Por Prometeus Freed

Traduzido para o francês.

Recentemente, um conjunto de autores (Michael Löwy, Bengi Akbulut, Sabrina Fernandes e Giorgos Kallis) publicaram um artigo onde mapeiam o que existe de comum entre o Ecossocialismo e o Descrescimento, propondo no final o que eles chamaram de Descrescimento Ecossocialista. Este artigo, apesar de ser essencialmente político, revela algumas das contradições que reinam no interior do Ecossocialismo, e o objetivo deste meu breve texto é explicitar estes elementos contraditórios, visando superá-los. No entanto, pressupondo a paciência do leitor, gostaria de justificar, primeiramente, por qual razão é necessário criticar e superar o ecossocialismo: as ideias são mobilizadoras e são uma mediação entre o ser humano e a realidade. Infelizmente, o ecossocialismo consegue mobilizar, através de suas ideias e ações, diversos indivíduos que se mostram honestos e preocupados com a transformação total e radical das relações sociais existentes. Porém, ao se vincularem ao ecossocialismo, estes indivíduos acabam se autolimitando por não perceberem os interesses reais por trás do mesmo. Assim, se brotarem dúvidas no leitor em relação ao ecossocialismo, o meu objetivo político ao escrever este presente texto foi cumprido, pois, sobretudo, é necessário instigar a dúvida. De omnibus dubitandum est! [É preciso duvidar de tudo!]. O artigo dos autores que criticarei tem o formato de teses e, por isso, irei citar cada uma delas, tecendo comentários críticos posteriormente.

I – Capitalismo: modo de produção de crescimento limitado?

“1. O capitalismo não pode existir sem crescimento. Ele requer uma expansão permanente de produção e consumo, acumulação de capital, maximização do lucro. Esse processo de crescimento ilimitado, baseado desde o século XVIII na exploração de combustíveis fósseis, está nos conduzindo à catástrofe ecológica e mudança climática. Ele representa uma ameaça à extinção da vida no planeta. As vinte e seis Conferências das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP) realizadas ao longo dos últimos trinta anos evidenciaram a total falta de vontade das elites dominantes de interromper essa marcha rumo ao abismo” (LÖWY, AKBULUT, FERNANDES, KALLIS).

Nesta primeira tese, os autores do artigo começam nos informando que o capitalismo deve expandir a produção e consumo, a acumulação de capital e maximizar os lucros para que ele continue existindo. Esta necessidade de se expandir, por sua vez, acabará produzindo uma “catástrofe ecológica” e uma “mudança climática”, o que ameaçaria a vida no planeta terra. Concordamos com a afirmação de que o capitalismo deve se expandir para manter sua própria existência, mas acreditamos que é mais exato dizer que a “burguesia não pode existir sem revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais” (Marx e Engels, Manifesto Comunista). O que ocorre é que o crescimento capitalista se supõe ilimitado, mas concretamente não é. Existem diversas limitações que se impõem sobre este crescimento, uma delas é certamente a natureza, mas sobretudo é o proletariado, que tende a se radicalizar ao longo do processo histórico do capitalismo, colocando em xeque as relações de produção burguesas. Destruir a natureza no intuito de acumular capital engendra dificuldades na vida do ser humano, mas, simultaneamente, a própria acumulação de capital engendra aquilo que potencialmente pode abolir as relações de produção burguesas — o proletariado revolucionário. Não negamos que a acumulação capitalista pode ameaçar a existência humana, pois a tendência de autonomização do proletariado pode ocorrer tardiamente e a destruição da natureza ser tão intensa que a vida no planeta estará ameaçada. Porém, esta ameaça só se tornará realidade exatamente se o conjunto da classe proletária não se autonomizar e não destruir as relações sociais burguesas. Portanto, devemos contribuir para que essa autonomização do proletariado se torne realidade concreta, pois, apenas assim, é possível abolir o modo de produção capitalista e a destruição ambiental engendrada por ele, uma vez que a existência do proletariado é sobretudo a existência de um coveiro do capitalismo. Esta tese dos autores ecossocialistas acaba por ocultar que é de interesse da burguesia acumular capital e que esse interesse, além da destruição ambiental, engendra uma classe que pode potencialmente se tornar revolucionária. Quando se afirma que o “capitalismo” não pode existir sem crescimento, oculta-se que este “crescimento” nada mais é que o aumento da exploração da burguesia sobre o proletariado (luta de classes) e que este aumento da exploração engendra também o aumento da destruição ambiental. Esta ocultação acaba facilitando entender que o “crescimento” significa o “capitalismo” devorando a natureza, quando na verdade o aumento da destruição ambiental ocorre quando a burguesia aumenta a exploração sobre o proletariado, no intuito de combater a queda tendencial da taxa de lucro médio.

II – Decrescimento ecossocialista ou autonomização do proletariado?

