Dois estudantes brasileiros conversam sobre o Carnaval.
— E aí, Lucas! Vai curtir algum bloco esse ano?
— Sei não, rapaz. Esses tempos sombrios e o povo ainda com ânimo para pular carnaval… Por que o povo não vai para a rua para lutar por direitos?
— E protestar para quê? Para nos confundirem com agentes da CIA? Passa Palavra
Tá foda ser agente da CIA, nem recebendo pra isso a gente tá mais…
Devíamos fazer um protesto
Já que “tá foda”, que tal radicalizar no pseudônimo e mudá-lo para Agente 69?
Só no carnaval!
Resumo da ópera: couve na vala, só durante o carnaval…
Sr. 68, estaremos avaliando a sua proposta de fantasia para o caso de querer vir passar o carnaval em Belo Horizonte.
“O Brasil é um país único na sua desgraça, com um povo absolutamente acovardado, vivendo como se tudo estivesse na mais absoluta normalidade. Essa é uma tragédia. […] Temos um povo que traz no lombo a marca da chibata, ainda. Casa Grande e Senzala continuam de pé. E agora temos o carnaval, essa festa brasileira, tipicamente brasileira, que faz parte das nossas tradições. Que é a festa absolutamente inadequada ao momento. […] Mas como renunciar ao Carnaval? E como renunciar ao “Mengo, mengo, mengo”,… Como renunciar a estas coisas? Impossível! Esse é o Brasil. É até mesmo ridículo, como os seus partidos, como a sua política, como os seus líderes. É isso o que eu penso. Desculpem esse minólogo um tanto enfurecido”.