Marcha Mundial das Mulheres (Caracas, 2006)

Por Manolo

 

2004 foi ano de muitas novidades no Fórum Social Mundial. Além de sua realização em datas diferentes daquelas do Fórum Econômico Mundial, a “asiatização” do FSM se concretizou, com sua realização em Mumbai (Índia). Como Mumbai era então uma cidade governada pela direita, o tipo de financiamento tradicional do FSM – verbas públicas – foi posto de lado e o orçamento cortado pela metade; não obstante, além das contribuições militantes, 60% do orçamento foi garantido por duas ONGs internacionais[1].

Dalits no FSM 2004 (Mumbai, Índia)

Apesar dos temores de que a realização do FSM na Índia “permitissem às elites fundamentalistas hindus colocar uma face alegre em sua sociedade, colaborando com suas intenções de alcançar uma horripilante dominação”[2], este deslocamento geográfico, que pretendia aumentar a “diversidade” dos participantes do Fórum e facilitar a participação de militantes de um dos continentes mais pobres do mundo, resultou num evento no qual “os ‘brancos’ são poucos, os mestiços latino-americanos ainda mais raros e os africanos os eternos ausentes”[3]. Participaram do Fórum “80 mil pessoas, de 132 países (…), cerca de 700 eram japonesas, 500 sul-coreanas, além de chinesas, tailandesas e filipinas”, além da grande surpresa que foram os trinta mil dalits presentes, o que resultou num evento “muito mais popular, com intensa participação dos movimentos populares, dos movimentos de base”[4]; como consequência, esta talvez tenha sido a edição mais “extremamente popular, militante e feminista” do Fórum, reforçada “pela presença massiva de movimentos populares de base, não só da Índia mas de grande parte da Ásia”[5].

Os problemas, apesar disso, não foram poucos. As críticas à falta de transparência do processo de construção do Fórum[6][7]. Para piorar, a dura realidade da pobreza na Índia chocou os participantes e colocou em questão até mesmo a palavra de ordem “um outro mundo é possível”[8]. O campo “das ONGs” foi duramente criticado; delegados como o do Paquistão, por exemplo, “eram membros de ONGs (algumas com filiais internacionais) que custearam sua viagem”, e este substituísmo teria “um efeito sobre a politização de seus membros”[9].

Plenária no FSM 2004 (Mumbai, Índia)

A esta altura o FSM já havia conseguido atrair mais atenção que o Fórum Econômico Mundial, como planejado por seus criadores – até o então presidente do Banco Mundial, James D. Wolfensohn, “solicitou aos organizadores que o deixassem falar no FSM 2004”[10] – mas a polêmica sobre a necessidade de “estratégias comuns” esquentava. Os debates esgotavam-se, a dispersão – marca registrada de um evento onde ocorriam, às vezes, mais de mil e quinhentas atividades no espaço de três dias – tornava-se insuportável. Embora houvesse quem enxergasse neste clamor por “unidade” um retorno a estratégias ultrapassadas[11], o vozerio pela mudança de caráter do FSM rumo à sua transformação de “espaço de convivência e troca de experiência” em “instância unificadora dos movimentos sociais globais” chegou ao ponto de, “durante a cerimônia de encerramento, seus representantes, depois de convencer os organizadores indianos do FSM de que se tratava de uma tradição de todos os Fóruns, tomaram o microfone para apresentar seu “Apelo”, reduzindo assim toda a riqueza e diversidade do Fórum a uma só proposta”[12].

Três pareciam ser, então, as questões fundamentais quanto à continuidade do Fórum: “Primeiro: a questão nada nova de como converter a quantidade em qualidade, a multidão em síntese, participação massiva em conclusões sintetizáveis e socializáveis. Até agora ninguém parece ter uma resposta acabada. Segundo: como garantir, no próximo Fórum Social Mundial — que ocorrerá em 2005 em Porto Alegre — a participação assim massiva e marcante dos setores sociais mais marginalizados e mais explorados, no melhor estilo do que se vive em Mumbai? Terceiro: como obter no futuro que, a partir da presença maciça de autóctones, por enquanto quase tribal e local, se possa sistematizar novas propostas alternativas que tornem um outro mundo realmente possível? Permitindo que as novas faces dos protagonistas deste encontro alteromundista continuem a ser em número crescente”[13].