“2. Qualquer verdadeira alternativa a essa dinâmica perversa e destrutiva precisa ser radical, isto é, precisa ir às raízes do problema: o sistema capitalista, sua dinâmica exploratória e extrativista, e sua busca cega e obsessiva pelo crescimento. O decrescimento ecossocialista é uma dessas alternativas que se coloca em confronto direto com o capitalismo e o crescimento. Decrescimento ecossocialista requer a apropriação social dos principais meios de (re)produção e a instauração de um planejamento democrático, participativo e ecológico. Isto é, as principais decisões sobre as prioridades de produção e consumo seriam tomadas pelas próprias pessoas a fim de satisfazer as necessidades sociais reais, observando sempre os limites ecológicos do planeta. Isso significa que as pessoas, em várias escalas, exerceriam poder direto na determinação democrática do conteúdo, da quantidade e da forma da produção; bem como na definição de como remunerar diferentes tipos de atividades produtivas e reprodutivas que sustentam a nós e ao planeta. Garantir o bem-estar equitativo para todos não requer crescimento econômico. Requer uma mudança radical na forma pela qual organizamos a economia e distribuímos riqueza social” (LÖWY, AKBULUT, FERNANDES, KALLIS).

Nesta segunda tese, nossos caros ecossocialistas apresentam a alternativa ao crescimento ilimitado do capitalismo: o decrescimento ecossocialista. O decrescimento ecossocialista se confronta com o capitalismo e seu crescimento ao se apropriar dos meios de produção e a instaurar um planejamento democrático, participativo e ecológico. Supostamente todas as “pessoas” participarão das decisões sobre o que produzir, como produzir e para que produzir, bem como essas mesmas “pessoas” decidirão como remunerar as diferentes atividades produtivas e reprodutivas. O que nos perguntamos é: quem são essas “pessoas” que decidirão a quantidade e a forma de produção? Serão burgueses? Serão os proletários? Serão os burgueses em conjunto com os proletários? E essa “remuneração” das atividades significa que ainda existiria dinheiro, mercadoria, trabalho assalariado, isto é, esse planejamento democrático existiria ainda no capitalismo? O erro essencial desta tese deriva da ocultação das lutas de classes da primeira tese. Quem irá se apropriar dos “meios de (re)produção” e instaurar um “planejamento democrático”? Aqui está um limbo. Serão os próprios ecossocialistas que se apropriarão dos meios de produção e instaurarão com um decreto de lei o “planejamento democrático” ainda no interior do capitalismo? Infelizmente, os autores ecossocialistas não mencionam o proletariado, e não falam nada sobre revolução proletária. O capitalismo ainda existiria, mas mesmo assim seria possível colocar em prática o decrescimento ecossocialista? O decrescimento ecossocialista vem tomar o lugar do proletariado como agente revolucionário: combater o “crescimento” capitalista daria fim ao próprio modo de produção capitalista ao longo do tempo. O motor da história, no capitalismo, se torna, para os ecossocialistas, crescimento contra decrescimento.

III – Planejamento democrático ou planejamento dos ecossocialistas?

“3. Um decrescimento significativo na produção e no consumo é ecologicamente indispensável. A primeira e mais urgente medida é a eliminação gradual de combustíveis fósseis. O mesmo se aplica ao consumo conspícuo e desperdiçador dos 1% mais ricos. De um ponto de vista ecossocialista, o decrescimento deve ser entendido em termos dialéticos: muitas formas de produção (tais como instalações que operam a carvão) e serviços (como publicidade) devem não apenas ser reduzidas, mas efetivamente suprimidas; alguns setores industriais, tais como o de automóveis particulares ou criação de gado, devem ser substancialmente reduzidos; mas outros precisariam ainda ser desenvolvidos: agricultura agroecológica, energia renovável, serviços de saúde e educação etc. Para setores como a saúde ou a educação, esse desenvolvimento deve ser, antes de mais nada, qualitativo. E mesmo as atividades mais úteis precisam respeitar os limites do planeta. Não pode haver algo como uma produção ‘ilimitada’ de nenhum bem” (LÖWY, AKBULUT, FERNANDES, KALLIS).

Esta terceira tese pode ser bastante esclarecedora e reveladora. Num primeiro momento, na tese 2, os nossos ecossocialistas afirmaram que as “pessoas” participarão das decisões sobre a quantidade e a forma de produção. No entanto, nesta terceira tese, os ecossocialistas nos apresentam algumas decisões já prontas e acabadas: é preciso eliminar “gradualmente” os combustíveis fósseis, e o mesmo se aplicaria ao consumo dos 1% mais ricos (isto é, ainda existirão ricos, mas é necessário gradualmente também eliminar o consumo conspícuo e desperdiçador deles). Seria necessário também suprimir e reduzir algumas “formas de produção”, e desenvolver outras, tais como a agricultura agroecológica, energia renovável, serviços de saúde e educação etc. Não podemos concluir outra coisa, senão que as “pessoas” que participarão ativamente das decisões, das quais falavam nossos ecossocialistas na tese dois, seriam os próprios ecossocialistas, uma vez que até aqui não afirmaram nada sobre revolução, mas, no entanto, acabam afirmando o que é necessário ser feito, decisões já prontas esperando serem executadas. Até aqui, nos parece que os autores ecossocialistas estão propondo um “período de transição” travestido em termos ecológicos. Os ecossocialistas planejarão o que produzir e como produzir, enquanto o proletariado continua se submetendo ao trabalho alienado e à exploração capitalista, até que o decrescimento ecossocialista coloque um fim no “produtivismo”.

