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MLI sofre retaliação em Bandim Bilá

Em novembro de 2014, com recursos arrecadados no Brasil e na Guiné-Bissau, o MLI deu início à reconstrução da Escola Comunitária de Bandim Bilá. Os trabalhos foram iniciados com a compra de materiais de construção (81 sibis de palmeira, 09 vigas de ferro, 5kg de prego, 2 litros de tinta, 1 caixa de eletrodos para soldagem, 1,5 litros de gasolina, 10 litros de gasóleo) e a moldagem manual dos “sibis” (troncos de palmeira).

A seguir, passou-se à instalação dos “sibis” na estrutura danificada da velha escola. Uma vez pronta a estrutura do telhado, foi feita a soldagem e instalação de nove vigas de ferro. Tudo executado por membros do MLI em parceria com moradores da comunidade de Bandim Bilá. Acima dessa estrutura seria erguido o telhado com placas de zinco. (Vide fotos do trabalho abaixo)

Entretanto, no dia 22 de dezembro, fomos informados por moradores de Bandim sobre o furto de três vigas já soldadas e instaladas. Além da frustração pelo trabalho e material perdidos, uma inquietude nos acomete: como foi possível retirar vigas tão pesadas sem que ninguém percebesse? Para erguer as vigas já soldadas foram necessárias cerca de 20 pessoas e mais de 30 minutos de trabalho coordenado.

Desde outubro, quando intensificamos a limpeza para a reconstrução, fomos ameaçados pelo antigo diretor da escola abandonada (vide foto). Ele alegava ser a única autoridade capaz de representar a escola e dirigir a sua reabilitação. Chegou mesmo a dizer: “somente após a minha morte vocês vão trabalhar nessa escola”. Conscientes da legitimidade da nossa iniciativa, continuamos a trabalhar.

Em dezembro, fomos mais uma vez ameaçados e obrigados a suspender os trabalhos. Dessa vez, o atual diretor da Escola de Bandim Bilá Bloco 1 esteve na comunidade e exigiu um documento oficial para que continuássemos os trabalhos de reabilitação. Mesmo sendo informado de todos as nossas idas ao Ministério da Educação em 2014 e dos nossos direitos constitucionais, o diretor não recuou e nos obrigou a requerer uma autorização oficial do estado. Para evitarmos uma possível investida policial, lá fomos nós outra vez em busca da assinatura de um burocrata qualquer.

Entretanto, sequer obtivemos resposta ao nosso requerimento. De forma autônoma e seguros da legalidade dos nossos atos, continuamos os trabalhos de reforma da escola. Até que fomos surpreendidos pelo furto das vigas.

Não queremos levantar suspeitas contra ninguém. Mas sabemos do impacto da nossa luta. Perdemos três vigas e alguns dias de trabalho. Não perdemos a força e o sonho de construir uma escola livre para nossa comunidade. Por enquanto, os trabalhos estão suspensos até recuperarmos as vigas furtadas. Caso retaliações desse tipo persistam, construiremos a nossa escola em outro local (já identificado).

O trabalho de base continua.
A auto-organização popular continua.
Movimento Lus ku Iagu (MLI)

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