Por Lucyan Butori

Eu estou exausto. Você que está me lendo também deve estar exausto. Quem neste Brasil não está exausto? Tenho pensando sobre a exaustão ultimamente. Desde o início da pandemia temos trabalhado pelo menos o dobro do que trabalhávamos antes dela. E parece meio ilógico pensar isso, porque o desemprego está cada vez maior e mais profundo e a pandemia forçou metade das pessoas a ficarem em casa, confinadas, enquanto a outra metade encara a morte diariamente na rua. Mas, como certa vez disse o Seu Madruga: “não há nada mais trabalhoso do que viver sem trabalhar” [1]. E ele está absolutamente certo. Temos vivido isso na prática diariamente. Estamos sempre trabalhando mesmo estando desempregados, afinal procurar emprego é um tipo de trabalho que exige esforço e persistência. E não é fácil. Desde o governo Temer e, sobretudo no governo Bolsonaro, o ultraliberalismo evangélico tem destruído o país e as relações sociais. E a pandemia estraçalhou o que ele não conseguiu destruir. Mas mesmo sabendo tudo isso, mesmo escutando que “é culpa do capitalismo”, ainda assim parece que algo mudou, e eu continuo exausto. Antes também era capitalismo e eu não estava o tempo inteiro exausto. Deito na cama ao final do dia sem forças ou ânimo, e ainda preciso estudar. Com que vontade? E com qual propósito? Se tudo está destruído ou sendo destruído, por que eu deveria continuar estudando — que vai adiantar além de me deixar ainda mais cansado?

O que mudou? A nossa atmosfera mental mudou. Como se a água do mar em que nadamos de repente se tornasse mais fria. Algo externo está nos fazendo trabalhar e produzir, algo está sugando a nossa energia — se alimentando da nossa vida. As empresas de tecnologia estão como nunca arraigadas nesse sistema ultraliberal evangélico, e isso está nos mudando, nos forçando a fazer coisas e agir como manada, correr sem sair do lugar. Temos que criticar tudo, porém de forma vazia ou superficial. Temos que assistir tudo, porém de forma acrítica e sem reflexão. Temos que comentar e escrever textão sobre todas as tretas que acontecem diariamente, mas sem nenhuma profundidade. Temos que saber sobre todos os assuntos, mas superficialmente. Temos uma carga imensa de coisas para fazer, pensar, agir e se movimentar, mas continuamos parados, correndo sem sair do lugar. Obscurantismo, fanatismo, malucos que emergiram dos esgotos da humanidade, reacionários contra o conhecimento, nazistas; o quadro de desgraçamento paira sobre nossas cabeças e ao nosso redor, nos sitiando. E temos que produzir, trabalhar mais e estudar mais — ter “proatividade”.

Tenho observado as coisas que estou fazendo ao longo do dia e que estão me sugando, de certa forma. Por exemplo: tenho escutado muito podcast, e tenho preenchido os momentos de esforço mecânico com episódios de podcast. Os temas que mais gosto são política, filosofia e ciência. Então quando estou lavando a louça, que é uma atividade bem mecânica, estou na verdade pensando e aprendendo. Pensar e aprender exige muito esforço e isso resulta em cansaço. Afinal, escutar podcasts desses assuntos é como prestar atenção em uma aula importante. Assim, aquela atividade mecânica que geralmente usamos para esvaziar a mente passa a ser um momento de trabalho duplo: mecânico e mental. Isso gera cansaço. E comecei a observar esse padrão em praticamente todas as atividades mecânicas ou semimecânicas que eu estava fazendo: escutar podcast enquanto varro a casa, enquanto faço comida, no deslocamento de ônibus até o trabalho, e, o pior de todos, quando jogo videogame. E assim por diante. Entenda: isso não é uma carta contra o podcast; eu amo podcast. O problema não é o podcast. Nem ouvir, de vez em quando, um podcast enquanto realiza outra atividade. O problema é tornar regra, por ganância de produtividade, sempre fazer no mínimo duas ou mais coisas ao mesmo tempo. Lavar a louça, ainda que mecânico, é trabalho, cansa, exige atenção concentrada para os detalhes. Ouvir podcast também pode ser laboral. Eu estava realizando com muita frequência duas atividades laborais ao mesmo tempo, e isso sim é um problema, e não a quantidade de podcasts que ouço. Mas percebi que tenho consumido muito essa mídia e isso estava me deixando exausto. Então me desinscrevi de vários e deixei só aqueles que são imprescindíveis, os meus favoritos. E tenho escutado com mais parcimônia. O mesmo aconteceu com o YouTube, que eu consumia bastante. Que loucura, né?