Em 2005 o Fórum foi realizado novamente em Porto Alegre. A experiência de Mumbai e a derrota do PT nas eleições municipais (com o consequente corte nos recursos vindos da prefeitura) levaram o Secretariado do FSM a investir nas atividades “autogeridas” (“das mais de 1.200 atividades nele realizadas somente 13 eram de responsabilidade dos organizadores”[14]), o que levou esta edição a ser “a mais aberta, criativa e horizontal de todas”[15].

Dentro da polêmica sobre o caráter do FSM, um texto assinado por Paul Nicholson e pela Via Campesina ligou a metralhadora giratória: “Desde o primeiro Fórum em Porto Alegre, com participação de dez mil ativistas, até hoje, com um Fórum de cento e cinquenta mil, temos crescido em popularidade e no desejo de construir espaços de luta. Esta popularização do movimento dos Fóruns é positiva, mas também gera exigências de que seja não apenas um turismo de fóruns, mas também um lugar de lutas sociais contra o neoliberalismo. Devemos ter a segurança e a plena confiança na maturidade dos movimentos sociais em avançar sobre novos territórios, não tanto nas mudanças de metodologias, que é o traje, senão em mudar e ativar o que são os objetivos de fundo de todos os fóruns sociais, que são a transformação da sociedade, e neste sentido os movimentos sociais devem resistir às tentações conservadoras e avançar em propostas de ação. Não vale um menu de mil ações a fazer, temos que concentrar os objetivos e as estratégias em poucos elementos fundamentais: a luta contra a guerra, contra a ‘liberalização’ do comércio e da OMC, contra o machismo, contra a discriminação dos excluídos. Temos que sair do Fórum sabendo o que fazer, e quando”[16].

A ligação do FSM com os movimentos sociais: BrasilTelecom lança cartão telefônico com a logomarca do FSM (Porto Alegre, 2005)

Como, diante do caráter geograficamente descentralizado desta edição do Fórum, “cada um veio procurar sua turma” e lá se realizaram assembleias de ONGs, movimentos e partidos de maneira quase isolada, para os defensores do caráter mais “político” do Fórum esta edição do evento não foi uma confusão de “centenas de assembleias que se diluem numa vaga concepção de que ‘tudo é tudo’, de o que vale é o ‘espaço plural’, mas de uma fragmentação tensa, para voltar à palavra mais ouvida nesses dias por aqui. Fragmentação tensa por não se conformar com este estado da arte em pedaços, mas por ser uma situação em permanente movimento e em constante vir a ser”[17]. Ou ainda, segundo o mesmo autor: “Uma mudança nas regras, possibilitando a participação de quem quisesse, e acabando com as atividades pautadas pela coordenação – como depoimentos e grandes conferências – permitiu a presença de partidos políticos e governos. Essas duas categorias, tidas anteriormente como exteriores à chamada “sociedade civil”, puderam articular suas atividades e integrar-se plenamente ao encontro. E as apresentações dos presidentes Lula e Chávez, em dias diferentes, no ginásio Gigantinho, consolidaram uma pauta mais calcada na vida política real”[18].

Muitos militantes ansiosos por uma definição política do Fórum já estavam cansados, e não viam sentido na miríade de atividades[19]. Após tanto debate sobre um “documento final” do Fórum, dezenove intelectuais[20] resolveram repetir o “golpe do Apelo de Mumbai” de forma mais sutil: lançaram um manifesto chamado Manifesto de Porto Alegre[21], com doze propostas que seriam “uma espécie de síntese política do que o Fórum está promovendo em escala internacional como transformações de instituições e filosofia política”[22] destinadas a “preencher um inegável vazio, diante da multiplicidade de temas e dos riscos de fragmentação e de dispersão que o Fórum Social Mundial corre”[23]. Muito embora tais intelectuais tenham se expressado “a título expressamente pessoal, sem pretender, de modo algum, falar em nome do Fórum”[24], as propostas do Manifesto pretendem nada mais nada menos que dar “sentido à construção de outro mundo possível”[25]. Desconsideraram, nesta “construção de sentido”, outras 352 “propostas de ação para construir um outro mundo” apresentadas no ato de encerramento do Fórum – e, graças ao seu “capital simbólico”, invisibilizaram todas elas[26].

