Jovem e muito bela, era uma das lideranças estudantis do seu estado. Naquela época, viajava por várias cidades para dar palestras em universidades e sindicatos sobre a mulher e o socialismo, criticava o capitalismo, a família burguesa, o amor romântico e a monogamia com o mesmo afinco. Certa feita, numa mesa de bar, falava sobre as inúmeras vantagens do relacionamento aberto, chegando a falar, inclusive, do seu próprio namoro. Foi aí que uma outra mulher disse: “Eu não sabia que vocês têm relacionamento aberto. O seu namorado me disse que o relacionamento de vocês é fechado.” Então ela respondeu: “É aberto para mim e fechado para ele.” Passa Palavra

19 COMENTÁRIOS

  1. como é deliciosa a pequena burguesia universitária.

  2. O que é o relacionamento aberto senão mais uma groselha pós-moderna?

  3. Fico feliz que o passapalavra demonstre preocupação com o declínio da família tradicional. Já é um caminho, agora é identificar as demais imoralidades no comportamento sexual.

  4. Conheci uma moça que tinha uma relação assim, e justificava que se tratava do pagamento de uma dívida histórica (“dos homens”). Passados alguns anos, essa moça teve um filho de um dos namorados, e atualmente não ajuda a criar e não paga pensão. Deixou o filho “a cargo” do rapaz, e justifica com o mesmo argumento de que durante milênios os homens deixaram as crianças para serem criadas pelas mulheres, e que agora ela está descontando essa dívida histórica. Ela deve se considerar uma Justiceira.

  5. Groselha pos-moderna? Recomendo àquela leitora o livro “Estrela Vermelha”, de Aleksandr Bogdánov, ao menos as primeiras páginas.
    Já quanto ao Flagrante Delito e ao relato de Pedra, parecem querer vincular relacionamentos abertos com atitudes irresponsáveis de parte de algumas mulheres. Será que consideram isso uma grande surpresa? Talvez devessem considerar que as mulheres são tão humanas quanto os homens, e também cometem erros.
    Por outro lado, se nos guiamos pela estatística, certamente veremos um número muito maior de homens comportando-se destas formas, em comparação com as mulheres. O que nos indica essa tendência tão marcante?

  6. Conheci uma pessoa que mantinha um relacionamento aberto mesmo com a outra pessoa tendo discordado disso, argumentava que todo contrato draconiano era inválido.

  7. O comentário acima parece ter sido feito por um pastor evangélico.

  8. A carapuça sempre serve pra egressos do movimento estudantil vindos dos setores urbanos médios do país.

    Que não falte benzetacil, amigo.

  9. Não vi nenhum problema na forma de exposição do Flagrante Delito. Os comentaristas, por outro lado, enxergaram, não sei onde, uma crítica infalível aos relacionamentos abertos. Concordo com o que alguns disseram acima que os “não-monogamicos” acreditam estar revolucionando a sociedade, e daí aparecem esses papos de “reparação histórica” nada significativo por si só. O que me intriga é a ferocidade que alguns anticapitalistas adotam ao julgar o relacionamento conjugal dos outros. Baita prioridade!

  10. Tem gente que acha que não comer carne é revolucionário. São idiotas.
    Mas a culpa é da salada??

  11. Acho que algumas pessoas não entenderam meu comentário, e talvez também o Flagrante Delito. Não se trata de elogiar/criticar a monogamia ou a poligamia ou o que for, e sim de criticar os modos como concretamente algumas pessoas têm colocado em prática modos “alternativos” pretensamente mais progressistas e no entanto igualmente problemáticos. É evidente que são mais homens que abandonam filhos ou que se libertam de responsabilidades para com os filhos, mas isso não livra em nada a atitude de mulheres que façam isso com seus filhos, assim como traições a seus companheiros. Usar de argumentos feministas ou anticapitalistas para pretensamente legitimar sua própria cretinice e narcisismo é algo mais podre e perverso do que a própria estrutura machista/opressora que se julga estar “combatendo”.

    .

  12. Adoro quando as pessoas citam as “estatísticas” sem apresentar nenhum número. São as estatísticas imaginárias, aquelas que referendam o senso comum, agora um senso comum “de esquerda”…

  13. Irado, citei as estatísticas para falar sobre uma metodologia. Você pode optar por tomar sua experiência pessoal como base para generalizar (“eu conheço uma moça…”), ou você pode buscar entender os fenômenos e as tendências sociais mais amplas da sociedade, algo que se consegue por meio da estatística. Se para entender isso você precisa de algum dígito, de pouco te servirá uma cifra qualquer.
    Agora, falando sobre o pobre senso comum da esquerda, em 2023 é preciso “dar números” para poder vislumbrar a opressão sexista? Onde é que esse povo mora?? Eu também me faço essa pergunta quando outro comentário diz que a falação narsicista de alguns individuos é “mais podre e perverso” do que a estrutura opressora machista. É o reverso da cultura da internet. Esses esquerdistas acham mais grave a lacração do que as condições de exploração e de opressão sexista, que opera inclusive dentro da própria classe trabalhadora. Chega inclusive ao paroxismo do assassinato por ciumes, antigamente chamado “crime passional”, que não é exclusivo dos homens heterossexuais (vale consultar as estatísticas para entender o problema de um ponto de vista social), mas que está diretamente relacionado ao tema aqui debatido: o atavismo social que vincula amor com propriedade. Mas parece que para alguns anticapitalistas essa crítica é apenas papo de mulher safada.

  14. Agora que já fomos devidamente educados a respeito das estruturas sociais opressivas do machismo pelo Lucas, podemos voltar a apreciar as ironias da vida.

  15. Caro Lucas, as estatísticas são ótimas, especialmente quando acompanhadas por números.

  16. Chamei de “mais podre e perverso” não a “falação” e sim a construção de modelos alternativos de relações sociais e de relacionamentos afetivos onde se inverte o sinal da opressão e exploração. Se um negro ou negra se vale da luta antirracista para ascender nas estruturas e se projetar como nova elite, isso é mais podre e perverso que o próprio racismo, pois se vale de lutas e acúmulos históricos para se colocar em posição hierárquica. O mesmo quando sindicalistas usam do acúmulo histórico de lutas e de orgãos de luta (a máquina sindical) para se colocar como gestores: isso é mais podre e perverso que a própria exploração do patrão. O mesmo quando mulheres conscientes da opressão machista e sexista se valem da posição de oprimida (como auto arrogada representante “do gênero oprimido”) para se beneficiarem em relacionamentos amorosos. Não se trata em nenhum caso de mera falação cínica, e sim de perversão prática das legítimas, urgentes e necessárias lutas, com vistas a benefícios próprios.

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