Mas por que isso aconteceu? Pensei sobre isso e fui pensando até chegar na origem, e a origem desse comportamento que estava me deixando exausto era a conjuntura política e social do Brasil. Como não se desesperar frente a tamanha desgraça que se desenrola diariamente diante de nós? Penso que todos os seres humanos, em maior ou menor grau, têm o ímpeto de aprender. Esse ímpeto, no entanto, é capturado pelo sistema capitalista e transformado em um impulso bizarro por produtividade, produzir e produzir. A essência do criar, aquilo que está na psiquê humana, que nos leva rumo ao conhecimento, às artes, às ciências e à liberdade, foi corrompido pelo sistema.

Mas isso tudo parece tão superficial. Quero dizer: pessoal. Como se os meus problemas fossem universais. É óbvio que há mais coisas aí, muito mais. A ideologia evangélica ressurge em meados do século XIX como rompimento teológico do dogma católico de que lucro é pecado. O lucro passou a significar mérito moral. Essa concepção deturpada de “espírito” [2] capitalista fundamentou as bases do capitalismo a partir do século XIX e se enraizou no imaginário evangélico com a pseudofilosofia do Destino Manifesto, que prega a superioridade estadunidense como povo “eleito por Deus para comandar o mundo” [3] que gerou o Lebensraum dos nazistas e a destruição de terras indígenas, no Brasil. Predestinação e êxito material como garantia da graça divina. A teologia da prosperidade é devedora do televangelismo estadunidense e o principal braço ideológico da direita brasileira nas classes pobres do Brasil profundo. Aqui, ser patrão é o sonho da maioria. Pensamos, enquanto sociedade, em lucrar e lucrar e ser patrão — ser dono de alguma coisa, mandar em pessoas. Em outras palavras: o sonho de ser senhor de engenho, o produto de uma colonialidade nunca superada. Enquanto não somos patrão, temos que produzir. Produzir e produzir. Descansar? Isso é para os fracos, os perdedores — os “vagabundos”.. Trabalhe o tempo inteiro, produza e seja o mais produtivo possível, tenha proatividade. Essa lógica absurda perpassa todas as esferas sociais no nosso país, desde o próprio ambiente de trabalho até a escola e as universidades. A ideologia ultraliberal evangélica transformou a realidade que nos cerca em uma imensa fábrica, onde 24 horas por dia estamos produzindo; até nossas interações se transformaram em produtividade nas redes, os tais “conteúdos”. E também até mesmo o entretenimento que consumimos: produzir conteúdo assistido; assistir milhares de episódios de séries na Netflix em sequência, vídeos no YouTube na sequência, podcasts na sequência, horas e horas rolando feed no Instagram, Facebook ou Twitter. Enfim, o entretenimento virou trabalho. Afinal, enquanto assistimos séries, vídeos, rolamos feed, etc., as empresas estão rodando algoritmos e coletando dados e metadados que geramos, exibindo mais conteúdo e propagandas e coletando ainda mais dados, que eles vendem e revendem. Viramos fábricas de dados — ou fazendas onde colhem e nada plantam, nos exaurindo. O sociólogo Jean Baudrillard acreditava que “assim como crianças criadas por lobos se parecem com lobos, pessoas criadas por objetos se parecem com objetos”.[4] Acho que estamos ficando cada vez mais parecidos com algoritmos, e a função de um algoritmo é trabalhar.