Marcha Mundial das Mulheres (Caracas, 2006)

2006 viu nova “internacionalização” do Fórum, realizado em três cidades: Bamaco (Mali), Caracas (Venezuela) e Carachi (Paquistão). Em Bamaco foi lançado um documento de 15 páginas[27], ratificado em Caracas. Havia quem dissesse que, na falta de documentos políticos explícitos, os Fóruns “correm o risco de se transformar em uma espécie de Woodstock social”[28].

Fórum de presidentes: (esq. para dir.) Fernando Lugo, Evo Morales, Lula, Rafael Correa e Hugo Chávez no FSM Belém 2009

Nada, entretanto, poderia ser mais sintomático da instrumentalização do Fórum Social Mundial para o redirecionamento das lutas anticapitalistas rumo à sua integração nos limites “democráticos” ou à sua extinção pura e simples que o já mencionado seminário Crise e Oportunidades realizado no FSMT Bahia. Segundo expressão elogiosa de um dos principais críticos do caráter “autonomista” do Fórum Social Mundial, o seminário foi “uma espécie de eixo aglutinador dos demais” painéis e eventos do Fórum[33]. Este seminário, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), pelo Instituto Paulo Freire e pelo Instituto de Treinamento e Pesquisa da ONU (UNITAR), contou com patrocínio do Banco do Nordeste e, por dentro do Fórum Social Mundial Temático, discutiu nada mais, nada menos que, a construção da hegemonia econômica dos países do Sul geopolítico. “Países”, neste caso, não passa da boa e velha máscara com a qual se escondem os interesses de uma burguesia já transnacionalizada destes países, em especial do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).

Alguns fatos o demonstram cabalmente, em especial no caso brasileiro. Em maio de 2008, o volume total das ações de todas as companhias listadas na BM&FBovespa chegou a US$ 1,4 trilhão; esta cifra caiu para US$ 500 bilhões com o estouro da crise de outubro e, em agosto de 2009, já havia quebrado novamente a barreira histórica do US$ 1 trilhão[34]. A fusão entre Itaú e Unibanco, em novembro de 2008, tornou o grupo resultante o 16º maior do mundo em valor de mercado, à frente de outros concorrentes internacionais como o BBVA e o famoso Credit Suisse[35]. A revista The Economist diz, literalmente: “independentemente de quem ganhar, o Brasil deve permanecer em mãos capazes após sua eleição presidencial (…). O fato mais notável, do ponto de vista do Brasil é que há dois tecnocratas disputando o cargo máximo do País. A estabilidade política e econômica, duramente conquistada, deve continuar, independentemente de quem vencer”[36].

Mesa “Sul-Sul como Alternativa” (FSMT Salvador 2010): que fazer com a mão-de-obra barata?

Mas – voltando ao seminário – qual o interesse de trazer para o debate num Fórum Social Mundial, como se fez numa das mesas deste seminário, um tema como o “aumento do fluxo migratório para os países do Sul”[37]? Talvez, num encontro de militantes, se esperasse encontrar uma discussão sobre a construção de redes de solidariedade e apoio a estes migrantes que chegam em número cada vez maior ao Brasil, mas que tal ouvir algo como “[o] Brasil desponta na linha de frente como dono do maior potencial para abrigar um movimento de migração laboral”, como “[a] região tem um papel a cumprir e pode se beneficiar por estar nas rotas dos movimentos migratórios internacionais dentro dessa mudança de fluxos que estamos assistindo em função da crise”, ou como “o Ministério do Trabalho e o Itamaraty estão agindo de forma acertada nesta dimensão”? O que parece estar em discussão: a solidariedade aos migrantes ou a exploração de sua força de trabalho? Outro exemplo: num encontro de pessoas de esquerda que se pretendem anticapitalistas, era de se esperar, como aconteceu neste seminário, “uma salva de palmas (…) a cada vez que a máxima da reformulação do sistema bancário era repetida”[38], ou que este tipo de reformulação fosse rechaçada em favor, pelo menos, da tomada dos bancos, quando não de sua extinção ou destruição?

