Na madrugada de sábado para domingo do último final de semana (dia 12, Dia dos Namorados), o jovem morador da comunidade do Pavão-Pavãozinho chamado André, 19 anos, estava indo apressado para uma festa, onde sua namorada, grávida de 8 meses, já o esperava. Ao passar por um bar próximo à escadaria do Sarafim, um homem à paisana que ali se encontrava sacou uma arma e efetuou disparos contra André, atingindo-o no abdômen.
Moradores reconheceram um policial da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) como o autor dos disparos e imediatamente começaram a protestar e exigir que o jovem fosse socorrido. Policiais fardados da UPP então aparecerem e levaram André para o Hospital Miguel Couto, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu no domingo mesmo à tarde.
Moradores do Pavão-Pavãozinho estão muito revoltados com o fato e denunciam que trata-se apenas de um caso mais grave de inúmeros abusos e violências que vêm sendo cometidos pela UPP. Acusam os policiais principalmente de agressividade, desrespeito e perseguição aos jovens da comunidade.
Militantes da Rede irão à tarde no Pavão encontrar-se com familiares de André e testemunhas para colher maiores informações. Também foi contactada por telefone a UPP que nos tratou com desdém e não se mostrou disposta a dar mais informações. Desconhecemos até o momento se os policiais ou moradores fizeram algum registro na delegacia.
Mais informações em nosso telefone, 2210-2906.
Comissão de Comunicação da Rede contra a Violência
Particularmente fico atenta para notícias como essas, pois vejo com os olhos bem aberto as atitudes do estado em retomar o “monopolio da violencia” como o uso das estrategias das UPP no RJ ou as Bases Comunitarias em Salvador/BA.
Apesar do Estado por meio da força policial ainda deter a maior parte desse “monopolio”, tem surgido nas cidades como Rj e SP uma outra força pararela que vem disputando o espaço desse “monopolio da violencia”¹.
Essa força pararela tem sido referencia e ganhado força nos ultimos anos sem qualquer controle do Estado. Com a implantação dessas UPP e/ou Bases Comunitarias enxergo como uma forma do Estado tentar retomar o “monopolio” nesses espaços que perdeu. Todavia me questiono muito sobre o carater desses programas. Afinal, qual a ética que eles levam? O que a população sai ganhando? Sera que atingem os determinantes sociais dessa situação?
Enfim, são apenas pequenas reflexões sobre uma das facetas da violencia no país. Ainda saliento que questões nesse ambito [violencia] me mobilizam e me fazem refletir, ao ponto de buscar de alguma forma² contribuir para a transformação dessa realidade.
¹Basta ler Gabriel Feltran, Karina Bioende e/ou Adauto Marques em seus estudos sobre Violencia e o PCC. O qual sinalizam o surgimento do PCC e a forma como conseguiram monopolizar a violencia. Essa monopolização pode ser verificada na medida em que ninguem mais tem a “autorização de matar”, mas sim encaminhar a desavença ao “irmão” do PCC (espaço onde se discute as desavenças como se fossem verdadeiros “tribunais” que são intitulados de “debates” e pautados na etica do PCC) para que seja levado a questão para o “bebate”.
² Procuro contribuir estudando formas de prevenção da violencia no intuito de subsidiar intervenções nesse ambito.