IV – Capitalismo de Estado… mas da cor verde

“4. O socialismo ‘produtivista’, conforme praticado por experiências como a da URSS, é um beco sem saída. O mesmo vale para o capitalismo ‘verde’, conforme defendido pelas corporações ou pelos chamados ‘partidos verdes’ do mainstream. O decrescimento ecossocialista é uma tentativa de superar as limitações das experiências socialistas e ‘verdes’ do passado” (LÖWY, AKBULUT, FERNANDES, KALLIS).

Temendo que a tese anterior revelasse abertamente as semelhanças do decrescimento ecossocialista com o capitalismo de Estado na URSS, nossos autores ecossocialistas se sentem impelidos a esclarecer que não são iguais a Lênin, Trotsky e Stálin. Na verdade, a URSS foi um “beco sem saída” por ser “produtivista”. Essa “experiência socialista” deve ser superada através do decrescimento ecossocialista, isto é, a ditadura do partido bolchevique sobre os trabalhadores, bem como a continuidade da extração de mais-valor neste país não foram determinantes para essa experiência socialista ser um “beco sem saída”, mas, pelo contrário, foi exatamente por eles serem “produtivistas” que foi atestado o seu fracasso. Compreendemos que nossos ecossocialistas querem realmente um “período de transição” (ditadura de alguns poucos sobre os trabalhadores), no entanto, este período de transição, diferentemente do que ocorreu na URSS, se preocupará também com o meio ambiente. Os ecossocialistas querem, então, um capitalismo de Estado… mas da cor verde e não vermelha.

V – Norte e Sul? Imperialismo e subordinação?

“5. É sabido que o Norte Global é historicamente responsável pela maior parte do CO2 na atmosfera. Os países ricos devem, portanto, assumir a maior parte do processo de decrescimento. Mas acreditamos que o Sul Global não deve tentar reproduzir o modelo produtivista e destrutivo de ‘desenvolvimento’ do Norte, mas sim procurar uma abordagem diferente que priorize as necessidades reais das populações em termos de alimentação, habitação e serviços básicos, em vez de simplesmente extrair cada vez mais matérias-primas (e combustíveis fósseis) para o mercado mundial capitalista, ou produzir mais e mais carros para as minorias privilegiadas” (LÖWY, AKBULUT, FERNANDES, KALLIS).

A tese 5 revela um pouco mais desse período de transição chamado de decrescimento ecossocialista. Os países de capitalismo imperialista serão os maiores responsáveis pelo processo de decrescimento e os países de capitalismo subordinado serão menos responsáveis, mas não adotarão um modelo produtivista. Mais uma vez notamos que o decrescimento ocorrerá ainda no interior do capitalismo, existindo um mercado mundial capitalista, minorias privilegiadas e uma divisão entre países do norte (capitalismo imperialista) e do sul (capitalismo subordinado). O malabarismo para justificar o decrescimento faz com que os ecossocialistas ocultem as lutas de classes, tornando possível o impossível: colocar em prática o decrescimento ainda no interior do capitalismo. No entanto, se eles afirmassem que o decrescimento ocorreria após o proletariado revolucionário destruir as relações de produção burguesas, e que a associação dos produtores livres e iguais decidirão o que produzir e como produzir de acordo com as necessidades reais dos seres humanos, uma vez que não existiria mais acumulação de capital, os ecossocialistas não poderiam controlar o Estado ou o proletariado, que é este seu interesse real! Aqui fica um pouco mais claro o desinteresse pela revolução e o interesse pelo controle. Tanto é que, mais uma vez, apontam decisões já prontas e acabadas à espera da execução.

VI – Um passo em frente, dois passos atrás

“6. O decrescimento ecossocialista também envolve a transformação, por meio de um processo de deliberação democrática, dos atuais modelos de consumo — por exemplo, acabando com a obsolescência programada e a lógica dos bens não reparáveis —, ou de transporte — por exemplo, reduzindo bastante o transporte de mercadorias por navios ou caminhões (graças à realocação da produção), bem como o tráfego aéreo. Em suma, é muito mais que uma mudança de formas de propriedade: é uma transformação civilizacional, um novo “modo de vida” baseado em valores de solidariedade, democracia, equaliberdade e respeito à Terra. O decrescimento ecossocialista sinaliza uma nova civilização que rompe com o produtivismo e o consumismo, para priorizar jornadas de trabalho mais curtas, e portanto mais tempo livre a ser dedicado a atividades sociais, políticas, recreativas, artísticas, lúdicas e eróticas” (LÖWY, AKBULUT, FERNANDES, KALLIS).