Certo, sem querer, está Gilberto Maringoni: tal como andam as edições do Fórum Social Mundial, “talvez seja a hora de se aproveitar os balanços a serem realizados em Porto Alegre e os debates sobre desenvolvimento e soberania que terão lugar em Salvador para propor uma mudança substancial nos Fóruns Sociais: transformá-los em Fóruns Políticos Mundiais”[39]. É mais sincero.

Leia as demais partes: [1] [2]  – [3][5][6] – [7]

Notas

[1]: Humanistisch Instituut voor Ontwikkelinssamenwerking – HIVOS e Oxford Comitee for Famine Relief – OXFAM; a Nederlandse Organisatie voor Internationale Bijstand – NOVIB, outra das três doadoras, é uma denominação usada pela Oxfam na Holanda. James D. Cockroft, a fonte destas informações, ressalta: “nos países pobres há que conseguir recursos financeiros em algum lugar, e as fontes menos contaminadas frequentemente são um punhado de ONGs progressistas. (…) Apesar de ser verdade que a maioria das ONGs buscam um controle sobre os movimentos sociais ou tratam de dar ao capitalismo uma cara humana, muitas também ajudam a mobilizar as forças opostas ao neoliberalismo, à guerra imperialista e à destruição capitalista de sistemas ecológicos, que segue.” (“El Foro Social Mundial 2004: nuevos avances, viejos problemas”. América Latina em Movimento, 29.02.2004, disponível em http://alainet.org/active/5709).

[2]: Michael Albert. “Mumbai, WSF and our futures”. Znet, 09.02.2004, disponível em http://www.zcommunications.org/mumbai-wsf-and-our-futures-by-michael-albert.

[3]: Sergio Ferrari. “Um FSM que vai bem além do folclore”. América Latina em movimento, 20.01.2004, disponível em http://alainet.org/active/5409&lang=pt.

[4]: Sérgio Haddad. “Mumbai 2004: um novo passo no Fórum Social Mundial”. Disponível em http://www.forumsocialmundial.org.br/noticias_textos.php?cd_news=238. Uma estatística mais detalhada aponta o seguinte quadro: “74.126 delegados registrados, sendo 60.224 indianos e 13.902 estrangeiros, de 117 países – representando 1653 organizações (838 indianas e 797 estrangeiras). Além disso, foram emitidos 40 mil crachás diários, para pessoas que participavam das atividades por um só dia ou não podiam pagar a inscrição. E deve-se levar em conta a presença dos mais de quatro mil participantes no Acampamento da Juventude, voluntários que trabalharam no evento e moradores da cidade nas atividades abertas. Estima-se que tenham participado das 1200 atividades do Fórum entre 135 mil e 150 mil pessoas”. (José Corrêa Leite. “Novos caminhos para o Fórum Social Mundial”. Teoria e Debate, n.º 57, mar./abr. 2004).

[5]: José Corrêa Leite. “Novos caminhos para o Fórum Social Mundial”. Teoria e Debate, n.º 57, mar./abr. 2004. Ele também observa que “parte do caráter popular e militante do IV FSM resultou e foi resultado também dos esforços e recursos dedicados a dimensão cultural do evento, concebida não como ‘entretenimento’ ou ‘espetáculo’, mas essencialmente como manifestação política. Desde o Fórum Social Asiático ficou evidente que o tratamento dado pelos indianos a esta questão era muito diferente e politicamente mais adequado do que o dos fóruns anteriores. As iniciativas culturais não eram shows de artistas profissionais, mas parte das lutas das comunidades e movimentos lá presentes”.

