Por Um grupo de anarquistas e libertários

Estamos contra esta guerra. Nem Putin, nem OTAN. Antimilitaristas, não tomamos partido por quem bombardeia as populações, seja o exército ucraniano sobre Donbass, sejam os mísseis e tanques do Estado Russo sobre a Ucrânia. Tomamos partido, sim, por quem sofre a força bruta dos nacionalismos, por quem sai à rua com a coragem para deixar claro que os povos têm outra maneira de se relacionar.

Pessoas na Ucrânia, antiautoritárias, antifascistas, ativistas LGBT, algumas das quais mantêm projetos de comunicação social independentes, pedem a nossa solidariedade enquanto combatem a invasão nas ruas.

Tal como em 2014, simplificar a guerra atual na Ucrânia, ou como uma batalha entre os interesses democráticos ocidentais e as aspirações imperiais pós-soviéticas, nacionalistas russas, ou como movimentos políticos neofascistas e lutas de libertação nacional, não ajuda à compreensão das verdadeiras causas desta guerra.

Distanciamo-nos de quem diz coisas como “a Rússia foi provocada e tem direito a retaliar”. Afirmações como esta sugerem um processo de desculpabilização de ações inaceitáveis. O atual governo russo, nacionalista e reacionário, que desenvolve há anos um projeto imperialista, pretende agora subjugar outro país – bastante rico em matérias-primas como urânio, carvão, gás natural, e grandes produções agrícolas –, ao mesmo tempo que reprime constantemente as vozes dissidentes internas.

Estes mesmos recursos interessarão também a Joe Biden, cujas políticas imperialistas são igualmente reconhecidas. No entanto, ser contra o imperialismo norte-americano não pode significar que se desculpe outro imperialismo. Tal como já foi dito, o imperialismo russo moderno baseia-se na percepção de que a Rússia é a sucessora da URSS – não no seu sistema político, mas em termos territoriais.

Neste momento, seguimos com atenção as situações de Chernobyl e de outras centrais nucleares da Ucrânia, e bombardeamentos sobre alvos civis, atos bélicos próprios de quem não olha a meios para atingir os seus fins.

A lei marcial imposta na Ucrânia obriga a que todos os homens entre os 18 e os 60 estejam proibidos de sair do país. São aconselhados a pegar em armas e a defender a sua “pátria”. A guerra evidencia que o patriarcado, expresso de forma natural nos nacionalismos e nas disputas pelo poder de Estado, é uma brutalidade para todas as pessoas. Mesmo que se reconheça o direitos dos povos à resistência a um agressor.

Estamos solidárias com todas as pessoas na Ucrânia que foram apanhadas por uma guerra que não decidiram, bem como com a diáspora ucraniana espalhada por vários países. Refugiadas serão bem-vindas, como todas as outras refugiadas e migrantes deste mundo em guerra.

Rejeitamos ainda qualquer russofobia. Expressamos toda a nossa solidariedade com o povo russo, vítima da sua classe dirigente, que irá sofrer uma crise sem precedentes, e acompanhamos com atenção organizações de apoio aos detidos em manifestações contra a guerra que neste momento acontecem no território russo.

CONTRA AS GUERRAS ENTRE ESTADOS!

SOLIDARIEDADE ENTRE OS POVOS.

Março de 2022 – Um grupo de anarquistas e libertários

2 COMENTÁRIOS

  1. Mas tomaram partido logo na chamada. O que é “povo ucraniano”?

  2. Definição de povo ucraniano no contexto = pessoas, na imensa maioria trabalhadores, que moram no país chamado Ucrânia e que estão tendo suas cidades bombardeadas e tomadas por um exército imvasor.

    Quem não toma partido e explicitamente contra a barbárie, é porque é parte da barbárie.

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