Quando os autores ecossocialistas começam a revelar demais, eles devem recuar um pouco para que seus reais interesses não vejam a luz e permaneça na escuridão. Por isso, recorrem a fraseologias para parecer que o decrescimento ecossocialista não será uma ditadura de alguns sobre a classe operária, mas, pelo contrário, será algo bastante democrático. Por exemplo, a população poderá deliberar democraticamente sobre a obsolescência programada, transporte de mercadorias etc. Bom, se ainda existem mercadorias, isto é, um bem material que possui valor de uso, mas também valor de troca, quer dizer que ainda existe capital e capitalistas, bem como proletários e mais-valor. Se ainda existe a extração de mais-valor da burguesia sobre o proletariado, seria possível exigir que se reduza a jornada de trabalho ou que seja abolida a obsolescência programada? É impossível, ainda no interior do capitalismo, colocar tais fraseologias em prática. Primeiramente, é necessário que a associação dos proletários extinga as relações de produção burguesas para que isso se torne possível. Mas aí já não existiria mercadorias, pois não existiria valor de troca, não existiria burgueses e proletários, Estado, mais-valor etc. Para os ecossocialistas, o decrescimento cairá do céu, pois tanto os burgueses quanto o proletariado aceitarão que se coloque tudo isto em prática, sem antes uma revolução. Para os ecossocialistas, igualmente, o modo de produção não engendra um modo de consumo. Na verdade, podemos mudar o modo de consumo sem transformar radicalmente o modo de produção.

VII – Adeus ao Manifesto Comunista

“7. O decrescimento ecossocialista só poderá triunfar se houver um confronto com a oligarquia fóssil e as classes dominantes que controlam o poder político e econômico. Quem é o sujeito dessa luta? É impossível superar esse sistema sem a participação ativa da classe trabalhadora urbana e rural, que compõe a maioria da população e que já está tendo que arcar com os males sociais e ecológicos do capitalismo. Mas é também preciso expandir a definição da classe trabalhadora de modo a incluir aqueles que empreendem a reprodução social e ecológica, as forças que agora se encontram na vanguarda das mobilizações socioecológicas: a juventude, as mulheres, os povos indígenas e os camponeses. Uma nova consciência social e ecológica emergirá através do processo de auto-organização e resistência ativa dos explorados e oprimidos” (LÖWY, AKBULUT, FERNANDES, KALLIS).

Depois de 6 teses sem afirmarem nada sobre o proletariado e a revolução, os ecossocialistas finalmente são constrangidos a tal empreitada. Porém, devem realizar isto de forma que seus interesses sejam resguardados. Seria impossível para nossos ecossocialistas, por conta de seu número tão pequeno, enfrentarem sozinhos aqueles que detêm o poder atualmente, isto é, os burgueses do capitalismo privado. Os burgueses privados devem ser enfrentados para que os ecossocialistas se tornem burguesia burocrática em um capitalismo de Estado ecologicamente correto. Por isso, é necessário que aqueles que compõem a maioria da população participem ativamente desta luta contra os burgueses do capitalismo privado. Os agentes dessa luta são os trabalhadores, entendidos de forma ampla, abarcando a juventude, mulheres, povos indígenas e camponeses. Na ânsia de aglutinar apoio para sua luta contra a burguesia privada, os ecossocialistas, aspirantes a burgueses burocráticos do capitalismo estatal, convocam praticamente toda a população para lutarem por eles e em nome deles. O Manifesto Comunista é aqui enterrado de uma vez por todas e os ecossocialistas exclamam de forma sarcástica: OS ECOSSOCIALISTAS SE RECUSAM A REVELAR SUAS OPINIÕES E SEUS FINS. PROCLAMAM ABERTAMENTE QUE SEUS OBJETIVOS SÓ PODEM SER ALCANÇADOS PELA DERRUBADA VIOLENTA DE TODA A BURGUESIA PRIVADA. QUE OS BURGUESES PRIVADOS TREMAM À IDEIA DE UM DECRESCIMENTO ECOSSOCIALISTA! NELA, OS ECOSSOCIALISTAS NADA TÊM A PERDER A NÃO SER SUAS FRASEOLOGIAS ULTRAPASSADAS. TÊM UM MUNDO DO CAPITALISMO ESTATAL A GANHAR. CLASSES INFERIORES DE TODOS OS PAÍSES, LUTEM POR NÓS!

