Era jovem. Não sabia nada de partido revolucionário. Em tempos de ascensão das lutas, derrubadas de presidentes, assassinatos de manifestantes, resolveu entrar para o partido no qual um conhecido seu militava. O homem lhe disse que só seria possível quando o partido enviasse um quadro para se reunir com eles. Não entendeu e não teve coragem de falar. Semanas se passavam, presidentes caiam, eles se encontravam nas manifestações, nas assembleias, e o homem lhe dizia a mesma coisa. A sua cabeça era uma imaginação sem fim. O quê de tão importante tal quadro poderia carregar? Quais cores, imagens, figuras, símbolos, personalidades, hinos, pensamentos, fotografias, provérbios, poemas… ele teria? Quais lições? Propostas de pactos e segredos para toda a vida? Mapas com as mais secretas e eficazes estratégias políticas e militares? Horas e horas pensando. Só quando a reunião aconteceu, ele, o colega e o homem enviado pelo partido, este último sem carregar nenhum quadro debaixo do braço, é que ele compreendeu o que jamais poderia ter imaginado. Passa Palavra

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