Por Emre Şahin

Publicado pela primeira vez em Junge Welt, em 1º de fevereiro de 2022

Violência contra os trabalhadores: na segunda-feira [31 de janeiro], a polícia turca lançou uma operação em grande escala contra trabalhadores em greve em Kocaeli e prendeu 200 pessoas. Os trabalhadores haviam ocupado a fábrica de peças automotivas Farplas em protesto contra a demissão de seus colegas. A polícia invadiu o edifício e usou spray de pimenta, segundo a agência de notícias curda ANF.

Os protestos começaram no dia 19 de janeiro com uma paralisação feita pelos trabalhadores após exigirem maiores salários e rejeitarem a oferta da administração como sendo insuficiente. A taxa de inflação afeta as pessoas na Turquia há meses, sendo que muitos já não conseguem pagar pelas mercadorias mais cotidianas. As negociações começaram no dia seguinte entre os trabalhadores e a administração, que prometera não demitir nenhum dos grevistas.

No entanto, durante as negociações, a maioria dos 2.000 trabalhadores da empresa tornou-se membro do sindicato Birlesik Metal-Is (BMI) e, no dia 27 de janeiro, entraram com um pedido de representação no Ministério do Trabalho. A Farplas demitiu quase 150 trabalhadores em retaliação, ao contrário do que havia prometido e sem o pagamento de indenização. A justificativa dada foi que eles haviam participado da greve no dia 19 de janeiro, “perturbando as relações de trabalho”. A empresa também anunciou que iria entrar com um processo pedindo compensação pelos danos causados pela greve.

Esse nível de arrogância e assédio foi a gota d’água para os trabalhadores. Junto de seus colegas demitidos, anunciaram uma mobilização e exigiram a anulação das demissões. Eles reafirmam a exigência de melhores salários, horários de trabalho regulados e direito à organização. “Sem trabalho e sem pão não haverá paz”, gritavam os grevistas de dentro da empresa ocupada, como visto nas redes sociais.

Quebrar a resistência tornou-se o trabalho da polícia: no final do domingo, eles posicionaram várias unidades na frente da empresa. Como resultado, os trabalhadores subiram no telhado para demonstrar a sua determinação. No entanto, nem mesmo lá eles estavam a salvo. Foram repetidamente assediados pelos drones da polícia, que imprudentemente colocaram a vida dos grevistas em risco. Na segunda-feira, a polícia invadiu a fábrica e prendeu os trabalhadores. Do lado de fora, milhares de membros do sindicato BMI vindos das empresas vizinhas se reuniram em frente à Farplas para apoiar seus colegas. Eles impediram a passagem dos ônibus de transporte da polícia até serem atacados por ela.

Trabalhadores liberados da custódia policial disseram ao jornal Birgün na segunda-feira: “Não prejudicamos a empresa, mas expressamos a nossa resistência às demissões. (… ) Fomos espancados e coagidos devido às nossas ações. O que aprendemos com isso? Se lutar pelo seu sustento neste país, eles te chamam terrorista e traidor da nação”.

Traduzido ao português por Marco Túlio Vieira a partir da versão em inglês publicada pelos Angry Workers of the World

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