VIII – Só isso não basta

“8. O decrescimento ecossocialista faz parte da família mais ampla de outros movimentos ecológicos radicais e anti-sistêmicos: ecofeminismo, ecologia social, Sumak Kawsay (o “bem viver” indígena), ambientalismo dos pobres, Blockadia, Novo Acordo Verde (em suas versões mais críticas) etc. Não buscamos qualquer primazia aqui — apenas avaliamos que o ecossocialismo e o decrescimento compartilham um potente quadro diagnóstico e prognóstico capaz de complementar as perspectivas desses movimentos. Diálogo e ação comum são tarefas urgentes na dramática conjuntura atual”.

Últimas palavras: apenas as classes inferiores não bastam, é preciso apelar também para todo o movimento ecológico. Por isso a correção: MOVIMENTO ECOLÓGICO E CLASSES INFERIORES DE TODOS OS PAÍSES, LUTEM POR NÓS!

 

As obras reproduzidas neste artigo são de Marcelo Moscheta

13 COMENTÁRIOS

  1. Decrescimento sem abolição do Capital é tão somente mudança do perfume vigente,debaixo do qual a pele segue a mesma.
    O que ainda resta para “comodificar”?

  2. Apesar de fazer uma crítica bem feita aos ecossocialistas, o autor do texto parece partilhar com eles um mesmo horizonte, como quando escreve que “‘crescimento’ nada mais é que o aumento da exploração da burguesia sobre o proletariado (luta de classes) e que este aumento da exploração engendra também o aumento da destruição ambiental”. Trata-se do horizonte da mais-valia absoluta. Entretanto, as empresas, países e organizações internacionais que mais dinamizam o capitalismo investem fortemente, de um lado, em tecnologias que aumentam a produtividade e a extração de mais-valia relativa e, de outro, diminuem o impacto ambiental. A ecologia, além de hoje fazer parte do civismo, orienta a atuação do grande capital, o mesmo grande capital que conduz o crescimento econômico, essa coisa tão demonizada pela generalidade dos ecologistas e que, curiosamente, é condição indispensável para uma sociedade comunista. Criticar os ecossocialistas e seu capitalismo de Estado verde, entretanto sem fazer a crítica da apologia da mais-valia absoluta e da oposição ao crescimento, não resolve o problema, muito pelo contrário. O problema será resolvido quando a classe trabalhadora lutar pelo crescimento com socialização de riqueza. Menos que isso é romantizar a pobreza.

  3. o que é o Decrescimento? É cozinhar com uma Air fryer ao invés de panela comum.

  4. Caro Fagner Enrique, obrigado por ter lido este meu breve texto e ainda comentado sobre ele. Se me permite, gostaria também de fazer alguns comentários:

    1 – Acredito que concordamos em relação à crítica ao Ecossocialismo. Este foi o ponto central do pequeno texto e estou satisfeito com isso. O Ecossocialismo, portanto, é um conjunto de ideias e ações que busca apenas justificar e realizar interesses de classes que são diferentes do da classe proletária e, portanto, a revolução não é seu interesse, apesar de isso se mostrar no discurso de seus representantes. O interesse por trás do Ecossocialismo de Löwy e os outros autores são interesses burocráticos, controlar o proletariado, etc. Este interesse deve ser explicitado e denunciado, uma vez que é ocultado em seus discursos.

    2 – No entanto, temos uma discordância, que é mais ampla do que o Ecossocialismo, e que vai além dos objetivos iniciais desse texto. No caso, acredito que você coloca em xeque todo o movimento ecológico e não só parte dele, isto é, você acredita que a defesa do meio ambiente é algo sem muita relevância, uma vez que existiriam tecnologias no capitalismo já suficientes para diminuir o “impacto ambiental”. Assim, você aponta que minha crítica foi insuficiente, pois não critiquei igualmente a “apologia” ao mais-valor absoluto dos ecologistas. Eu começaria te respondendo que quando utilizei a palavra “crescimento”, estou falando do “crescimento” especificamente capitalista. “Crescimento”, no entanto, é uma palavra utilizada pelos autores do artigo que critiquei e por isso fui além dela e disse que ele “nada mais é que o aumento da exploração da burguesia sobre o proletariado (luta de classes)”, revelando o que está oculto, que é a luta de classes. Na verdade, podemos muito bem substituir a palavra “crescimento” por “acumulação de capital”. Portanto, o que critico em meu texto é a ocultação, pelos ecossocialistas de que o “crescimento” é um “crescimento capitalista” (acumulação de capital), e eles só afirmam o que afirmaram para conseguir justificar seus interesses, que é aglutinar apoio e, posteriormente, controlar o proletariado. Na sociedade futura, que chamo-a de sociedade autogerida, o “crescimento” será radicalmente diferente do da sociedade atual, isto é, será abolido a acumulação de capital e este será substituído pela produção autogerida, que visa a satisfação de TODAS as necessidades humanas autênticas e visando também a realização de TODAS as potencialidades humanas. A “riqueza” do ser humano se mostrará na medida em que todas suas necessidade forem realizadas e não mais em quanto capital ele acumula ou deixa de acumular. Assim, concordo que na sociedade autogerida, essa preocupação com o “crescimento” desaparecerá, uma vez que os produtores livremente associados decidirão o que produzir e como produzir visando satisfazer as necessidades gerais da sociedade e não em produzir mercadorias para angariar lucros.