[6]: Michael Albert. “Mumbai, WSF and our futures”. Znet, 09.02.2004, disponível em http://www.zcommunications.org/mumbai-wsf-and-our-futures-by-michael-albert. Para José Corrêa Leite, “o CI, criado entre o I e o II FSM, congelou sua composição imediatamente depois do II FSM, mostrando grande dificuldade de lidar com a expansão do processo e tornar-se mais plural – o que se torna insustentável com a consolidação do processo asiático, onde não existem entidades com o tipo de estrutura das que compuseram o CI até hoje (principalmente redes internacionais de ONGs e grandes centrais sindicais com acesso a recursos para viagens internacionais)” (“Novos caminhos para o Fórum Social Mundial”. Teoria e Debate, n.º 57, mar./abr. 2004).

[7]: José Corrêa Leite. “Novos caminhos para o Fórum Social Mundial”. Teoria e Debate, n.º 57, mar./abr. 2004.

[8]: “Felipe van Keirsbilck, um sindicalista belga, sugeriu que o slogan do FSM ‘um outro mundo é possível’ perdeu seu poder de mobilização nas ruas de Mumbai. ‘Soa como uma promessa remota. Me faz lembrar o paraíso que os cristãos estão esperando numa ‘nova vida’. Quando vemos os dalits marchando nas ruas, as mulheres encenando teatro de rua em cada esquina representando a opressão e a libertação da opressão, concluímos que precisamos agora de uma palavra de ordem mais forte. As pessoas não vão ficar esperando que um novo se materialize. Elas estão ocupadas lidando com o seu direito de viver neste daqui mesmo” . (Isabelle Delforge. “Don’t wait for ‘another world’”. América Latina em movimento, 08.03.2004, disponível em http://alainet.org/active/5755&lang=pt). A impressão não foi só dele: segundo o cubano José Miguel Hernandez, da Campanha Pan-Americana contra a ALCA, “o Fórum Social Mundial precisava pisar o chão de terra batida, respirar esta poeira, sentir o cheiro do povo”. (Antonio Martins. “Viagem ao planeta Mumbai”. América Latina em movimento, 21.01.2004, disponível em http://alainet.org/active/5425).

[9]: “Na medida em que o setor público se contrai, a indústria estagna-se e as oportunidades de emprego encolhem no mundo em desenvolvimento, o setor das ONGs emergiu como um empregador-chave. A maioria daqueles que dependem do dinheiro da cooperação internacional para seu sustento dificilmente se organizariam contra a hegemonia dos EUA, contra o domínio do Banco Mundial sobre a formulação de políticas públicas do Paquistão ou por mudanças políticas fundamentais. A situação não é, claro, uniformemente desoladora através do mundo. Muitas ONGs voltadas para o ativismo têm conseguido sustentar uma visão política consistente. Como tendência geral, entretanto, este tem sido o caso nos países onde a tradição política progressista tem sido relativamente forte. O movimento anti-globalização somente pode continuar seu notável progresso se os participantes socialmente progressistas forem politizados. Se ele se transforma num fórum gigante de ONGs, pode facilmente perder sua efetividade”. (Humeira Iqtidar. “NGO factor worries activists”. ZNet, 15.02.2004, disponível em http://www.zcommunications.org/ngo-factor-at-wsf-worries-activists-by-humeira-iqtidar).

[10]: Humeira Iqtidar. “NGO factor worries activists”. ZNet, 15.02.2004, disponível em http://www.zcommunications.org/ngo-factor-at-wsf-worries-activists-by-humeira-iqtidar.