Estamos exaustos porque fomos transformados em algoritmos; escravos do sistema que são sugados de toda energia e libido, e vontade de viver. Em troca de quê? O que essas empresas de tecnologia nos deram para abrirmos mão tão facilmente da nossa liberdade, energia e libido? Vício em serotonina produzida por likes e a ilusão de laços sociais sem o esforço que eles necessitam, evitando frustrações, faltas e a verdade da própria incompletude.

Também estamos exaustos com a quantidade absurda de notícias que recebemos todos os dias, a cada hora, a cada minuto, e a maioria é de tragédias e desgraças. E então rolamos o feed na esperança de aparecer um meme engraçado ou uma foto de gatinho, mas nos deparamos com a destruição da Amazônia, com a destruição de comunidades indígenas, com a destruição de rios, com a destruição urbana, com a morte do tecido social, com a fome pairando sobre nossas cabeças, com atrocidades e mentiras ditas em rede nacional, com a mídia passando pano para genocídio, com a “escolha difícil” entre democracia e nazismo. Enfim, com aquele sentimento de exaustão mental e desgraçamento físico que chamamos, de forma irônica, de “ser brasileiro”. É exaustivo ver crimes sendo cometidos diariamente e não poder fazer nada para impedi-los; é repetir para si diversas vezes ao longo do dia a frase “facada mal dada do caralho” e rolar o feed mais uma vez. E ainda dizem que devemos ser produtivos, que a pandemia é uma oportunidade, que a crise social é uma oportunidade de crescimento, que devemos investir. Investir no quê, filho da puta? Oportunidade de quê, liberal pau no cu? Mais de 600 mil mortos!

Não entendo muito de luto, mas acho realmente que o luto nos deixa exaustos, além de melancólicos. E estamos de luto há vários anos. A nossa atmosfera mental está de luto. Sentimos na mente a morte do tecido social e nos desesperamos, afundados na melancolia ou na apatia.

Estamos exaustos porque a engenharia social do ultraliberalismo evangélico está nos transformando em algoritmos cuja função é trabalhar e vigiar os outros, consumir e se alienar. O objetivo final dessa engenharia social é construir uma sociedade ultraliberal onde os indivíduos foram completamente apartados de qualquer aspecto social e solidário, onde a atomização do indivíduo é a regra — ou seja, onde não há nenhuma preocupação com o outro, com o diferente, com o social, enfim, com qualquer interesse em construir relações e sociedade. O outro lado desse objetivo é a consolidação de um Estado ultraliberal onde todos os aspectos sociais sejam minimizados ou completamente abolidos — a palavra-chave disso é austeridade, ou, como a mídia atualmente tem chamado, teto de gastos. Para isso acontecer, é preciso que o Estado seja gerido como uma empresa e que a máquina burocrática, isto é, as pessoas que trabalham na gerência do Estado, sejam tecnocratas niilistas advindos da classe média fascista. Não é por acaso que todos os avanços sociais construídos desde a redemocratização do Brasil estão sendo obliterados nos últimos anos (destruição iniciada por Temer e, se tudo continuar como está, concluída por Bolsonaro). Um Estado niilista é aquele onde a ciência e confiabilidade em dados não interessa e, por isso, não tem valor; onde o próprio Estado sabota medidas sanitárias, atrasando, negando e desvirtuando todo tipo de remediação de medidas cientificamente comprovadas. Prolongando e afundando propositalmente a crise política, alimentando com gasolina a crise social, sabotando a reestruturação do país, desindustrializando e ampliando a monocultura de soja, incentivando a ruptura social, criando valores deturpados, alienando com teorias da conspiração, dizendo e desdizendo qualquer coisa conforme a repercussão positiva ou negativa na própria base de apoio, matando e exterminando pessoas e povos. E cobrindo tudo com um véu de esquecimento ou desconfiança de que não existiu. E o tecnocrata niilista é o sujeito que opera todas essas coisas, trabalhando como um algoritmo que não pensa e não reflete sobre as próprias ações e consequências de seus atos na sociedade, banalizando o mal que propaga como mera tecnicalidade do serviço a que foi encarregado [5].

