando água e comida para quem está nos bloqueios e também ajudam a paralisar pontos comerciais de menor circulação.
A paralisação já afeta toda a rede de entregas da cidade. Muitos estabelecimentos foram forçados a desligar as plataformas de aplicativo, já que não há motoboys disponíveis para retirar os pedidos. Desesperados pela perda de rendimentos, donos de restaurantes passaram a pressionar o iFood – principal aplicativo da cidade e do país. O departamento especializado do iFood pela relação com os entregadores procurou alguns dos motofretistas mais envolvidos na paralisação, mas até o momento não forneceu nenhuma resposta concreta em relação às reivindicações.
Outro fato notável a respeito dessa mobilização é a união entre entregadores Nuvem e OL, dois regimes de trabalho distintos dentro do iFood que costumam gerar brigas e competição entre os entregadores.
A cada noite, após o fim do expediente dos restaurantes, os entregadores se reúnem e deliberam se a greve se mantém para o próximo dia. Apesar da impressionante capacidade de organização desses trabalhadores, o movimento corre o risco de ficar asfixiado se não conseguir se expandir e conquistar apoio de outros setores da cidade, ou mesmo de motoboys e bikers de outras regiões. A falta de visibilidade midiática é outro obstáculo a superar, já que a manutenção de uma boa imagem com os usuários é um ponto vital para os aplicativos.
Como trabalhadores remunerados por corrida, esses entregadores estão há dias sem ganhar nada. Não falta gana para lutar, mas corre o risco de faltar grana.
Para contornar mais essa dificuldade, foi organizada uma campanha virtual de arrecadação de fundos para a greve. Demais ações de solidariedade, como ir aos bloqueios, gravar vídeos em apoio, ou mesmo ajudar a publicizar a paralisação são fundamentais nesse momento. O desfecho da greve de São José dos Campos é decisivo para os trabalhadores uberizados de todo o país: sua vitória pode impulsionar processos de organização em muitos outros lugares.
Nesse momento decisivo, não podemos ficar imóveis. Apoiemos os entregadores de São José!
View this post on Instagram
Depois de seis dias de muita luta os entregadores de São José dos Campos suspenderam a greve.
Estão convocando um novo #brequedosapps no Brasil todo para dia 28
Encerrada a greve em 16/09, com promessa da iFood de negociar em 28/09.
Ficam evidenciadas 3 questões de organização não equacionadas (não só nesta luta específica como em quase todas as demais das outras categorias):
• auto-financiamento;
• meios próprios de comunicação;
• articulação ampla com outros movimentos.
Também as contradições intrínsecas se tornam flagrantes: ao mesmo tempo que são contra a Carteira-Assinada, os entregadores também reivindicam direitos e melhor remuneração.
Por um lado a CLT é a garantia jurídica de remuneração e direitos mínimos para os trabalhadores; por outro, surgiu, e se mantém, como intrumento para enfraquecer a organização autônoma da classe trabalhadora.
Atualmente os entregadores, assim como todos os precarizados, não tem qualquer garantia quanto às condições de trabalho. Muito menos conseguem se auto-organizar para além de momentos específicos.
De qualquer forma, toda conquista econômica é com facilidade revertida pelo Capital. E mesmo o amparo legal aos Direitos tem sido suprimido.
Como todas conquistas da classe trabalhadora são resultado da luta, só a continuidade da luta é capaz de mantê-las.
Por isto, a maior conquista vinda da luta é a consciência de classe, decorrendo na capacidade de organização para lutar mais e melhor.
Toda luta tem como horizonte a superação do Capitalismo, sem o que nenhuma luta pode ser vitoriosa, a não ser circunstancialmente.
Enfrentando diversas adversidades, o entregadores travam suas lutas.
Em que momento delas estão?
Ainda em busca de inconsistentes, embora imprescindíveis, ganhos econômicos e conquista de direitos?
Avançando na capacidade de auto-organização e aprofundando a consciência de classe?
Neste processo, qual a função de seus apoiadores?
A greve é em São José dos Campos- SP, mas a foto dos “grevistas” é no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, São Paulo- SP… É fake news no PP ou o PP na fake news?
De fato, a foto de destaque é da avenida Paulista. Há muitos vídeos da mobilização dos entregadores nas páginas referenciadas pelos autores do artigo.