    3 – E aí entramos em um outro assunto que é o que é gerado pela acumulação de capital para a natureza. Isto é, qual a relação entre capitalismo e natureza? Você aponta que a tecnologia disponível no capitalismo é suficiente para diminuir o impacto ambiental gerada pela produção especificamente capitalista. Eu discordo disso apesar de realmente existirem tecnologias que visam diminuir este impacto, mas o que ocorre concretamente é sua desaceleração e diminuição, mas nunca abolição. Ao longo do tempo, esse produção capitalista pode muito bem gerar problemas para a humanidade (e alguns já foram gerados), pois a humanidade necessita de recursos naturais específicos para sobreviver e são estes recursos que podem, ao longo do tempo, ficarem escassos. Por ultimo, questiono até a real capacidade que a tecnologia disponível no capitalismo possui para diminuir o impacto ambiental, pois existe a reprodução ampliada do capital. Temos que compreender que a própria produção e criação da tecnologia desenvolvida para diminuir o impacto ambiental também necessita de matérias-primas, uma tecnologia anterior etc. “Quanto mais o capitalismo se desenvolve, maior é a produção e o consumo (logo, maior será o lixo também). A produção só é possível utilizando matérias-primas (mesmo as produzidas artificialmente, pois estas também são feitas de materiais e não de ideias e por isso, mesmo que em menor escala, também ela precisa extrair elementos da natureza) e máquinas (que também são produzidas e necessitam, para isso, de outras matérias-primas)” (Nildo Viana, capitalismo e natureza, p. 185). Sempre será necessário produzir mais dessa tecnologia que visa diminuir o impacto ambiental, e essa produção também gera acumulação de capital e reinvestimento na mesma tecnologia etc etc, o que, por si só, gera também (e não somente isso, pois há diversas outras especificidades da produção capitalista que também gera) impactos ambientais.

    4 – A defesa do meio-ambiente não me parece contradizer, em si mesma, o interesse pela revolução social total e radical. Mas apenas quando esta defesa não é realizada de forma ingênua, sem a percepção geral que a produção especificamente capitalista é que engendra a destruição ambiental (lenta, mas rigorosa) e, para resolver isso, seria necessário abolir as relações sociais capitalistas totalmente. E a classe que pode efetivar isto é o proletariado. Não são as mulheres, os camponeses, ou os ecossocialistas. Isso se dá apenas porque essa classe tem uma posição fixa na divisão social do trabalho que aponta para a destruição da própria divisão social do trabalho que a produz… isto é, esta classe tem o interesse e a capacidade de abolir o capitalismo e se auto-abolir em conjunto. Qualquer discurso que não aponte para o fortalecimento do proletariado é um discurso no minimo ingênuo e, no máximo, oportunista.

    *** *** ***

    Pessoas de bom-humor, Jinn e Irado: eu discordo de que o Decrescimento seja cozinhar com uma Air fryer ao invés de panela comum, pois cozinhar com uma Air Fryer é possível e não um devaneio infantil criado por aqueles que não entendem as especificidades da produção capitalista.

    *** *** ***

    orapronobis, perfeito teu comentário.

  5. Este texto é estupendo! Nos instiga a pensar, sem ingenuidades, sobre o Eco-socialismo. O ponto positivo do texto de Prometeus Freed é indicar o leninismo presente (de forma mais ou menos oculta) no Eco-socialismo. O meu único desconforto ao analisar este texto foi o subsequente excerto: “o malabarismo para justificar o decrescimento faz com que os ecossocialistas ocultem as lutas de classes, tornando possível o impossível: colocar em prática o decrescimento ainda no interior do capitalismo”. Suspeito que o Decrescimento poderia ser um interessante começo para uma futura percepção revolucionária da cousa, já que apresenta uma capacidade de unir as pessoas em torno de uma pauta e, ao não conseguirem atingir este objetivo dentro do capitalismo, as pessoas deduziriam espontaneamente que a questão é abolir o Capitalismo.

  6. Oi pessoal, alguém conferiu se os ecossocialistas têm algo a dizer sobre a revolta popular no Sri Lanka?

  7. Alan Fernandes, os ecossocialistas estão até agora em silêncio, assim como a maioria das pessoas, pois ainda não vi uma análise aprofundada e detalhada sobre esta revolta, que possui múltiplas determinações para que ocorresse!

  8. Gente, menos.

    Parece os direitistas de internet querendo desqualificar o socialismo apontam pro Camboja do Pol Pot, ou pra a revolução Russa e seu resultado (e mais tantas outras que impuseram um “regime socialista”).