[11]: “Este é o risco da unificação do movimento: um programa implica a unificação (…) de uma multiplicidade de demandas, reclamações e propostas das centenas, quiçá milhares, de movimentos que confluem ao FSM. Implica, por sua vez, que ‘alguém’ unifica a diversidade; este mesmo ‘alguém’ deve, em consequência, hierarquizar, incluir e excluir propostas porque um ‘programa’ não pode ser uma lista interminável de exigências. Fazer o anterior seria algo como matar o Fórum Social Mundial, um espaço que teimosamente se nega a repetir erros do passado. (…) Não se deve perder de vista que o FSM é o resultado da existência de um movimento altermundialista, e não o contrário. (…) Pensar de outra forma seria não ver que o movimento não depende dos grandes eventos, mas da resistência e da potência do agir cotidiano dos oprimidos, por todas as latitudes e longitudes do planeta. É bom e necessário que os movimentos intercambiem experiências e que, em ocasiões, coordenem algumas ações. Mas esta coordenação, que pode servir para aprofundar e melhorar as experiências locais, não pode resolver os problemas mundiais existentes. Menos ainda pode fazê-lo atuando de forma simétrica com relação às elites e, muito menos ainda, através de um programa comum ou da unificação do movimento. (…) Hoje sabemos, depois de um século e meio de movimento operário, mais de oitenta anos de “socialismo real” e de uma década de zapatismo, que as formas organizativas não são neutras: podem ajudar-nos a expandir os movimentos anti-sistêmicos ou a reconduzi-los até o redil do sistema” (Raúl Zibechi. “Foro Social Mundial: caminar lento para llegar lejos”. América Latina em movimento, 29.01.2004, disponível em http://alainet.org/active/5517). Prabir Purkayastha (“World Social Forum from Porte Alegre to Mumbai: some reflections”, disponível em http://www.forumsocialmundial.org.br/dinamic.php?pagina=bal_prabir_2004_ing) seguiu linha semelhante.

[12]: Francisco Whitaker. “Tout a continue a Mumbai…”. Disponível em http://www.forumsocialmundial.org.br/noticias_textos.php?cd_news=207.

[13]: Sergio Ferrari. “Um FSM que vai bem além do folclore”. América Latina em movimento, 20.01.2004, disponível em http://alainet.org/active/5409&lang=pt.

[14]: Francisco Whitaker. “Fórum Social Mundial de 2005 – avanços e perspectivas”. Disponível em http://www.forumsocialmundial.org.br/dinamic.php?pagina=avalia_whitaker_2005.

[15: Raúl Zibechi. “Foro Social Mundial: el cambio desde los márgenes”. América Latina em movimento, 30.01.2005, disponível em http://alainet.org/active/7495.

[16]: “El Foro no es un fin en si mismo”. América Latina em movimento, 28.01.2005, disponível em http://alainet.org/active/7465.

[17]: Gilberto Maringoni. “O melhor e mais político dos Fóruns”.

[18]: Gilberto Maringoni. “Gigantinho 2 – a missão (primeira parte)”. Agência Carta Maior, 29.01.2006, disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=2875.

[19]: “Para algumas organizações este era o quarto ou quinto ano em que haviam gasto preciosos recursos no envio de delegados aos cinco dias do Fórum, no custeio da viagem e de hotéis e perdido valioso tempo de organização local de ativistas individuais. ‘Estamos ficando cansados’, disse Gianfranco Benzi, da liderança do sindicato italiano CGIL. ‘É mais difícil conseguir que as pessoas venham… não está claro o que sai daqui’. Ou, de onde as pressões sobre os ativistas locais envolvidos nos movimentos sociais são particularmente intensas, Dot Keet, pesquisador da Alternative Information on Development Economics (AIDC), descreve como ela ‘teve o real pressentimento de que o Fórum perderia seu propósito se não conseguisse alcançar mais fertilização mútua e ações conjuntas entre seus participantes. Sem isso, ao invés de uma fonte de apoio, ele poderia se transformar numa distração para ativistas na luta pela construção de movimentos de base”. (Hillary Wainwright. “WSF on trial”. ZNet, 15.02.2005, disponível em http://www.zcommunications.org/wsf-on-trial-by-hilary-wainwright).

[20]: Adolfo Pérez Esquivel, Aminata Traoré, Armand Matellar, Atilio Boron, Bernard Cassen, Boaventura de Sousa Santos, Eduardo Galeano, Emir Sader, François Houtart, Frei Betto, Ignacio Ramonet, Immanuel Wallerstein, José Saramago, Ricardo Petrella, Roberto Sávio, Samir Amin, Samuel Luis Garcia, Tariq Ali e Walden Bello.