O Brasil é um grande laboratório a céu aberto da engenharia social em larga escala empreendida pelo ultraliberalismo evangélico com auxílio da mídia liberal-conservadora, dos empresários, dos partidos políticos e do exército brasileiro. O objetivo é o controle absoluto, a criação de indivíduos dóceis que vão consumir alienação e trabalhar a vida inteira, sem jamais se rebelar.

Não seja produtivo.

Se rebele.

Notas

[1] SEU MADRUGA. Wikiquote, [s. d.]. Disponível em: https://pt.wikiquote.org/wiki/Seu_Madruga. Acesso em: 11 nov. 2021.
[2] WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Companhia das Letras: São Paulo, 2004.
[3] SANTIAGO, Emerson. A doutrina do Destino Manifesto. Infoescola, [s. d.]. Disponível em: https://www.infoescola.com/filosofia/destino-manifesto/. Acesso em: 11 nov. 2021.
[4] CEIKA, Jonas. American Psycho, Baudrillard and the Postmodern Condition. YouTube, 28 mai. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RJfurfb5_kw&t=0s. Acesso em: 11 nov. 2021.
[5] Cf. ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Companhia das Letras: São Paulo, 1999

 

Ilustra este artigo uma fotografia de Adrian Swancar.

6 COMENTÁRIOS

  1. A conclusão deste artigo não faz justiça ao seu diagnóstico. Ouvir podcasts, ler romances, ler sobre história, essas e muitas atividades do lazer constituem características que o mercado de trabalho contemporâneo (leia-se toyotismo uberizado) valoriza tanto quanto ou mais do que as instruções voltadas para atividades braçais. Mas tenho minhas dúvidas se escutar podcasts de forma recreativa constitui exploração efetiva, ou que escutar podcasts enquanto lava a louça constitui uma dupla jornada. Nota-se que se assim fosse, seria uma instrução precária, porque mesmo o material auditivo requer uma atenção similar a de uma leitura, que a concentração nos pratos e panelas pode diminuir. Isso, é claro, para bons podcasts, não materiais voltados a dispensar estudo. Qual a finalidade de fazer tal distinção? A relação contraditória entre o objeto de estudo (o ócio) e a conclusão (qual o impacto deste para o período de lutas sociais) é nítido quando o autor escreve que “Estamos exaustos porque a engenharia social do ultraliberalismo evangélico está nos transformando em algoritmos cuja função é trabalhar e vigiar os outros, consumir e se alienar” e conclui “Não seja produtivo”. Fica parecendo que a democratização do acesso ao conhecimento constitui por si só uma exploração. E que a produtividade, por si só, é nociva. Proposta sedutora para os niilistas, pouco sedutora para quem quer buscar um horizonte emancipatório. Caro Lucian, É dessa confusão entre o que é o não produtivo que você confunde o grau de instrução obtida diante do capitalismo com o baixo horizonte de ofertas de trabalho, que esbarra na tendência cada vez maior da pejotização de trabalhadores, submetidos cada vez mais à exploração do componente intelectual do trabalho, daí o papel que cumpre o neoliberalismo evangélico. Se a exaustão da qual protesta decorresse deste segundo caso, eu teria acordo contigo no diagnóstico. O ponto é que o puro absenteísmo prejudica mais aos trabalhadores do que o capitalismo, porque a imensa maioria dos trabalhadores está tomando antidepressivos, está consumindo drogas, mas nunca se viu tão engajada no trabalho. Não é à toa que todos querem ser empreendedores.