    O sujeito pode perfeitamente continuar defendendo agroecologia, agricultura orgânica, defender políticas públicas para isso, se dizer ecossocialista e criticar a política do presidente do Sri Lanka; apontar como foi equivocada na forma etc etc. Aliás, as boas matérias sobre o assunto diferenciam o autoritarismo e os erros do presidente do Sri Lanka, as limitações da agricultura orgânica hoje em dia, e o que seria necessário para expandi-la sem criar uma situação como no Sri Lanka.

  9. Caro Prometeus,

    Realmente temos uma discordância muito mais ampla do que o ecossocialismo.

    1. Sim, eu coloco em xeque todo o movimento ecológico, e não só parte dele.

    2. Não, eu não acredito que a defesa do meio ambiente é algo sem relevância, mas precisarei me alongar um pouco nesse ponto.

    a) De um lado, a própria ideia de “defesa” parte de um pressuposto: que o meio ambiente é uma coisa estática, possui um suposto equilíbrio natural e deve ser mantido, o máximo possível, intacto. Entretanto, esse suposto meio ambiente não existe nem nunca existiu. A natureza não tem nada de estática, nem possui qualquer equilíbrio universal (possui equilíbrios bem delimitados, no tempo e espaço), nem permitiria a sobrevivência do ser humano e de muitas outras formas de vida se não pudesse ser alterada, modificada, transformada. Uma coisa que o ser humano e todos os demais sempre fizeram (e sempre farão) é alterar o meio ambiente, multiplicando uns recursos naturais e criando, por outro lado, resíduos e escassez de outros. Surge então um novo quadro, no qual o ser humano (e os demais seres) haverão de agir.

    b) De outro lado, é claro que ninguém em sã consciência poderia defender a destruição, o fim, de recursos naturais que permitem a sobrevivência do ser humano. Entretanto, contradizendo os ambientalistas de mentalidade apocalíptica, o ser humano, sobretudo após a revolução industrial, tem sido capaz não apenas de produzir cada vez mais, mas de produzir cada vez mais com menos esforço e gastando menos recursos, que é o que chamamos de produtividade. Além do mais, a modernidade trouxe ainda a possibilidade de a economia possuir uma tal capacidade produtiva que multiplicou-se enormemente a quantidade daquilo que se pode produzir hoje e se poderá um dia produzir, numa diversificação colossal da produção. Ora, o capitalismo criou três condições fundamentais para o comunismo: a possibilidade de produzir-se em abundância, a possibilidade de produzir-se em abundância com menos recursos e, por fim, a possibilidade de diversificar enormemente a produção atual e multiplicar enormemente aquilo que se poderá produzir um dia, coisas que nem sequer concebemos, mas que o crescimento e o desenvolvimento econômicos vão possibilitando (um exemplo: ninguém imaginava, há algumas décadas, a revolução que resultaria da invenção do computador e da conexão em rede de computadores, por meio de linhas telefônicas). Sem essas três condições não haverá comunismo. Eu sou comunista. Logo, por uma questão de lógica e bom senso, não faz sentido para mim combater justamente aquilo que possibilitará o desenvolvimento de um novo modo de produção, um que não represente a socialização da pobreza, mas da riqueza. Os ecologistas, ou combatem as tecnologias utilizadas atualmente na produção (por serem poluidoras, etc.), ou se opõem à própria ideia de um crescimento e desenvolvimento econômico que deem sustentação à civilização moderna. As demandas dos primeiros são facilmente incorporadas pelo capitalismo, que investe em novas tecnologias que diminuem impactos ambientais e criam novos mercados. As demandas dos outros, ninguém sério as leva a sério. No meio do caminho existem aqueles que defendem tecnologias arcaicas que o capitalismo também pode incorporar (se conseguiu superá-las, pode incorporá-las novamente), gerando novos mercados. Seja como for, além de questionarem justamente aquilo que poderá constituir a base material para a edificação do comunismo (o próprio pressuposto do comunismo, além do proletariado), os ecologistas acabam, de um ponto de vista político, desviando a atenção da classe trabalhadora do processo de exploração, voltando-a para questões ambientais, eleitas a nova prioridade nº 1, e fazendo-a convergir com gestores e capitalistas num projeto supraclassista fundamentado no mito de uma natureza que nunca foi. Então, sim, para mim a ecologia em geral é nociva, e em dois aspectos: por um lado, se levada a sério, de um ponto de vista econômico, ou permitirá o surgimento de novos mercados (verdes, mas ainda assim mercados), favorecendo a acumulação de capital, ou condenará os trabalhadores a privações econômicas, mediante a substituição de tecnologias modernas por arcaicas (veja-se o caso do Sri Lanka), ou destruirá a base material que poderá servir um dia à edificação de uma sociedade comunista; por outro lado, de um ponto de vista político, a ecologia convida os trabalhadores a deixarem de lado a questão da exploração e uma perspectiva de classe, colaborando com outras classes para a defesa de um projeto político fundado num mito. Portanto, sim, eu me oponho à ecologia em geral.