[21]: Disponível em http://infoalternativa.org/altermundismo/alter014.htm.

[22]: Bruno Bocchini. “Intelectuais lançam Manifesto de Porto Alegre”. ADITAL, 31.01.2005, disponível em http://www.adital.org.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=15209. A declaração é de Ignacio Ramonet, um dos signatários do Manifesto.

[23]: Emir Sader. “O Porto Alegrismo”. Agência Carta Maior, 30.01.2005, disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3171.

[24]: Manifesto de Porto Alegre, disponível em http://infoalternativa.org/altermundismo/alter014.htm.

[25]: Idem.

[26]: “(…) mesmo no Fórum de 2005 a opção de Fórum-espaço não ficou sem contestação. A cultura política das pirâmides de poder, das disciplinas militantes, e mesmo de ‘pensamentos únicos’ antagônicos ao de Davos, investe permanentemente contra essa opção apresentada na sua Carta de Princípios. Tal pode ser a explicação, por exemplo, neste Fórum de 2005, do ‘Manifesto de Porto Alegre’, cujos autores afirmaram que não estavam pretendendo apresentar um documento final mas lhe deram esse nome ambíguo”. (Francisco Whitaker. “Fórum Social Mundial de 2005 – avanços e perspectivas”. Disponível em http://www.forumsocialmundial.org.br/dinamic.php?pagina=avalia_whitaker_2005).

[27]: Sékouba Savane. “Charte du futur africain: la feuille de route entre Bamako et Nairobi”. Disponível em http://www.forumsocialmundial.org.br/dinamic.php?pagina=bal_savane_fsm2006f.

[28]: Marco Aurélio Weisshamer. “Outro socialismo é possível? Esquerda debate agenda para o século 21”. Agência Carta Maior, 27.01.2006, disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=9796.

[29]: Verena Glass. “Altos preços praticados no FSM geram descontentamento”. Agência Carta Maior, 22.01.2007, disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13346.

[30]: Segundo Moema Miranda, do Comitê Internacional do FSM, “’no Brasil, em 2005, o preço de inscrição foi bastante baixo, e quebrou fazendo uma dívida milionária. Alguém se perguntou quem pagou por isso? Como vamos fazer então? Só se faz Fórum onde tem governo amigo? A verdade é que o nosso movimento ainda é elitista, temos ainda que radicalizar a solidariedade’” (Bia Barbosa e Verena Glass. “15 mil abrem FSM 2007 em Nairóbi”. Agência Carta Maior, 21.01.2007, disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13340).

[31]: Emir Sader. “Balanço do Fórum e do outro mundo possível”. Agência Carta Maior, 04.02.2009, disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15599.

[32]: Emir Sader. “Presidentes latino-americanos no Fórum Social Mundial”. Agência Carta Maior, 23.01.2009, disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4094.

[33]: Gilberto Maringoni, “Um seminário permanente”. Agência Carta Maior, 30.01.2010, http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4530.

[34]: Fernando Exel, “Fazemos parte do clube do trilhão”. IstoÉ Dinheiro, ano 12, nº 619-A, 19.08.2009, p. 40.

[35]: Giuliana Napolitano e Cristiane Mano, “O Brasil na era dos megabancos”. Exame, ano 42, nº 22, 19.11.2008, p. 23.

[36]: John Prideaux, “Depois de Lula”. Carta Capital, nº 577-A, jan./fev. 2010, p. 77.

[37]: Clarissa Pont, “Convergência Sul-Sul para uma nova economia pós-crise”. Agência Carta Maior, http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16372&alterarHomeAtual=1.

[38]: Clarissa Pont, “’A crise é deles, mas as soluções são nossas’”. Agência Carta Maior, http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16375.

[39]: Gilberto Maringoni. “Precisamos de um Fórum Político Mundial”. Agência Carta Maior, 26.01.2010, disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4524.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here