  2. Muito bom. Um desabafo no qual me reconheço demais, e reconheço muitas das minhas e dos meus compas… Nos toca. Entre o se sentir sufocado, em silêncio, na lida e na ginga constante do malabarismo cotidiano; o onipresente ímpeto – quase sempre interditado – de gritar, rebelar-se; o flerte constante com a desesperança ou o desespero; a resignação ou a busca por novas palavras que

  3. Entendo que a produtividade “em si” é libertadora.

    É libertadora de forças que, através da cooperação (entre os vivos e os mortos, pela divisão do trabalho e pela tecnologia), nos fazem descobrir possibilidades inimagináveis de progresso técnico e científico.

    É libertadora do tempo socialmente necessário para se produzir bens e serviços, e assim reduz o custo social de cada coisa, tornando-a mais acessível a todos ou a um número crescentemente maior de pessoas.

    É libertadora de trabalhos mecânicos, repetitivos, mortificantes, que podem ser programados para a realização por máquinas.

    O problema não é certamente a produtividade, mas a nossa heteronomia, a nossa incapacidade em lidar com ela. Incapacidade histórica, enquanto classe, mas também incapacidade moral, política, ética, cultural e tecnológica nos segmentos mais qualificados dos trabalhadores, que, dominados pela hegemonia capitalista e pelas “facilidades” das TICs, vemos muitos entrando em uma espiral insana de autoempresariamento que resulta na doença do workaholic, no orgulho de ser burro de carga, funcionário polvo e viver para trabalhar.

    Tem ainda a expansão da gamificação nos processos de extorsão do trabalho. Minando as relações de solidariedade, somos levados a disputar o tempo todo com os nossos colegas de trabalho. Motoristas com menos corridas e estrelas têm piores condições para conseguirem corridas e estrelas, professores com menos publicações e orientações têm piores condições para conseguirem publicar e orientar.

    Estamos exaustos porque estamos absorvidos por esses jogos e essas facilidades e não temos sabido ainda utilizá-las em favor da solidariedade, da autonomia e do tempo livre.

    Aliás, a hegemonia do capital é tão grande, que muitos na esquerda talvez até tenham vergonha de ter um tempo livre!

    Já tivemos força e convencimento de classe para exigir 16h-dia de não trabalho! https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:8hoursday_banner_1856.jpg

    A produtividade do trabalho acabou reduzindo as possibilidades de contarmos com o nosso tempo de recreação e descanso?

  4. Apenas uma observação: onde se lê evangélico deveria ser dito calvinista, que é apenas uma das linhas teóricas do protestantismo. No mais, de acordo.

  5. Quando a esquerda desiste da transformação das relações de trabalho, surge a apologia do ócio. Apesar disso, a história das lutas dos trabalhadores contém – em seus pontos mais altos – momentos em que a classe trabalhadora não apenas negou as relações de trabalho no capitalismo como também buscou instituir novas relações de trabalho, enfim, criar uma nova sociedade, não de ociosos, mas de trabalhadores. E uma sociedade que não nivelasse por baixo, mas socializasse a abundância propiciada pelos sistemas de produção mais modernos e permitisse que – por meio da cooperação e da solidariedade mútua – produtores livremente associados pudessem viver numa sociedade que garantisse o livre desenvolvimento das potencialidades de cada um. Textos como esse contribuem para que a pessoa se deixe levar pela impotência e se acostume a viver na inércia, se lamentando de si mesma. A outra alternativa é tentar compreender a realidade, levantar-se e agir.

  6. A respeito de algumas questões que tangenciam este artigo, Cory Doctorow acabou de escrever um interessante texto sobre o ludismo. Seu argumento principal: a revolta ludista não era contra as máquinas, mas contra a finalidade para que haviam sido construídas. Os tecelãos eram trabalhadores com certa qualificação técnica. A mule jenny e teares mecânicos semelhantes poderiam servir para reduzir o trabalho dos tecelãos e dar-lhes mais tempo liver; serviram, pelo contrário, para rebaixar seus salários, dada a baixa qualificação técnica exigida para sua operação. Daí certa “renascença”, “reavivamento” ou “revisionismo histórico”, diria eu romantizada e a-histórica, do ludismo em certos meios. O artigo, para quem se interessou: https://pluralistic.net/2022/01/04/general-ludd/#loomsmashers

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