    3. Você, entretanto, confunde crescimento econômico com acumulação de capital, e de certa forma tem razão, pois no capitalismo o crescimento econômico se confunde com a acumulação do capital. Mas o que é que devemos fazer? Combater o crescimento econômico porque ele propicia, nos marcos do capitalismo, a acumulação de capital? Ocorre que esse mesmo crescimento econômico, e em grande medida devido às lutas dos trabalhadores, propicia também uma melhoria geral, e estatisticamente incontestável, nas condições de vida dos trabalhadores; é claro que os capitalistas, dependendo da conjuntura, fazem o contrário, privam os trabalhadores dessas melhorias nas condições de vida, e aí os trabalhadores precisam lutar novamente. É isso o que chamamos de luta de classes no capitalismo. Aí você diz: ah, mas existe uma outra concepção de riqueza e de crescimento econômico, e eu posso até concordar, a menos que você defenda uma sociedade autogerida em que os trabalhadores se ocupem de gerir a pobreza, tecnologias arcaicas e que levem a privações econômicas, sob o pretexto de preservar a natureza. O comunismo é definido como a sociedade em que cada um poderá desenvolver livremente suas potencialidades, então para isso é necessário que haja riqueza em abundância, produtividade e uma economia diversificada, para que no curso de um processo de desenvolvimento e crescimento econômico o ser humano possa não só desenvolver as potencialidades que já possui, mas descobrir outras que nem imaginava poder ter, perseguindo-as livremente. Se a sociedade pós-capitalista não se aproxima dessa concepção, então para mim, sinto muito, ela não é comunista.

    4. Voltando a um ponto anterior da sua argumentação, você afirma que “a humanidade necessita de recursos naturais específicos para sobreviver e são estes recursos que podem, ao longo do tempo, ficarem escassos”. Sim, tais recursos podem ficar escassos, mas o que a história do capitalismo tem demonstrado é que os recursos, desde que surgiu o capitalismo, foram na verdade multiplicados. O ser humano foi capaz de, através da industrialização e da aplicação da ciência à produção, multiplicar enormemente os recursos disponíveis, encontrar novas fontes de recursos, antes desconhecidas, reutilizar recursos que não podiam ser reutilizados, e assim por diante, e isso tudo continua sendo feito. Então, ao contrário de você, eu não vejo esses recursos chegando ao fim. Desequilíbrios regionais existem, como sempre existiram, e onde ferem os interesses da classe trabalhadora devem ser combatidos, mas por piorarem as condições de vida e colocarem em risco a sobrevivência das pessoas, sobretudo os trabalhadores, não em nome de uma natureza que nunca existiu, só nas cabeças e nos livros dos ecologistas. Existem lugares em que a população, principalmente os trabalhadores, sofrem com o lixo e a poluição? Sim, existem, o que precisa ser combatido, mas tendo em vista o bem-estar humano, e convergindo com uma luta ao mesmo tempo econômica e política, por apropriação da riqueza e das condições de produção geradas pela indústria moderna, de um lado, e por autonomia dos trabalhadores na distribuição dessa riqueza e na gestão dos processos produtivos, de outro. Seja como for, abrindo mão de uma perspectiva regional e adotando uma perspectiva global, como faz Bjørn Lomborg no livro “The Skeptical Environmentalist: Measuring the Real State of the World” (disponível, por exemplo, aqui: http://library.lol/main/3C504080C11E062A2A9A96FC47765A12), fica evidente que o mundo não está se encaminhando para a destruição e que, pelo contrário, em muitos aspectos está melhorando.

    5. Enfim, acho que assim ficam bastante claras as divergências que temos entre nós.

    Saudações.

  10. Li ainda hoje um artigo em que o autor diz que os ecologistas ocidentais chatearam-se com a Revolução Verde empregada pelo líder do Sri Lanka, porque ela não leva em conta, inclusive, que os aumentos de produtividade levam a população a reproduzir-se cada vez mais. Isso, é claro, bem antes do decreto que bania fertilizantes, momento em que as exportações de produtos agrícolas decolava no país. Em outra intervenção neste site, foi lembrado que em Sociedade Contra o Estado Pierre Clastres defendia que não só eram possíveis sociedades autóctones como foram as economias de escala que anteciparam o seu fim. É que aquele “socialismo” não passou da pequena para a escala macro. O que significava que a recusa de um mercado era possível, mas que essa recusa implicava em isolamento, ao contrário da solidariedade, internacionalista, desafio dos socialistas de nosso tempo. Não seria o decrescimento econômico a recusa dos comunistas em fazer um comunismo de escala? Questionamentos…

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